Três coisas que me assustavam numa era em que não tinha nada mais importante para me preocupar.
1
Cair um raio em cima da minha casa.
Nunca tive medo de trovoada, até porque tinha noção que quando ouvia o barulho forte, já a desgraça de podia ter dado, mas lembro-me que isto era uma coisa que me assustava genericamente, mesmo que não houvesse pingo de chuva. Estamos protegidos? Dava muita importância ao pára-raios que morava no topo da igreja da aldeia e que me tinham explicado que assimilava o sacanita do raio por uma boa extensão de território. Mas quanto? E aquele espetinho seria sificiente se o raio fosse forte?
2
Atender o telefone.
Num tempo em que o identificador de chamadas não existia (pois é crianças, isso aconteceu e não foi assim há tanto tempo - a não ser que me queiram chamar velha e faço logo cara de mau-mau-maria), a pior coisa que me podia acontecer quando estava sozinha em casa era tocar o telefone. Ou, não estando sozinha, que os meus pais me mandassem atender por estarem ocupados (a minha mãe com o jantar, o meu pai com o zapping). Além disso, mesmo que fossem amigas, o telefone não se levava para o quarto e tinha de ficar a falar com toda a gente a ouvir #notcool. No entanto, mesmo com identificador de chamadas e de auscultador portátil a coisa nunca me entrou completamente. Falar com as amigas era mais por carta e tinha mais ou menos o uso que os jornais têm agora: só falavam do dia anterior, mas era mais aprofundado.
3.
Entrar em combustão espontânea.
Não sei onde foi que vi ou li que as pessoas podiam entrar em combustão espontânea. Dar-se ali um fenómeno qualquer, com determinadas condições reunidas e PUFF uma 'ssoa podia desatar a arder e finar-se, derretida. Na altura não havia Google e não sei se isso seria bom ou mau. Não pude ler mais sobre o assunto, então fiquei com a ideia que podia acontecer e nem podia ver o que fazer para evitar. Logo eu que nunca fui amiga de beber 1,5lt de água por dia e certamente isso me enquadrava no grupo de risco. Tolices de uma criança que via demasiados filmes e episódios de X-Files. No entanto, agora que escrevo este post na era do Google, também vou escolher nem ir ver se é verdade ou mito.