Aprecio muito que os autocarros da Carris digam FELIZ NATAL
Mas preferia mesmo era ver o destino, para ver se estou a apanhar o autocarro certo.
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Mas preferia mesmo era ver o destino, para ver se estou a apanhar o autocarro certo.
Ainda não andei de Uber.
Nem de Cabify.
Nem de MyTaxi.
(pensando bem no assunto, eu só ando mesmo é a pé, de metro ou de MyMoço).
Convenci-o mesmo com todo o meu discurso ecológico, juntei que era mais económico (apesar de já não ser propriamente barato) do que pagar estacionamento ao pé do Chiado e como machadada final lembrei-o que quando estamos fora nunca se coíbe de andar de transportes públicos, por isso se calhar também devia dar uma oportunidade aos da cidade dele.
Linha pertubada.
Eu sei que devia trincar a língua por dizer isto, que são os transportes públicos que têm que melhorar e os idosos precisam de ter mobilidade na cidade, mas caramba, quem mal se aguenta de pé, também devia saber que não pode tentar a sua sorte na Carris.
Uma senhora de idade entra no autocarro e dirige-se a um lugar vago. Nisto, o motorista arranca (porque não pode esperar até Novembro) e ela quase vai de boca ao chão. Uma mulher solícita (vamos chamar-lhe Zulmira) que ia a passar ouve os gritos estridentes da velhota ("AGARRE-ME QUE EU VOU PARTIR O BRAÇOOO, AI, AI, AI, AI") segurou-a e ajudou-a a sentar-se no banco, direitinha e bem segura. Não saiu de perto dela enquanto não estava instalada.
A senhora sentou-se e começou num pranto. Ai que já ia partindo o braço outra vez. E que o motorista era um animal. Que nunca ninguém a ia calar. E que foi Deus que a salvou. Foi Deus, foi Deus, chorava ela em lágrimas secas tão fiteiras que eu sentia a fita a dois metros que estava dela. Um grito pela atenção que precisa, juro que percebo, mas quanto mais ela falava e disparava em todas as direções, mais eu perdia a pena. Foi Deus, Deus não me abandona, continuava ela.
Foi Deus? Ora porra, foi a Zulmira, que eu bem vi.
Só que a senhora, no meio de tanto berro, lágrima de crocodilo e protesto (entretanto já berrava contra os políticos) só se esqueceu de berrar um "obrigada" à Zulmira. Logo uma senhora tão apoquentada com a falta de educação do motorista.
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