Para os mais distraídos, estive 3 dias em Sevilha com mi hermana no final de Agosto. E posso estar influenciada pelo calor que lá apanhei (VS um Verão parolo em Portugal) mas já visitei várias cidades em Espanha (incluindo Madrid e Barcelona) e creio que esta passou a ser a minha favorita, com distinção. Eis o que vos recomendo que façam, vejam ou comam, para aproveitarem bem a cidade, mesmo que em pouco tempo:
1. Vão às Tapas no Espacio Eslava.
Foram as melhores e mais baratas que comemos, com simpatia no atendimento, pratos clássicos e originais (incluindo um charuto premiado...) e um gelado de torrão para recordar para a vida, quando achei que já não conseguia dar mais uma garfada em nada. 22€ para duas pessoas a abarrotar no final.
2. Passeiem muito a pé pela cidade.
O que é mais bonito em toda a cidade é de borla: passear e ver as ruas. Andámos muito a pé e é isso que aconselho que façam. Desde a bonita zona do rio do Mercado del Barranco à zona da Plaza de Espana - e jardim adjacente - a todo o centro histórico, incluindo à volta da catedral.
3. Se querem pagar para ir a algum sítio: que seja o Real Alcazar.
Também pagámos para entrar na catedral e ver a vista da torre Giralda. Mas se tivesse de ter escolhido um sítio a pagar teria sido o magnífico Real Alcazar. Eu sabia que queria ir para ver onde foram gravadas algumas cenas de Game of Thrones. Mas depois descobri que havia muito para além disso. Comprem online as entradas com antecedência para garantir (é preciso indicar dia e hora) e saibam que o audioguia é interessante, mas é tão mastodonte que a meio da visita fartei-me de o agarrar.
4. Passem um dia (ou uma tarde) na Isla Mágica
É um parque de diversões pequeno e bonitinho, com apenas uma diversão que considero realmente de alta intensidade (o Jaguar), mas várias de intensidade média (daquelas que chega para fazer cócegas na parede interna do estômago) e de te deixar encharcado ao máximo. Andámos 3 vezes na Anaconda (a favorita), vimos vários shows e ainda demos uma perninha no parque aquático, só porque estava incluído no bilhete (comprámos online antecipadamente e tinha essa promoção). Pelo que percebi, há uma entrada mais barata a partir das 17h e apesar de encher mais o parque a essa hora, talvez chegue se não foram os maiores fãs de parques de diversões.
5. Fiquem num hotel com piscina.
O Itaca Sevilla foi um achado: central (perto do Metrosol Parasol), lindo, e com uma mini-piscina ótima no terraço. Ao início desiludiu-me o facto de as janelas darem todas para o páteo interior (que até era muito bonito, diga-se), mas o quarto era tão jeitoso, espaçoso, fresco que pela hora do pequeno-almoço (também muito compostinho, incluindo café Nespresso) já eu tinha perdoado tudo.
Para quem queira mais detalhes estão todos no Instagram @mariadaspalavras, no destaque Sevilha e na descrição das fotos de lá. E aproveitem para seguir, porque é lá que vou partilhar ao vivo a viagem aos Açores que já se aproxima a passos largos...tic tac, tic tac...
Vale a pena fazer uma escapadinha europeia à Bélgica? Sim. Conseguem encontrar voos baratos e é um país como muito para ver (e comer), além da capital. Eis a nossa viagem de Março. Dito assim parece que é uma por mês - quem me dera...
Fomos pela Ryanair (do Porto) numa quinta de manhã e regressámos na madrugada de Domingo para Segunda - voo às seis da manhã (os voos ficaram a 110€ por pessoa). Não se esqueçam que agora nas low cost têm mesmo de acrescentar mala. Há dois aeroportos possíveis para onde podem ir para Bruxelas, sendo que o de Zaventem fica mesmo em Bruxelas e o de Charleroi fica a pouco menos de uma hora. Nós fomos para um, voltámos de outro. Alugámos carro que levantámos em Zaventem à chegada e deixámos em Charleroi na partida. Foi pouco mais de €100 o aluguer e o gasóleo lá é mais barato (além de que não se pagam portagens) pelo que voltaríamos a fazer o mesmo, usufruindo da liberdade que o carro nos deu.
