Elucidem-me.
Olá Moço é mesmo a única pessoa no mundo que despreza a ideia de jantar no sofá enquanto vê TV, não é?
(Em dias excepcionais, claro. Não como norma!)
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Olá Moço é mesmo a única pessoa no mundo que despreza a ideia de jantar no sofá enquanto vê TV, não é?
(Em dias excepcionais, claro. Não como norma!)
Fiz um hard reset ao telemóvel que andava lento por estar mais cheio de porcaria que um glutão num buffet. Certifiquei-me que os contatos e fotos estavam sincronizados e que não ia perder nada importante. Com a conta Google sincronizada até as apps voltam a ser instaladas sem ter de fazer nada, embora, claro, se não forem de login, percam a informação anterior que não foi guardada.
Esqueci-me do Bloco de Notas. Com notas preciosas. Textos, listas, excertos, dicas, receitas, nomes, sugestões de prendas. Coisas a fazer, a escrever, a lembrar, informação sobre em que botão da campainha tocar quando visitamos cada amigo e voltamos a perguntar-nos se era esquerdo ou direito...enfim. Coisas que nem me lembro - era por isso que estava lá. Uma vida (pronto, dois anos). Chorem comigo.
*Sim, tenho outros - muitos - de papel mesmo. Mas este estava sempre na ponta dos dedos.
Não é filme, é realidade.
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O que achamos que nos vão perguntar quando voltamos de férias:
Aquilo que de facto me perguntam:
1. Não vieste muito morena, pois não?
Maria: Epá, estou aqui com uma comichão num dedo do pé! Será pé de atleta?
Moço: Pé de atleta? Tu?! Não estou mesmo a ver qualquer hipótese...
Estava a falar com as meninas da Seita do Arroz e a contar-lhes que desde que fiz reset ao telemóvel (apanhei um trauma, logo vos conto) o som das mensagens de Facebook (portanto das mensagens delas) era o de um grilo. Uma diz-me que antes isso que o som de uma cigarra. Fiquei em dúvida...a inseto soavam de certeza. Seria grilo ou cigarra? Já não me lembrava bem. Fechei a página de Facebook para ouvir as notificações no telemóvel e distinguir o som do bicho, afinal. Na página do separador abaixo, que me apareceu instantaneamente ao fechar o Facebook, um banner publicitário em grande destaque. Juro-vos.
O Moço preparou-me um prato de fruta. Quando olho...
É o dia certo para vos contar o balanço da minha experiência com o Livro Secreto. A foto foi tirada esta manhã, com o Cloud Atlas e o meu galão (como se pode ver na mancha da minha caneca favorita). Ultimamente dou por mim a acordar mais cedo para ler um pouco, já que não consigo deitar-me mais tarde - não sou definitivamente um ser da noite.
Lembram-se do Livro Secreto, certo? Já vos falei da iniciativa, criada pela M.J., assim que me chegou o primeiro exemplar. Basicamente pus um livro a rodar, bem como os restantes elementos que participam na iniciativa. Todos os meses alguém lê o meu livro e todos os meses leio o livro de alguém - sem saber qual vai calhar a quem. E cada leitor anota as suas passagens favoritas ou faz comentários, de forma a que o livro volte, no final do ciclo, para o seu dono, mais lido e mais rico. Pelo menos é esse o plano.
Quando começámos - digo eu - era tudo muito rigoroso nas datas, nos envios e nas leituras e com o tempo o grupo foi-se conhecendo e entrosando, criando empatia e flexibilidade. O que não abandalhou a iniciativa, só a tornou melhor. E já não me lembro quantos livros me passaram pelas mãos, mas, com exceção de uma impossibilidade, li-os todos até agora e descobri verdadeiras pérolas (às vezes literalmente) que jamais teria escolhido.
Não escrevi sobre todos os livros da iniciativa que já li, por isso vou aceitar a sugestão da Presidenta* deste "clube do livro" e vou responder a algumas questões, para acalmar a vossa curiosidade sobre o assunto - estão a salivar para saber mais, não é?
a) porque decidi participar na iniciativa;
Fui vítima de chantagem emocional por parte da Presidenta, pois claro. O chamado olhinho de gato das botas.
b) qual o livro que mais gostei até agora;
A Luz, do mestre Stephen King. Ou não fosse eu passada dos carretos. Mas fica uma menção honrosa para o livro que eu própria pus a circular (e li à pressa para entrar neste circuito) e que me surpreendeu positivamente: o minorca "A Contadora de Filmes". E aguardo ansiosamente pelo Zafón (ele anda aí!), que prometem que me vai roubar o coração.
c) qual o livro que menos gostei;
O livro que tenho no momento é sempre o que gosto menos. Porque penso: "tenho tantos na minha estante que fui EU a escolher e me apetecem ler...porque raio tenho de ler este que não fui eu que escolhi?". Depois lembro-me do propósito da iniciativa, do facto de me ter juntado a ela de livre vontade e em consciência, do bem que faz sair do hábito...e deixo-me surpreender.
d) uma passagem do livro que tenho e que está sublinhada por alguém;
A passagem que a Magui sublinhou na página nº40 do Cloud Atlas quis marcá-la também a amarelo fluorescente (não o fiz, dona do livro, não te preocupes).
