Admiro pessoas que fazem o que eu não sou capaz de fazer. Não digo coisas como dominar malabarismo, cozinhar soufflés, construir um motor de um automóvel, ou...assobiar. Também não sou capaz dessas. Digo pessoas capazes de sonhar. E de pegarem nesses sonhos e fazerem como diz naquele ditado japonês: quando rezares, mexe os pés.
A Alexandra, que para mim é a Fatia Mor, sonhou e mexeu os pés. Apaixonou-se por fotografia, mais ou menos como eu sou apaixonada pelas palavras. Sonhou que havia de ser mais que um passatempo e mexeu os pés. A Alexandra aconteceu, quando aconteceu o sonho dela. Eu que não tenho coragem, disciplina, energia para isso, admiro-a tremendamente.
Ela chama ao seu projeto Serendipity Photography, que se define como um acaso feliz. Mas isto não foi acaso: foi tudo ela. Um motivo mais para ela se orgulhar e à sua família linda que nos arranca gargalhadas a cada episódio descrito (já disse que é mãe de três?!). Por isso hoje, por nenhuma razão em especial, apeteceu-me dizer a quem quer que ainda não a conheça: que a vá conhecer.
No blog, no qual aliás podem votar na categoria Família para os Sapos do Ano (e de viagem, votem no meu, para Generalista).
No Facebook do projeto Serendipity, onde podem marcar as vossas sessões.
No Instagram da @fatia_mor, onde algumas imagens captadas pela sua objectiva também são publicadas.
E, já agora, maltinha de sotaque alentejano...considerem isto:
Não vos dou é nenhum código de desconto para as sessões. Primeiro, porque não combinei este post com ela. Depois porque amigo que é amigo (mesmo que seja dos blogs), recomenda que paguem tudo e ainda dêem gorjeta. Mas digam que vão daqui e tenho a certeza que vão ser recebidos com sorrisos iguais aos que ela capta nas fotografias.
Sempre usei a imaginação como um entretenimento próprio. Ao deitar-me imaginava os sonhos que queria ter. Forçava-os à minha (in)consciência. E nesses sonhos cumpria os meus desejos. Aconteciam todas as coisas que eu esperava que acontecessem no dia seguinte, na semana seguinte, no ano seguinte. Como no guião de um mau filme, tudo batia certo e qualquer adversidade era prontamente resolvida, só existindo para tornar mais saborosa a conquista.
Hoje em dia deito a cabeça na almofada e não encontro com o que sonhar. Não que tenha chegado ao auge da felicidade ou que tenha perdido esperança nos feitos por concretizar. Mas não há efetivamente algo de palpável no amanhã que eu queira.
Parece que perdi os sonhos, mas o que aconteceu foi que aprendi a apreciar a realidade e não desejar uma coisa diferente, mesmo quando o presente é uma coisa assustadora, incerta, dispensável, a melhorar. Não resolvo a vida com sonhos.
Bem que em pequena eu sonhava em ser lida nos quatro cantos do mundo. Na altura, não sabia o que era um blog (ou a Internet). Pelos vistos foi um blog que me fez conseguir cumprir um sonho que me parecia tão realista quanto: quero ser astronauta.
[Dados Google Analytics: as esferas azuis indicam os locais de onde visitaram o blog. Quanto maior a esfera, mais visitas fora. Portugal for the win, claro.]
Tenho uma capacidade invejável de sonhar. A dormir, não acordada, que o mundo não gira movido a ilusões.
Numa noite só, sou capaz de: escalar os Himalaias com o meu pai, fugir de uma multidão enraivecida de vampiros romenos com cenas daquelas em que estamos a correr e as pernas parece que travam, estar numa despedida de solteira com amigas onde o stripper - atrevido - beija a futura noiva (na boca!) e eu fico chocada a pensar se aquilo é aceitável e eu é que sou uma puritana, ver o nascimento do bebé de uma amiga após lhe rebentarem as águas no adro da igreja da minha terra (não me perguntem o que ela estava lá a fazer). Isto foi só hoje e é o pouco que me lembro.
Às vezes gostava de fazer aquilo que alguns psicólogos sugerem: uma espécie de "diário de sonhos", onde anoto logo ao acordar as aventuras e desventuras que ainda estão frescas na memória. Depois penso que se alguém lesse aquilo me ia internar e travo o impulso. Isso e porque me dá a preguiça de manhã. Sobretudo a coisa da preguiça.
Passar uns quantos dias (não só um fim de semana) isolada neste moinho.com, da Casa do Foral, com vista panorâmica para a Serra de Aire e Candeeiros. Já lhe pisquei o olho muitas vezes, mas a carteira (100€ por noite é o diabo), o tempo, a falta de internet lá em cima e a proximidade com a minha terra natal sempre me travaram. Mas caramba, gostava mesmo. Babem comigo.
Lembrei-me disto porque vi agora um desconto. Mas não chega...por isso se não tiverem aí campanhas de solidariedade para ajudar, podem sempre criar o movimento "Um Moinho para a Maria". Se cada pessoa que me lê mensalmente der 1€ já posso passar lá 20 minutos inteiros. 'Gradecida.
Queria ter tempo e escrever para o resto da vida. É esse o meu objectivo profissional.
Foi uma jornalista e conhecida blogger que o disse, a Catarina Beato.
Li esta frase e tive um daqueles momento em que uma luz desce sobre nós - não ao género Simara com os espíritos, nem ao género "a EDP tinha-me cortado a luz e agora voltou". Foi mais: porque é que eu nunca disse isto?
A minha vida não pode estar mais longe desta realidade e mais próxima deste desejo. Tenho um emprego nove-às-seis (quando não é nove-às-oito) e a vida organizada. No outro dia o meu chefe falava-me de uma oportunidade de aprendizagem para mim, de forma a que pudesse abrir a minha própria empresa num futuro não tão longíquo. E eu dei por mim a não querer isso. Até me questionei se seria falta de ambição. Mas era só a ambição errada, percebo.
Posso ser uma excelente profissional no que faço, mas o meu sonho nunca foi ser empresária. O meu sonho é o que disse a Catarina na frase com que abri o post: viver das palavras.
Algo que nunca concebi, porque sempre fui racional demais para acreditar que se pudesse viver de algo que nos dê tanto prazer.
Dizem os clichés que o futuro começa hoje. Não penso de forma nenhuma viver de um blog, mas começo por este baby step: escrever para os outros, quando na maioria das vezes escrevo só para mim.
Este é um blog sobre a desconstrução de tudo e mais alguma coisa, com a dose de pragmatismo, sarcasmo e pretensão com que me apetecer temperar cada post. Mesmo quando falo muito a sério.