Ficámos em casa de amigos, o que foi duplamente bom (matar saudades de quem gostamos e poupar uns trocos em alojamentos), mas não me permite dizer muito sobre opções de alojamento (safem-se entre o Booking.com e o AirBNB, se não tiverem a app MyFriendsLiveThere).
Dia 1: Chegámos por volta da hora de almoço e seguimos para Dinant. A cidade é linda, pequena e fiquei particularmente orgulhosa de a ter acrescentado ao nosso roteiro, pois não é muito mencionada pelas pessoas ou guias online. Fica uma hora para sul de Bruxelas. Conseguimos estacionar gratuitamente e passear a pé (a cidade é pequena). Verão muitos saxofones, visto que é a terra de Adolph Sax e espero que tenham mais sorte do que nós a encontrar o de Portugal (há vários a representar países). Há mais atividades (grutas, passeios ao ar livre, castelos), mas o que não devem perder é a vista do rio para a Igreja Colegialle de Notre Dame (não a do Quasimodo), a ponte dos Saxofones e a vista da Citadela (um forte que fica em cima da cidade e que pode ser acedido a pé, de carro ou teleférico). Há um biscoito típico de Dinant que podem comprar se quiserem testar a força do vosso esmalte (impossível trincar).
Dia 2: Na Sexta, aniversário do Moço, fomos cedo e tranquilos até Bruges. Fica a uma hora e vinte de bruxelas. Se forem de carro, estacionem no parque coberto junto à estação (Chantrellstraat 4262, 8000 Brugge, Bélgica, da Interparking) - paga-se, mas diz quem sabe que é a melhor opção. O centro da cidade vai encantar desde o primeiro momento. Passeiem muito incluindo a Grote Markt (= praça central) e a rua "das fotos" Rozenhoedkaai, sintam o aroma a waffles nas ruas, façam o passeio de barco pelos canais, vejam os doces a serem feitos na Zucchero e o chocolate artesanal na Pralinette. Vão tropeçar em lojas de chocolates a cada dez segundos. Sejam fortes. Ou não. Podem ainda procurar os moinhos de Bruges, o museu do Tintim (que no fundo é uma loja) ou a cervejaria De Halve Maan onde podem entrar para ver o processo de fabrico, beber uma 'jola e ver a cidade do topo (não o fizemos, mas li sobre isso). Almoçámos na La Bruschetta. Pelo nome podem perceber que não é comida típica, mas foi uma dica para comer bem, sem arruinar a carteira, num sítio onde é tudo puxadote.
Da parte da tarde visitamos Ghent, que fica precismente a meio do caminho entre Bruges e Bruxelas. Vi-a com uma espécie de Bruges mais urbanizada. Mais uma vez larguem o carro e ponham-se a passear. Notem que o parquímetro pode não dar papel se puserem a matrícula. Desçam a KorenMarkt, vejam o trio Catedral/Campanário/Stadshal , depois passem a ponte St Michael e subam pelas margens Korenlei ou Graslei. Ou vice-versa. Mantenham sempre os olhos abertos para as paredes com graffiti, uma das imagens de marca desta cidade. Aliás, a Graffiti Street ia ser o meu ponto favorito da cidade. Mas depois fomos ao De Frietketel provar as melhores batatas fritas do mundo (e ainda por cima baratas), antes de voltarmos a Bruxelas, e a minha perspetiva sobre a vida mudou. O De Frietketel não fica perto do centro, mas valeu o desvio.
