Talvez seja ridículo dizer assim, porque se costuma dizer isso dos filhos, mas uma das melhores coisas que o Moço me deu foi este sobrinho do meu coração. E tenho a certeza que o sobrinho também aprova a escolha que o tio fez, pelos abraços que me empresta e por me fazer prometer sempre que me vou embora que "amanhã outra vez, 'tá bem?".
E agora que, cada vez mais, tenho de dizer que ele é uma criança e não um bebé, com três aninhos acabados de fazer, agora que me mudei para longe e o vejo menos vezes, bate um medo irracional e penso muitas vezes numa coisa muito simples: e se ele nunca mais adormece ao meu colo?
Sim, está bem, também havia sete anões, mas desta vez as minha atenções estavam mais viradas para o sobrinho, que levei ontem a ver a peça Branca de Neve e os Sete Anões da (nossa favorita) Byfurcação.
Achei que, tendo em conta que o miúdo ainda nem tem dois anos, talvez não fosse ver a peça até ao fim desta vez, com ele a fartar-se de estar sentado no mesmo sítio. Está naquela idade em que não pára quieto pelo tempo de um piscar de olhos e trepa tudo o que vê (já o imaginava a subir as escadas do palco). Engano meu. Esteve tão concentrado o tempo todo, que mal respondia quando falávamos para ele. Só reagia quando perguntávamos "onde está a princesa?" e o gaiato apontava todo contente. E de quando em vez olhava para trás, expectante, porque já sabia que daquela porta de vez em quando saltava uma personagem nova.
Não falha: a música, a expressividade das personagens, as cores, tudo (n)os mantém presos até ao fim. As crianças vivem o conto de fadas, os adultos gozam os momentos só seus - como as piadas de improviso com o Pokémon Go e outras situações que os mais pequenos não entendem (para já, felizmente). A minha personagem favorita desta vez foi o príncipe espanhol, montado no seu cavalo, mas a do pequeno foi a princesa - tão novo e já tão esperto. A anã também era uma graça - sim, um dos sete anões (que eram fantoches) era uma miúda cheia de swag, mais adepta do "eu vou, eu vou...tirar uma selfie para o Instagram" que da versão original para ir trabalhar.
Deixo-vos informações abaixo sobre a peça, que continua em cena, e para saberem mais juntem-se ao Facebook da Byfurcação - eles já têm mais peças na calha, para miúdos e graúdos (ai, o Romeu e Julieta!) , e muitas vezes fazem promoções através desta canal (como bilhetes 2 por 1). Fiquem atentos!
BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES | Sala Polivalente do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (antigo Hospital Júlio de Matos) | Todos os sábados às 11h00 e domingos às 16h00 | ESTACIONAMENTO GRATUITO | reservas@byfurcacao.pt ou 93 810 96 44
Spoiler alert:Este post contém reflexões sérias, publicidade descarada e uma boa dose de mimalhice.
O meu sobrinho emprestado (que na verdade é sobrinho do Moço) é viciadão no tablet. Não tem ainda dois anos e navega pelo Youtube (go Panda) e pelos seus jogos favoritos como um ás. Isto tem uma componente muito gira de o ver tão desenrascado e outra muito feia de uma criança tão pequena já estar tão agarrada à tecnologia. Ele também gosta de folhear livros (às vezes fica mesmo com as folhas na mão) e brincar com legos e pescar peixinhos com íman e tocar no xilofone e toda uma panóplia de coisas que não envolvem estar agarrado ao ecrã, atenção. Mas na hora da birra é o tablet que o sossega. Eu sinto-me muito dividida com isto (ele devia ou não mexer no tablet? O tablet devia ou não ser arma de chantagem e objeto de recompensa ou castigo?) mas não me atrevo a julgar, que não sou mãe - e os pais em geral já têm demasiada gente a julgá-los. Não se coíbam, no entanto, de deixar a vossa opinadela em baixo.
Mas se há coisa que me faz doer o coração é o pimpolho usar um tablet que na verdade é o iPad do pai. Ora eu não uso iCoisas mas sei o que elas custam e só de o ver a pegar no bicho, com as suas mãozinhas gingonas antevejo logo mil desgraças. Já para não falar das asneiras que ele faz a denunciar vídeos sem querer ou a clicar para comprar jogos da Apple Store (nunca compra, porque tem de pôr o pin, mas dêem-lhe mais um bocadinho a ver se ele não o aprende também).
E depois há a coisa que me faz derreter o coração que é ele chamar a tia (eu! eu!) para se sentar ao pé dele a ver os vídeos (já sou pró em músicas do Panda, da Xana Toc Toc, Heidi, Abelha Maia, até Sónia Araújo, só não nos chegamos ao Avô Cantigas que o pequeno tem medo!) ou pedir-me para o ajudar nos jogos de puzzles de animais.
Por isso não resisti, assim que o vi no shopping Odisseias, a mandar vir cá para casa este tablet especial para crianças para depois oferecer ao catraio. Tem na mesma ligação à net, tem uma série de aplicações já pensadas para a pequenada, tem Youtube (e Youtube Kids, já com vídeos selecionados para a criançada), tem uma capa de silicone boa para agarrarem (e mandarem ao chão) e o Kidoz que é um software pensado para os mais novos. Confesso que o que me venceu foi a ideia de mimar o miúdo mais giro do planeta Terra, que fica de beicinho quando os tios têm de ir embora, mas também fico mais descansada se souber que ele pode mexer nos vídeos e nos jogos que gosta sem pôr em risco um "brinquedo" tão caro como um iPad.
E agora? Fiz bem ou estou a alimentar ainda mais um vício que devia ser travado? E a minha sogra, avó do gaiato? Vai ficar contente pelo neto ou vai-me rogar pragas por ter sido eu a mimá-lo desta maneira?
Pr'ó diabo com as questões: estou é ansiosa por lho dar e ser a pessoa favorita dele.
Disclaimer:Nenhum animal (de peluche) foi magoado no decorrer da composição deste post. Uma nota de agradecimento ao Gerevásio por ter servido de show girl para mostrar o tablet às pessoas. O post não foi escrito em parceria com ninguém, porque eu sei escrever sozinha.