Luz. Luzes nas cidades. Nas árvores de Natal e nas varandas das casas. Luzes de todas as cores e feitios. A luz que termina dos dias que morrem mais cedo e as que começam devagar, agarradas à cidade, e preenchem toda a paisagem. Luzes nos centros comerciais já de si cheios de iluminação e luzes nas pontas dos chapéus de Natal das 1001 personagens da época que aparecem a puxar os sorrisos das crianças: a maior luz de todas, o sorriso delas. Luz da estrela a quem pedimos um desejo. Não é cadente, não leva ao menino Jesus e em Belém só nascem os pastéis, mas não interessa.
Enquanto houver luz é Natal. Se não for a que é fornecida pela EDP, há-de ser aquela com que enchemos os corações.
Listas dos 12 melhores e piores momentos de 2014, 12 acontecimentos mais notáveis no país e no mundo, os 12 melhores atletas, as 12 personalidades, os 12 surtos mundiais e nacionais, os 12 destinos mais visitados, os 12 filmes que não devia ter perdido (sua besta), as 12 músicas mais ouvidas, os 12 vídeos de youtube mas partilhados, as 12 marcas de bolacha mais consumidas, os 12 tipos de borboto que tivemos nos casacos.
Não são os pêlos pela casa. Ou o espaço que o bicho ocupa com as suas tralhas, camas, brinquedos. Nem o barulho que faz a ladrar para os outros cães em época de cio. Não é a chatice de ter de se levar à rua. Mesmo à chuva. Mesmo às sete da manhã. Nem ter de gastar dinheiro em vacinas e desparasitação. Ou na ração XPTO que é a única que o menino gosta. Nem vê-lo a pedir por favor com olhinhos meigos quando estamos a roer tremoços e ele também quer. Rondar a mesa à hora das refeições quando está a avó que ele sabe que lhe dá sempre um bocadinho de carne do prato. Não é ele não parar quieto e estar sempre a querer brincar. Nem roer os chinelos e os sapatos. Não é que faça chichi no puff da sala enquanto ainda está ser treinado para ir à rua. Nem que corra atrás das bicicletas feito maluco. Que traga lixo para casa da rua, orgulhoso, entre os dentes. Que traga pulgas e carraças para casa por ter rebolado nas ervas secas que depois temos de ter paciência a tirar. Não é que espalhe as cinzas da fogueira apagada e tente até comê-las. Não é que não responda ao NÃO que pronunciamos firmes tantas vezes como gostaríamos e logo desde pequeno. Nem que esteja sempre a trazer de volta o brinquedo que apita para atirarmos uma e outra vez. Nem que esteja sempre a subir para o sofá ou para a cama - contra a nossa indicação, mas para nossa delícia.
É que - não sendo como as velhacas das tartarugas - eles têm uma vida mais curta que a nossa. E a dor de os perder é diretamente proporcional a todas as chatices (leia-se carinho) que nos prestaram.
Aliás, enquanto não tiver um destes tapetes-de-rato-luva-aquecida-por-usb não vou usar mais o computador. De todo. Era só para avisar. É que só para vir escrever este aviso já me iam caindo as mãozinhas com frio.
Não, não somos todos iguais. Mas em maior ou menor escala (e evidenciando a parte histérica que mora em nós e a parte descontraída que mora neles), é mais ou menos nestas três fases que nos apaixonamos. Tudo clichés. Tudo vergonhoso demais para admitir. Tudo "eu nãooooo".
1. O primeiro impacto e a gestão irrealista de expetativas
OH MEU DEUS ELE É TÃO [riscar o que não interessa] GIROOOO/QUERIDOOOO. Será que foi desta que encontrei o homem da minha vida? Será que ele quer casar e ter filhos? Será que vai gostar dos meus pais? Calma, Maria. Calma. A sério. Calma.
2. A sobre-análise complementada com dúvida Acho que ele não gosta assim tanto de mim, por isso não me vou apegar. Ou gosta? Ele pôs um smile na mensagem acho que gosta. Mas ele disse "vou" em vez de "vamos" por isso se calhar não gosta. Mas ele inclinou a mão na minha direção, se calhar gosta. Mas vestiu uma camisola verde e eu disse-lhe que não gostava de amarelo e verde é amarelo com azul, por isso se calhar não gosta. Mas porque é que ele não me chama namorada? Se calhar também não gosto dele. Ah, gosto, gosto. Não. É melhor não me apaixonar por ele. Aiiii.