Ah, Junho. Quando marcar qualquer coisa com alguém se torna uma missão impossível, porque além das dificuldades normais, dos fins-de-semana que começam a ser ponto de paragem quase obrigatória em batizados, casamentos e chás de bebé (acrescento eu, nesta altura da vida: e festas de 30º aniversário), surge o fenómento: vou estar de férias. Parece, dizem estudos nomeadamente alguns, que a maior parte dos portugueses planeia as férias em Abril e Maio (coisa para me dar um AVCzinho por ser com tão pouca antecedência). Mas o que é isso de planear uma viagem? Para mim, são estes os passos obrigatórios:
Passo nº 1 Existir: para mim existir é querer viajar. Se existem, parabéns! Estão prontos para começar a planear a vossa viagem e habilitados a passar ao segundo passo.
Passo nº2 Listar os sítios onde sempre sonhámos ir e aqueles onde nunca nos importámos de ir. Vale tudo desde a viagem mais maluca que faremos se nos calhar a sorte grande, ao país que está na lista de desejos mais realistas há 200 anos (mesmo que só tenhamos 30), ao recanto mágico do nosso país do qual ouvimos falar tantas vezes e onde nunca fomos, até voltar à casa daquela tia que tem uma criação de coelhos em Azeitão e nos fazia bolo de laranja em pequenos. Nem sequer estou a brincar com a última. Durante muitos anos, na minha infância, férias eram mito para os meus pais. Eu pegava nos meus tarecos e ia passar uma semana a casa dos meus avós. Que moravam no andar de cima. Ora, o importante é respirar um oxigénio diferente por uns dias.
Passo nº3
Fazer um orçamento realista de quanto se pode gastar e, assim, escolher o destino de entre todos os listados, bem como o tipo de férias de que falamos, consoante o nosso grau de tolerância e disponibilidade financeira, que podem ir de campismo a hotel de luxo, passando pelos apartamentozinhos, normalmente muito em conta para grupos.
Passo nº4
Escolher as datas: conciliar trabalho, compromissos, destinos (época alta e época de monçoes a evitar). Deve guardar-se uma margem antes da decisão final das datas para poder brincar com os preços dos voos e hotéis. O melhor é marcar com alguns meses de antecedência ou, se o vosso coraçãozinho aguentar, aproveitar as last minute calls nas agências, voos, estadias. Daqui a uns dias já vos digo os sites todos que uso para marcar (ou sonhar com) as minhas viagem e que ajudam muito a orientar e conter o orçamento nesta fase. .
Passo nº5
Passo final antes de reservar em definitivo a estadia e definir a duração da vagem: o que queremos absolutamente visitar naquele sítio? Há sempre espaço para a surpresa e para explorar ao sabor do vento (ou deve haver) mas certamente que não querem perder o ponto A ou B por serem famosos (a Torre de Pisa?), por terem tudo a ver com vocês (um templo budista?) ou porque um amigo o descobriu há uns tempos e ficou-vos na memória (uma cascata escondida?). Certifiquem-se que as estadias são perto desses sítios ou que os transportes ajudam facilmente a chegar lá e que têm dias suficientes para tudo o que não vos passa pela cabeça deixar de fora, sem andar também à pressa.
Se não leram as quatro partes que antecederam esta crónica nº5 cliquem aqui para verem todas de enfiada. Caso tenham lido...prossigam. E se já estão fartos disto não temam, porque já é mesmo o último post sobre o assunto.
Estava a contar-vos que comemos no El Brillante, a propósito de uma recomendação que eu tinha lido online. Como estávamos com muito tempo livre e já sabíamos que o museu que mais gostaríamos de ver era o Museu Rainha Sofia (com obras de Picasso, Miró, Dali) fomo-nos pôr na fila para o museu, que era mesma nas traseiras do tasco onde tínhamos acabado de manjar. Mas a pêga da fila não andava. Aproximei-me da entrada para ver e percebi: faltam cinco minutos para a uma e meia. E o que acontece à uma e meia de Domingo? A entrada é livre! Já tinha lido que as entradas eram livres ao fim do dia no Prado, mas nada sobre o Rainha Sofia. E é nesta alturas que quase acredito que há um ser superior a olhar por nós.
