Emissão das sete em direto
Bom dia. São sete da manhã, estou longe da rotina, no Gerês, e não quero dormir mais. Só porque sim. Creio que consegui afastar as preocupações do sono, a temperatura está amena e a cama é boa. Mas esgotei a paciência para fechar os olhos à manhã. Visito o jardim pensando que posso ir ler para lá para não acordar o Moço. Há quem goste de ler de noite, eu sou da manhã. Está tudo molhado, não sei se de orvalho ou de uma chuva leve - e ao fundo ainda o fumo negro que não é nevoeiro, são restos de fogo. Parece-me que nem o Cávado acordou ainda, esgotado de travar incêndios. Os galos sim, que os oiço. Deixo aberta a porta do quarto que dá para o terraço e deixo entrar luz e ar fresco. Sento-me na cama e o Moço dorme ao meu lado. Se a vida me deixasse deitar-me-ia sempre cedo e leve. Nunca me permitiria estar demasiado cansada ou farta para me levantar fora desta hora que me é natural. Entretanto já são oito e os sinos das igrejas entoam o Avé Maria à vez. O Moço ainda não quer acordar. Já disse bom dia?