3. A certeza Não me partas o coração. Não me partas o coração. Não me partas o coração. Não me partas o coração. [ad infinitum]
1. Interesse e honestidade mórbida Gostosa, inteligente, divertida [o que for aplicável]. Ai, comia, comia. Só espero que não comece já a querer compromissos que não sei no que isto vai dar. Vou ser honesto com ela e dizer-lhe que para já é só assim, não estou à procura de nada sério, e depois logo se vê no que vai dar.
2. Ligação imprevista Vou ligar-lhe a dizer que amanhã tenho treino para ela saber que não vou estar atento ao telemóvel. Se calhar é dar satisafações a mais. E também não tenho de atender sempre ou responder logo. O que é que ela tem a ver com isso? Vou só ligar a dizer boa noite e a ver se amanhã nos encontramos. "Olá Maria! Olha, daqui a pouco vou ao treino, mas amanhã queres ir beber um café?...".
3. Reconhecimento: apogeu e queda [a olhar para o espelho e a suspirar por ela, não (só) pelo seu par de mamas, numa terça-feira comum] Pronto, já foste...
Já vi serras gigantes a erguerem-se à minha volta no continente. Mas nunca pejadas de luz de toda uma vida a acontecer à noite nas serras. Não há abandono. As pessoas e as suas janelas iluminadas são parte da paisagem. Impressionei-me primeiro ao vê-lo no caminho de Câmara de Lobos para o Funchal e depois impressionei-me novamente com o mesmo à volta da ilha, noutras localidades, onde as pessoas povoam a natureza, sem medo das colinas.
E a pouca espera para comer.
Não sei se alguma vez esperámos mais de sete minutos e meio para ter a comida à frente. Começámos por achar que o serviço na restauração da Madeira era muito rápido, mas depressa chegámos à conlcusão que aquilo a que estamos habituados é que é pouco aceitável. Tragam-se de lá este hábitos a bordo de um avião (e se forem lá buscar os hábitos, tragam também a oitava maravilha do mundo: bolo do caco).
Nove fotos não chegavam. Segue o resto da seleção Madeira 2014, ilha que palmilhámos de uma ponta à outra. Ficam tantas fotos lindas de fora (tantos suspiros por dar), mas não vos maço mais com isto.
Eira do Serrado. O primeiro grande impacto.
Vista para o Curral das Freiras. Onde há um restaurante chamado Sabores do Curral. Promissor.
No Pico que é a estrela lá do sítio (mas não é o mais alto).
Junto à Ponta de São Lourenço (de onde avistamos Porto Santo).
As casas típicas de Santana. Passámos por elas sem as ver a primeira vez (havia uma mercadinho do outro lado da estrada que roubou a nossa atenção) e depois andamos meia hora a perguntar por elas.
As estrelícias que a minha mãe adora.
Vista do Cabo Girão. Caramba.
Piscinas naturais de Porto Moniz (na ponta inversa da ilha). Alguém acredita que a foto não tem filtro?
Sempre que passava à tua casa parava. Vinha da escola, tinha caminhado um bocado já desde a paragem do autocarro e isso servia de desculpa. É que estava cheia de sede, reclamava eu. Davas-me água da torneira que sabias que eu odiava, mas tirava-la do jarro que tinhas enchido antes. E fingíamos. Tu fingias que era água do garrafão. Eu fingia que me deixava enganar e que aquilo não me sabia a cloro. Sentava-me no sofá grande, porque sabia bem que o pequeno era só teu, para te sentares a bordar com os cotovelos apoiados. Pedias-me novidades para ouvir sempre a mesma resposta - tudo normal. Nunca fui de falar muito, mas não me importava de ouvir. Então ficava ali um bocado enquanto me descrevias o que tinhas visto essa manhã na Praça da Alegria. E só depois é que eu retomava o passeio até casa.
No outro dia disseram-me que a Praça da Alegria tinha acabado. Tive pena, por essa parte dessas tardes que já não podemos repetir. Mas o resto podemos. Acho que tenho sede.