Foi muito porreiro porque fomos logo ver a Guernica do Picasso (enorme!) e os outros autores e exposições que nos interessavam sem termos o peso na consciência de ter pago um bilhete sem explorar todo o museu! Não tirámos muitas fotos, mas eram permitidas, desde que sem flash e excluindo a mais famosa.
Não deixem de visitar a parte 1, 2 e 3 desta crónica (todas de enfiada nesta página) - ou se já viram prossigam com a leitura, por favor. Ia eu a dizer que tínhamos ficado no Hotel Ibis Budget Madrid Las Ventas, logo ao pé da estação do metro de La Carmen. Quartinho simples e moderno, a dar para o gasto e pequeno almoço a 4,5€ (afinal não estava incluído). A zona é a mais feia de todas onde passámos, mas ainda assim a cinco minutos a pé de um dos sítios que queríamos ver ao vivo - a Praça de Touros. E se pensam que há discórdia por causa de se ser contra ou a favor das touradas, é porque ainda não sabem a história desta foto.
Quis que o Moço me tirasse uma foto exatamente assim como esta que lhe tirei a ele. Depois de dez minutos ao vento e muitas indicações "chega-te para cá...mais...mais..." só havia fotos que não apanhavam o edifício ou apanhavam só com o crutinho da minha cabeça a aparecer. "Não é fácil tirar como queres, se consegues melhor, faz tu". Peguei na máquina, tirei-lhe esta foto em 2 segundos. E o fotógrafo (amador) é ele...
Mas adiante. Começamos a manhã no Parque do Bom Retiro, chamado simplesmente de El Retiro, que tinha sido um dos spots mais aconselhados para passear e de facto valeu a pena. Não é que o Palácio de Cristal, o lago principal, a estátua do Anjo Caído não sejam dignos de nota, mas o verdadeiro destaque vai para a vida que o parque tem num Domingo de manhã. As pessoas passeiam em família, correm, andam de bicicletas, decorrem aulas de patinagem em linha, há grupos de pessoas a fazerem yoga, enfim...Por um lado dá vontade de fazer o mesmo, aproveitando os espaços verdes da nossa cidade, por outro lado, só pensava: "mas esta gente é doida? com esta ventania [no parque o vento não se fazia sentir, é certo] saem de casa e vêm para aqui mexer-se em vez de ficarem debaixo de uma manta a ler e a tomar um pequeno almoço tardio e preguiçoso?". Este tipo de pensamento é um dos motivos pelos quais sei que serei obesa assim que o meu metabolismo perceber que já tenho 30 e começar a dar de si. Vejam lá todas as fotos do Parque, clicando na setinha.
A seguir fomos à estação de Atocha, que também puderam espreitar aí no segundo carrosel de fotos. Gostei muito. O edifício principal é imponente e tem um jardim botânico no meio com tartarugas ninja. Parámos para beber um café só porque estava mais frio que no dia anterior (onde tinhamos andado numa roda viva de tira-o-casaco veste-o-casaco) e queriamos aquecer-nos. Percebemos que se estava a aproximar a hora de almoço e, coincidentemente, estávamos próximos de um sítio que levávamos marcado: o café El Brillante. E, em verdade vos digo: nunca lá teria entrado (ou entrava e saía) se não tivesse lido as recomendações. Tem ar de tasca, as pessoas comem ao balcão e o atendimento não é a coisa mais fofa do mundo. Mas comemos a especialidade da casa - os calamares - e uma deliciosa paella e não nos arrependemos.
A seguir o nosso maior golpe de sorte. Logo vos conto, no último capítulo da saga.
Se já leram a Parte 1 e a Parte 2 do relato do fim-de-semana em Madrid já sabem que arrancámos de Lisboa para a Praça de Espanha e acabámos a ver um jogo no Santiago Barnabéu, tudo antes das quatro da tarde. Lá dissemos adeus ao Cristiano Ronaldo (a foto acima foi o Moço que tirou) e, para evitar ficar horas em filas para o metro (não há bilhetes de ida e volta e o diário não compensava para as viagens que precisávamos, por isso...), passeámos até às estações de metro mais adiante.