(...) resolvi perguntar-lhe porque é que me tinha sorrido enquanto estava a ser chicoteado. "A dor é forte, pois é - mas o olhar de um amigo é mais forte". Respondi-lhe que nem ele sabia nada de mim nem eu sabia nada dele. Ele tocou nos olhos e depois nos meus, como se esse simples gesto fosse uma explicação total.
e) se já pensei em desistir;
Sempre que pego no livro que não fui eu que escolhi, lá está. E depois perco-me nele e passa tudo.
f) coisas que gosto e não gosto na iniciativa;
Não gosto de ter de estar sempre a caminhar para os CTT. Gosto quando consigo convencer o Moço a ir lá por mim. Não gosto dos papéis *a solta nos livros. Gosto de ler as mensagens das outras pessoas no livro. Não gosto de não conseguir cumprir a meta. Gosto de ser supreendida. Não gosto de empurrar para trás os meus próprios livros que já estavam na fila. Gosto daquilo que mais odeio: ser "obrigada" a ler algo que não escolhi.
g) se pudesse trocava o livro que enviei por outro: qual!
Não, não trocava...e a explicação é simples: fiz uma escolha perfeita (ahahah, esse ego!). É um livro agradável de ler, curto para deixar que pessoas com vários ritmos de leitura consigam sempre cumprir a meta e que gostei o suficiente para querer recomendar, mas não tanto que não me queira separar dele. Honestidade a mais?
*sim, está errado, é de propósito, porque é assim que lhe chamo. Neste âmbito. Noutros, chamo-lhe só "tola" ou "psst, tu aí".
Joel Dicker e o Caso de Harry Quebert mantêm-se como a dupla imbatível nas minhas leituras dos últimos tempos. Encantada que estava com o autor suiço, depois de ter devorado o seu best seller e de o ter conhecido na Feira do Livro, li os seus outros dois livros numa semana e considero-os distintamente bons - nenhum dos três livros se parece com o outro, a meu ver, mesmo aquele em que o protagonista é o mesmo.
Os Dias dos Nossos Pais é um romance sobre as emoções da guerra dentro de uma pequena unidade de elite formada na Inglaterra e, paralelamente, um foco muito especial na relação entre um pai e um filho que parte para a linha de combate (uma das linhas de combate, que a guerra nem sempre é tudo o que se vê e sabe dela). É aliás um livro sobre o amor sem limites: entre amigos-irmãos, entre um homem e uma mulher, entre pai e filho, para com o país e o Homem, no seu âmago. O final é absolutamente emocionante e sem ter a intriga complexa dos outros dois, leva-nos até ao fim sem esforço.
O Livro dos Baltimore é o livro da história familiar de Marcus Goldman, que já conhecemos (e quem não conhece deve parar já o que está a fazer e tratar disso), mais uma vez escrito da perspetiva do autor-protagonista. Está relacionado com o anterior (cronologicamente, passa-se antes), mas é possível ler um sem o outro. Fala-nos do presente, do passado e do ainda-mais-passado dos Goldman de Montclair e sobretudo dos Goldman de Baltimore. Fala-nos da infância dos primos Goldman, onde me prenderam particularmente os episódios de violência escolar vividos (e provocados?) por Hillel A.W. (Antes de Woody). Fala-nos de um Drama (um dia D) em particular do qual rapidamente conhecemos as consequências, mas os contornos apenas no final. No entanto considero injusto chamar Drama ao drama, assim com maiúscula, quando, a meu ver, outros se sucedem ao longo das páginas - de igual importância ou que, pelo menos, levaram a esse. Ao longo do livro todo consegui sentir a nostalgia do Marcus, que nos escreve, a sua admiração, a sua revolta, a sua generosidade.
Ambos me deliciaram. Ambos são grandes livros. Ainda assim, não há amor como o primeiro. E, para mim, não destronaram A Verdade sore o Caso de Harry Quebert.
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26 de Julho de 2016
Querido Diário,
Tenho boas e más notícias a registar.
A má é que não conseguimos entrar no E se fosse consigo? A Conceição Lino diz que o nosso problema, enfim, de sermos devorados crus (custa-me dizer) não é algo com que a maioria das pessoas se identificasse. Também acrescentou que este assunto estava na moda o ano passado e este ano são ataques terroristas, por isso não temos hipótese nenhuma, a não ser que o meu pai acenda um fósforo atado à casca e corra por aí a aleijar pessoas. Ele nem sabe correr, quando chegasse ao primeiro humano já o fósforo estava apagado. Nem conseguimos contra-argumentar porque ela estava a olhar para nós com uns olhos (era hora de almoço) que não nos deixou seguros.
Depois de uma fase muito difícil em que os portugueses andavam todos à caça de caracóis para juntar em pirezinhos de cadáveres (uma visão assustadora) e tragar enquanto olhavam para uma televisão com homens a correr num relvado, as coisas inesperadamente acalmaram. Qualquer coisa a ver com futebol, diz o Felismino. Para mim continua a ser um ritual satânico. Certo é que o Felismino foi pai e chamou Éder ao filhinho por causa disso. Disse "ele sempre me fez lembrar um caracol, mesmo".
Agora até conseguimos sair à rua entre os humanos e ninguém nos liga. Em vez de terem sacos, empunham o telemóvel. Quando gritam "está ali um" assustamo-nos sempre um bocadinho a pensar que é para nós. Mas na verdade apontam para o vazio e tiram fotos. Ainda não percebi para o que é bom aquele exercício, mas eles estão sempre a repetir isso: Pró Qu'é bom! Acho que é isso, pelo menos...
Uma ranhoca,
Martim
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