Você (não) decide
Quem já viu aqueles magníficos vídeos de Youtubers em que durante um dia, os seguidores votam no Instagram para decidir o seu dia? Entusiasmante, certo?! Não.
Há uns tempos li uma sugestão que me pareceu bastante pertinente acerca de amenizar birras infantis. Dar escolha à criança, condicionando essa escolha. Por exemplo, querem que a cria se sente na cadeira "da papa". A escolha parece ser sentar ou não sentar e a criança 98% das vezes não se quer sentar. A partir do momento que ela compreende, pode apresentar-se outro tipo de opção: queres sentar-te com a tua boneca na mão ou preferes o carrinho? E queres o arroz com o garfo ou a colher? A criança entretém-se a pensar na decisão que lhe cabe e nem repara (tem dias!) que não se sentar ou não comer o arroz não é uma escolha.
Sinto que sou a criança na cadeira da papa sempre que me deparo com esses vídeos ou sondagens de "controla o meu dia" (que, atenção, só vejo, se quiser, porque de facto sigo as Youtubers com gosto). Visto este vestido que gosto muito ou aquele vestido que gosto muito? Corto o cabelo ou não corto o cabelo? (o que significa fico igual, ou fico igual com menos um centímetro de pontas?)
Claro que não têm de nos dar o poder de lhes pintar o cabelo de roxo ou tatuar "amor de mãe" na virilha, mas caramba, gostava por uma vez de escolher realmente, se a proposta é decidirmos qualquer coisa. Em vez papas de aveia ou crepioca para o pequeno-almoço, iam ver se não acabam a comer francesinha às 8h para abrir a pestana (#tudonapaz).
E daí talvez seja só a minha veia controladora a querer atingir novos limites. Ignorem-me, sim?