É como um jogo. Tudo o que vem da rua tem lepra e não se pode tocar - até o Moço quando regressa do trabalho.
Depois passam para a zona radioactiva da casa (o Moço passa só para o chuveiro) e é ver esta menina a esfregar embalagens com lixívia, a esfregar tangerinas com sabão, com o cuidado e delicadeza com que se banha um recém nascido. O Moço esfrega-se sozinho. A contragosto.
Nunca o meu umbigo, em 34 anos de vida, ficou tão bem lavado como o plástico que envolve um queijo fresco antes de ir morar para a prateleira do nosso frigorífico.
Tenho um nojinho latente de tudo e de todos.
A vida até pode passar a ser levada com este novo normal, aos poucos e com cuidado. Até podemos um dia voltar a um normal muito semelhante ao que já conhecíamos.
Mas só descanso no dia em que voltar a deixar cair uma amêndoa no chão e aplicar a regra dos 5 segundos para a levar à boca.
O título em inglês é bem melhor e foi na versão original que o li, mas o livro terá o mesmo encanto de qualquer forma. Tinha-o comprado numa viagem, sabendo de antemão da recomendação do Book Gang (onde podem comprar a versão PT). Não desiludiu. É um livro original, enternecedor, divertido e pesado, tudo ao mesmo tempo.
A protagonista é a caricata Eleanor, uma jovem nos seus 30, mergulhada numa solidão e numa perspetiva muito própria da vida. A sua visão do mundo tem tanto de pragmática, como de inocente e à medida que o livro avança e rimos com as suas interações sociais desajustadas, percebemos que não é tão engraçado, como preocupante.
A ideia surgiu à autora após ler uma reportagem sobre pessoas solitárias, que nem sempre são as de idade avançada. Às vezes são jovens, que entre a sexta ao sair do trabalho e o regresso na segunda de manhã, não trocam uma palavra com ninguém.
Apesar de abordar uma temática dura, o livro é todo muito leve, e, até mesmo positivo. O final surpreendeu-me.
Saí de casa. 60 dias depois botei o pé na rua. Não fiquei fascinada. Percebi que não me interessa sair sem um objetivo muito específico que é...pois, oiçam. Portanto o passeio durou pouco. Só o suficiente para eu constatar que as minhas pernas ainda funcionam em médias distâncias e para o Moço comentar que ao menos foi bom eu "esticar o pernil".
Ouçam aqui no spotify, ou aqui no castbox (não precisam instalar nada, se não quiserem - ouvem no browser) ou clicando PLAY abaixo.
Deixei-vos uma mensagem de voz a falar dos quase catroze livros que já li este ano. Pode parecer muito a alguns, mas é um valor quase nulo, numa escala de zero a Magda. Além disso nem ter lido catorze (ok, treze) livros me livrou de pelo menos uma bacorada que identifiquei logo na gravação.
Falo-vos dos 6 que vêem na imagem e mais 8 que estão no Kobo, meu mais-que-tudo. Sobre alguns até já tinha publicado reviews, sobre outros publiquei notas breves no Instagram, mas de alguns nem tinha dito nada e partilho agora convosco: recomendo ou não?
Ouçam e digam-me o que acharam se leram algum deles, se concordam comigo, e deixem-me também as vossas recomendações para próximas leituras. Só tenho centenas em lista de espera, mais um menos um, não vai fazer diferença!
Ouçam aqui no spotify, ou aqui no castbox (não precisam instalar nada, se não quiserem - ouvem no browser) ou clicando PLAY abaixo.