Favas Contadas
É Sábado e prepara-se a sopa do costume para o jantar. Desta vez leva feijão verde que se trouxe lá de cima da terra, mais verde, mais aromático, mais tudo.
E é quando o começo a cortar e o feijão verde (não a mostarda) me chega ao nariz que me vem à lembrança o meu avô. A horta junto à fonte onde juntos colhíamos o feijão verde e as favas - pelo menos no tempo que eu não perdia a a esconder-me entre e vegetação ou que não estava inclinada a beber a água da fonte. Para mim era uma brincadeira, não era trabalho. E depois, debulhava para um balde preto as favas com a minha avó (também havia ervilhas, lembro-me agora que escrevo sobre isso). E ela - só ela, que eu era pequenina e desajeitada para mexer nas facas - cortava o feijão verde em tiras finas para a sopa.
E agora por causa de estar a fazer a sopa e me cheirar à verdura cortada da minha infância tenho este quente-e-frio no coração. Vou ligar à minha avó e perguntar se ela também se lembra disto. Claro que lembra. Que felizes que fomos com o meu avô.