Encontrámos a chamada Porta da Europa, que são duas torres inclinadas (as Torres KIO, na Plaza de Castilla) ou, como as batizei, as Torres de Pisa lá do sítio. Se bem que aquilo ainda tem uma inclinação de 15º (a torre de Pisa é uma menina ao pé das torres, com uns 4º arredondados) e foram construídas a propósito da nomeação de Madrid como Capital Europeia da Cultura em 1992, se o Google não me falha. O obelisco (desatrosamente cortado na foto), colocado mais recentemente, é obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava.
A seguir voltámos à Praça de Espanha, onde tínhamos iniciado a nossa jornada, desta vez para seguir pela Gran Vía. Tem teatros, lojas, muitos sítios para comer. Foi aqui que parámos para "picar" no Museo del Jámon (um dos, porque estão espalhados pela cidade), que já nos tinham aconselhado. No fundo aquilo é a nossa Portugália, mas com presunto, queijo e paella em vez de bifes. Comemos presunto de 3 qualidades, queijo curado e gambas al ajillo para termos forças para seguir viagem. Enquanto "tapeávamos" ainda vimos uma noiva e percebemos que estava a haver boda no "Museu do Presunto". Ele há coisas... Fotos não tenho. Primeiro porque a fome era negra e nem me lembrei disso, depois porque era eu que envergava a máquina do Moço ao logo da Gran Vía e não mexi nas definições da bichinha, pelo que ficou tudo uma escuridão só. Mas posso mostrar-vos a cara que o António, comentador da parte 2 destas crónicas fez, quando percebeu que tínhamos ido ao Museo del Jamón bater mais um ponto turístico em vez de termos experiências super originais em Madrid como parkour no cemitério ou jantar restos de cozido madrileno com os sem abrigo à volta de uma lata a arder:
A seguir, descemos para a Puerta del Sol. A que não achei gracinha nenhuma. Talvez porque estava cheia de turistas (mais recheada de gente do que o estádio onde tínhamos acabado de estar), talvez porque ainda não estava suficientemente escuro para estar iluminada, talvez porque face ao resto não me tenha impressionado, pronto. O afamado Kilómetro Zero, de onde partem todas as estradas de Espanha está marcado no chão, mesmo em frente ao edifício principal, mas está sobretudo marcado por dezenas de pessoas em tufos a querer tirar uma foto com o pé lá. O que eu queria mesmo encontrar era o urso, o que serve de símbolo à cidade. E depois de navegar por marés de turistas até ao fundo da Praça (no lado oposto ao km 0) lá vimos o urso a agarrar...o bróculo!
O dia não terminou sem passarmos à Praça Cibeles, onde o Real Madrid festeja as suas maiores conquistas (é a foto com a fonte dos cavalinhos, que podem ver no carrosel acima) e a Puerta de Alcalá, na Praça da Independência. Aqui estamos mesmo à porta do Parque do Buen Retiro, mas nesta altura já escurecia e eu estava genuinamente cansada. Não tanto dos pés e pernas (apesar de ter abusado de ambos) mas mais por ter acordado à cinco da manhã e desde aí não ter parado. Por isso e porque eu e o Moço não fazíamos questão de conhecer a noite madrilena (já que tantas vezes evitamos a Lisboeta) saltámos o serão aconselhado nos bairros de La Latina ou na zona de Malasaña e fomos dormir ao Ibis Budget Las ventas, onde eu passei dez horas santas na cama.
Por esta altura já tínhamos aprendido algumas coisas importantes acerca da cidade:
Não há supermercados (à vista) no centro da cidade.
Os semáforos piam.
Os espanhóis (em Madrid em particular) estão um bocadinho à nossa frente na questão da igualdade porque vemos vários casais do mesmo género de mãos dadas (aliás têm a Chueca, o bairro gay, para comprovar, onde passámos depois).
Se já leram a primeira parte do meu relato e ainda não adormeceram de aborrecimento, aqui está continuação.
