Já leram o meu sonho? Pois a intepretação era óbvia: estou destinada a grandes feitos, riquezas infindáveis e no próximo Verão já serei uma daquelas bloggers a quem marcas de quem nunca ninguém ouviu falar oferece biquinis que de repente se vêem em todos os corpos da praia.
Mas foi assim que ela leu?! Não. Fez uma interpretação rebuscada. que falha ao olho atento do comum cidadão. Chegou ao ponto de - a atrevida - pôr em risco a minha relação com o Moço. sugerindo que o meu sonho delatava o desejo por sapatos. Como se ele tolerasse mais sapatos lá por casa, sem que eu tenha de doar uns à troca.
Então fui, às escondidas do Moço, passear-me por todas as lojas onde as bloggers deviam comprar sapatos. Basicamente é a Zillian. Qualquer outra marca de sapatos dá direito a despromoção. Olhei para a montra, olhei para a carteira. O problema era a carteira. Esqueci a pretensão ao mundo digital. Fui antes ao calçado Guimarães. Olhei para a montra, olhei para carteira. O problema era a montra.
Assim estou aqui, condenada a uma vida de sonhos com hotéis que são afinal desejos por sapatos.
Achavam que eu ia responder ao facto de ela me chamar badalhoca? Ridículos. Eu bem sei que muitas das minhas blusas chegam a mostrar o cotovelo e tenho mesmo vestidos sem comprimento suficiente para me tapar a canela. Admito. Nada a assinalar. Terei de rever os meus comportamentos e, em última instância, como a M.J. sugere: a burka nunca fez mal a ninguém.
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As Caçadoras de Sonhos Maria das Palavras e M.J. estão à vossa disposição, para de uma forma absolutamente desprovida de juízo, mas repleta de conselhos originais, desmontar os vossos sonhos e ajudar a interpretá-los. Interessados na análise freudiana de duas miúdas que não devem ser levadas a sério? Enviem os vossos sonhos para cacadorasdesonhos@sapo.pt.
Prometemos ser sobejamente mais meiguinhas nas análises alheias do que fomos nas nossas. Tudo depende, claro, do vosso sonho...experimentem.
"querida maria das palavras (são todas, só verbos, só adjectivos?):
venho pelo presente contar-te o meu sonho na ânsia que me possas ajudar a saber se posso dele retirar um significado:
eu estava a apresentar um livro que escrevera. era um livro de contos infantis e estava repleto de gente. acontece que o auditório onde decorria a apresentação não tinha pessoas comuns com os seus filhos mas sim todos os meus professores universitários, que me olhavam com atenção. quando eu acabei o meu discurso um deles estendeu o dedo e perguntou: mas acha que essa história reflete o pensamento do legislador no que a isso diz respeito? quando ele acabou de falar eu percebi que não sabia a resposta e que nem sequer me lembrava da história que escrevera pelo que comecei a gaguejar. nesse instante fui salva pelo gongo: as portas do auditório abriram entrando um político conhecido que se virou para o meu professor e exclamou: - isso, pois isso é só fazer as contas. acontece que o político era nada mais nada menos que jóse socrates, com uma camisola cinzenta, algemado, que começou a correr em volta do palco gritando "mesmo preso faço jogging, ouviram?.
nessa altura acordei e no dia a seguir, ao ver a tv, descobri que a medida de coação dele tinha sido alterada para prisão domiciliária.
ando num frenesim. terei capacidades adivinhatórias?
agradeço a tua resposta. beijos."
Minha querida M.J., não se apoquente, que vamos já desfazer este puzzle.
A primeira interpretação que faço é que a menina é preguiçosa. Não vi isto num elemento do sonho, mas sim no facto de não usar maiúsculas. Não cumprir as regras da escrita é uma coisa, não usar a capital para me nomear já roça a infâmia.
Os sonhos refletem medos ou desejos e há, de forma muito óbvia, três desejos latentes na sua descrição: (1) o desejo de ter filhos, (2) o desejo de comer queijo e o libidinoso (3) desejo por Sócrates.
Apresenta um livro de contos infantis como expressão da sua vontade de um puto ranhoso a quem ler estórias. A minha afirmação é suportada pela científica expressão: quem desdenha quer comprar e todos nós já sabemos que a menina quer ir à pastelaria da terra com uma criança irrequita pela mão a comer uma bolacha com a roupa toda.
Pensei que o desejo de aprovação fosse o motivo de ver os seus professores, mas o cerne da questão é que não só não conseguiu responder, como se esqueceu do que falava o livro. Esquece quem come queijo. Anda em falta com o queijo. Como isto se passa num auditório: evite o requeijão (óbvio).
Quando julga ter capacidades adivinhatórias está apenas a ser confundida pelas suas hormonas. Tal como 90% das mulheres que elegeram Sócrates no ano de 2005, deixou levar-se pela líbido e sonha com o cinquentão grisalho mas tão em forma, como sendo o seu herói de cavalo branco (“fui salva pelo gongo” > “era nada mais nada menos que josé sócrates”).
Tudo claro como a água. Um bem-haja e...bons sonhos!
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As Caçadoras de Sonhos Maria das Palavras e M.J. estão à vossa disposição, para de uma forma absolutamente desprovida de juízo, mas repleta de conselhos originais, desmontar os vossos sonhos e ajudar a interpretá-los. Interessados na análise freudiana de duas miúdas que não devem ser levadas a sério? Enviem os vossos sonhos para cacadorasdesonhos@sapo.pt.
Prometemos ser sobejamente mais meiguinhas nas análises alheias do que fomos nas nossas (vejam lá no blog da M.J. o sonho que ela me interpretou) - é que nós sabemos insultar-nos em graça e sem desgraça, porque sabemos que somos parecidas. Tudo depende, claro, do vosso sonho...experimentem.