Dia 181
Redescobri uma música.
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Redescobri uma música.
Moço: Tive um pesadelo esta noite!
Maria: Ok.
Moço: O mundo ia acabar. E nós estávamos separados. Em sítios diferentes.
Maria: Hum.
Moço: E estava mesmo a chegar a hora. Eu estava a tentar ligar-te, mas não dava. Então mandei-te uma mensagem a dizer que te ia amar para sempre.
Maria: Se o mundo estava prestes a acabar, para sempre não era assim muito tempo...
Começo por dizer que eu sabia que ia gostar deste livro. Por default. Sigo a autora desde o tempo em que os blogs eram grandes e apreciava a sua forma de escrever, além de que já tinha gostado do primeiro (Diz-lhe que Não). Sabia que ia gostar, porque quando "devia" invejá-la, por estar a viver o meu antigo sonho (da juventude, precisamente) de ser escritora, estive sempre no canto dela a torcer pelo sucesso de uma autora portuguesa, que efetivamente o merece. Esta opinião é portanto, enviesada. E, ao mesmo tempo, totalmente verdadeira.
Este livro foi um verdadeiro regresso ao passado, à intensidade da juventude, numa época muito própria em que a internet e as redes sociais não serviam para dar respostas a nada e as fotos da paixoneta tinham de ser roubadas em visitas de estudo.
Se a Isabel era certinha, eu era 300 vezes mais, sem beber alcóol nenhum, nem pronunciar um palavrão (ainda hoje). Se ela se aborrecia nas festas eu nem sequer queria por lá os pés. Aos 14 ela era o esqueleto, eu era a crânio da turma. Sempre odiei o apelido, mas era pronunciado com um certo respeito (e é se queriam apontamentos!). Aos 17, ela duvidava de um percurso, que eu sabia que queria traçar. Fui uma adolescente diferente da Isabel, com outras vivências, mas todo o cenário e personagens batiam certo.
Discordei das opções da Isabel em pontos do livro, às vezes sem me lembrar que os estava a reviver aos 33 anos e portanto as minhas decisões seriam necessariamente diferentes. O senhor Gil, por exemplo, à luz do presente parece-me muito creepy, quando naquela época teria sido aquele mesmo adulto cúmplice, à margem de qualquer suspeita.
Mas noutros momentos deixei-me envolver completamente e senti o coração a acelerar e a abrandar, com o Afonso, o Simão, a Xana, e, estranhamente, a Marisa das argolas, por quem desenvolvi uma grande empatia. Vi a Helena (a autora) em muitos momentos do livro, tanto quanto posso identificar alguém que não conheço pessoalmente e perguntei-me a cada página onde estaria a realidade e a ficção. Porque sei - estive lá naquela época - que muitas sensações são reais.
Não vou contar-vos nada, vou recomendar-vos que leiam (sobretudo se cresceram nos anos 90, mas não só), e, mais uma vez, emprestar o livro a várias pessoas. A mais alta garantia de que gostei. Sem ser por default.
Ficar com as últimas sardinhas.
Local de Partida: Horgsland, Islândia
Local de Chegada: Vik, Islândia
Apesar de, como expliquei no episódio anterior, os donos do alojamento em Horgsland nos quererem deixar ao relento, sem nos deixarem fazer late checkout quando havia toda uma tempestade a decorrer, não queriam que falecessemos de barriga vazia. O pequeno-almoço fica na memória como sendo um dos melhores da minha vida, com waffles feitos no momento e o famoso pão de centeio (rye bread). O pequeno-almoço tomava-se num hotel diferente, um pouco mais acima na estrada. Depois ficámos fechados no quarto até à hora de nos atirarmos à morte na estrada, ignorando os alertas. Não façam isto em casa.
Tivemos portanto uma subtil mudança de planos. Inicialmente, a ideia era visitar duas cascatas, o avião despenhado e duas praias. Com as alterações climáticas passou a ser chegarmos vivos a Vik.
Pelo caminho, as condições foram melhorando e acabámos por visitar as duas cascatas. Primeiro Seljalandsfoss, que se vê logo da estrada e onde me deixei salpicar. Depois Skógafoss. Que é muito bonita, tal como toda a envolvência, mas amaldiçoo o momento em que concordei em subir as escadas para vermos a vista de cima. São 527 degraus. Suei na neve, minha gente.
De seguida visitámos dois dos locais de filmagem de Game of Thrones na Islândia (embora não especificamente por causa disso). Dyrhólaey. Não sei explicar a sensação, mas fiquei bastante impressionada com aquela composição da natureza.
E a praia de areia negra Reynisfjara, já perto de Vik. Onde o que mais impressiona é o penhasco de basalto com formas de paralelipípedos desenhadas. Se os homens da Night's Watch lá estiveram na temporada sete, nós estivemos em 2018. E o Moço, armado em blogger, levou o corta-vento ideal para fazer contraste nas fotos.
Creio que foi também neste dia (assim rezam as minhas notas) que o Moço trespassou dois metros um placa que dizia Propriedade Privada para tirar uma foto ao longe e levou um belo sermão por causa disso, de um senhor (talvez o dono?) que se deu ao trabalho de vir bater no vidro do carro para ralhar pós-foto. Na Islândia, é suposto as pessoas repeitarem regras. Imagine-se uma coisa dessas.
Foi um dia bastante chuvoso, mas mais tranquilo do que previsto e acabámos a conhecer estes locais absolutamente irrealísticos. E ainda assim, de alguma forma, reais. Chegámos cansados ao nosso alojamento a Vik, mais caro, mas mais familiar, com amor nos detalhes (ah, o amor de ter condicionador de cabelo para o banho). Chamava-se GuestHouse Carina. Tudo o que precisam de saber, além de que era acolhedor, é que também nos ofereceu um pequeno-almoço espetacular, com papas de aveia, mais waffles e café expresso (!). E bem precisávamos, porque no dia seguinte íamos viver a aventura de uma vida. E eu fico entusiasmada só de voltar a pensar nisso.
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O entusiasmo de ver um Mr.Pizza a abrir em Espinho (é só porque a sede é em Leiria, minha terra-natal).
Eu, irritada com o filme da Bela e o Monstro (com a Emma Watson, que está na Netflix) porque mudaram vários detalhes da história de animação, sendo a mais grave - para mim - que o Lumière tem a cara na vela e não no castiçal:
- Isto é um disparate. E nenhum deles tem emprego, gostava de saber como pagaram aquela festa no final para toda a gente.
O Moço, prontamente:
- Venderam os livros da biblioteca no OLX.
Os tremoços do mercado da Batalha ao Domingo de manhã.
Uma visita inesperada pode tornar-se uma forma inesperada de fazeres a diferença no dia de alguém.
Chegar a tempo.
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