Pois quando saímos do Mercado de San Miguel estavamos de bucho cheio. Não aguentava nem mais uma dentada de fosse o que fosse. Até reparar que estávamos pertíssimo de um marco que me tinha sido recomendado por várias pessoas: a Chocolatería SanGinés onde se comem (supostamente) os melhores churros com chocolate de Madrid. Como estou de costas na foto, não conseguem ver o meu ar guloso, mas o ar triste do senhor que vai a passar só pode ser porque , ele sim, estava cheio de mais para comer um churro. Eu arranjei espaço, como se vê pela minha garra afinfadora de churros à direita. O chocolate não era o meu favorito (preferia se fosse Nutella aquecida ou chocolate branco, como vi depois noutro sítio). Ainda assim para quem estava cheia comi a maior parte, com a ajuda do Moço, claro.
Foi aqui, sentada numa mesa da agradável esplanada que disse ao Moço que provavelmente a seguir devíamos ir ver o Santiago Barnabéu. E ele:
- Ao estádio, agora? Daqui a nada é o jogo lá, deve estar uma confusão! ...
...
...
- Espera...compraste bilhetes?!?!
Foi mais ou menos assim que o Moço reagiu à surpresa. É que nós já tínhamos visto que o jogo era numa altura ideal, mas os bilhetes a preço aceitável (e mesmo os caros) estavam praticamente esgotados quando pesquisámos e só havia um lugar em Paris e outro em Jerusalém. Mas, não satisfeita com isso, voltei a ver de véspera e descobri que havia mais lugares vagos, por causa de sócios que têm lugar reservado e não compraram bilhete para o jogo. Os bilhetes estavam disponíveis a partir de 30€ para esse jogo (Real Madrid VS Eibar) e podem comprar-se no site do Real Madrid e serem acedidos no telemóvel numa app chamada PassWallet (ou impressos, claro).
Antes de irmos para o estádio ainda passámos à Plaza Mayor que é mesmo ao lado do Mercado de San Miguel (já vos disse que em Madrid é tudo a um passinho?) onde comecei a ver os dois fenómenos pedincheiros mais frequentes da cidade: gente mascarada de personagens da Disney e afins - a sério, vi Minnies, porcas Peppas e o diabo a quatro, e homens-estátua de versão evoluída em posições em que o homem fica de lado suspenso no ar (que é como quem diz, que dá ainda menos trabalho que os homens-estátua comuns que têm de estar em pé e não deitados num suporte rígido). Vejam a galeria de fotos da Plaza Mayor e da zona da Ópera onde apanhámos o metro a seguir para ir para o estádio.
Viram os noivos que apanhámos na varanda do edifício mais bonito e emblemático da Plaza Mayor, a Casa de La Panadería? Fiquem a saber que este edifício foi comprado pelo grupo Pestana, que é português. E que este não foi o sítio mais estranho onde vimos noivos. A estátua, também da Plaza Mayor, é de D.Filipe III de Espanha, II em Portugal - apesar de eu ter tapado a cara dele com a do cavalo. Foi um dos sacanas da nossa dinastia Filipina , depois do desaparecimento do S.Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir (que ainda hoje está por aparecer aí numa noite nublada). Embora tanto quanto sei ele e o pai até foram fixes para nós, enquanto geriram em conjunto Portugal e Espanha, o filho dele é que nos deixou tão descontentadinhos que tivemos de fazer nascer o feriado do 1 de Dezembro, restaurando a nossa independência. E são 5€ pela aula de história.
No Santiago Barnabéu: Real Madrid VS Eibar
O jogo era fraquinho e isso interessou ZERO a julgar pelo ar de assombro feliz do Moço ao entrar no estádio. Quando muito até foi bom porque conseguimos assistir ao vivo a 4 golos, incluindo um do meu jogador favorito e um do jogador favorito do Moço, que, apesar de eu lhe querer bater por isso, não são a mesma pessoa - o dele é um ex-portista, claro.
Antes disso, que me estou a adiantar: no metro conhecemos um casal de tugas que ia também ver o jogo (ou queria, porque não tinham ainda bilhete). Foi estranho, porque a rapariga falou para mim e eu respondi educada e querida, fizemos meia conversa mas eu não sabia se era suposto a partir daí sermos amigas para a vida ou cada casal podia seguir o seu caminho. Fenómeno curioso este do "porque viemos do mesmo país, podemos falar-nos como se nos conhecessemos". Na dúvida, seguimos o nosso caminho - até porque na confusão da estação do Santiago Barnabéu só se dessemos as mãos é que nos mantinhamos juntos e eu não estava preparada para esse tipo de intimidade.
Ainda antes de entrarmos comprámos um cachecol para marcar a visita, a 10€, nas bancas à volta do estádio, mas que diz que é oficial. Depois fomos todos apalpadinhos e revistados para entrar. De notar que levávamos mochilas conosco com toda a nossa bagagem de fim-de-semana, incluindo a máquina do Moço que é "daquelas grandalhonas" - penso que até é esse o modelo, uma CANON Daquelas Grandalhonas. Eu estava um pouco preocupada com isso, mas parece que deixar garrafas e navalhas de fora é o suficiente.
Ficámos lindamente sentados, mesmo a pé da bandeirola de canto. Tirámos mil fotos, a nós, às bancadas, aos jogadores - 90% ficaram desfocadas. Mas a minha favorita foi esta, do espanholito a estender a mão para o nosso Ronaldo e a gritar "Ronaldo, tu camisetaaaaaaaaa". Partilhei-a logo no meu Instagram porque o abençoado do Real Madrid tem Wifi no estádio!
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Posso dizer com segurança que o pai dos miúdos gritava ainda mais que eles e insistia para que levantassem dois cartazes cor-de-laranja a pedir "camisetas" nos momentos mais oportunos para os craques, tipo a meio de jogadas. Não queria deixar também de mencionar um dos fotógrafos do jogo, daqueles que estão junto ao relvado, que passou o jogo a tirar selfies em vez de registar as jogadas.
Nota muito importante, aprendida por mim da pior maneira possível (não gozem): as casas de banho do estádio não têm papel higiénico nas cabines, só um rolo à entrada do WC. Tipo: nenhum. Tipo: nem sequer há suporte. Posso dizer que foi uma experiência que não contribuiu para melhorar a minha opinião sobre o uso de casas de banho públicas, mas safei-me de forma aceitável, vá. Não, não vou contar. O aviso está feito.
Já estão cansados do relato? É que ainda nem acabei o primeiro dia!
Fui várias vezes a Londres, no passado. Estadias sempre curtas que tinha de aproveitar ao máximo. O regresso das chuvas faz-me lembrar esta cidade cinzenta e multicultural. Digo sempre que não é das minhas cidades favoritas e que não me vejo a morar lá, mas está-me a bater uma saudade, confesso. Assim sendo, lembrei-me de fazer uma boa ação: deixar-vos um guia para uma visita rápida a Londres. A Ryanair está com viagens super baratas (a partir de 19,99€) mas o alojamento é muito caro por isso quanto mais se visitar em menos dias melhor. E a pensar num fim de semana vosso, agora em Novembro ou lá para o início do ano, deixo-vos este guia, considerando que aproveitam a promoção da Ryanair, cheguem a Londres num Sábado às 9h30 e regressem no Domingo pelas 17h30. Querem?
Este é um percurso sem horas em museus (só dois gratuitos e rápidos), sem visitas pagas (não há entrada no Natural History Museum, nem voltinha no London Eye, nem ida ao Madame Tussauds, nem musical caríssimo mas potencialmente de sonho no West End) e que deixa de fora alguns pontos que numa visita mais prolongada conseguirão martelar, como o mercado de estrada de Portobello, em Notting Hill (cenário do filme homónimo). É um percurso rápido (mas para fazer com calma) e em conta, que podem fazer num fim-de-semana e que vos deixa sentir toda a Londres, e, de acordo com a minha experiência (que cruzei com este one-day-guide), bater todos os must-do. Sintam-se à vontade para me corrigir nalgum ponto ou adicionar sugestões.