Ilha Terceira em Dois dias e Meio
Antes de voltarmos a confinar, sem dobrar regras da DGS e de teste negativo em punho, visitámos mais uma ilha portuguesa. Foi uma visita muito rápida e afetada pela maior tempestade deste Inverno nos Açores até aquele momento (diziam os locais, e como cancelaram jogos do Benfica lá, tem mesmo de ser grave).
Senti-me meio louca e entusiamada, por estar a ir de impulso, sendo que em plena pandemia todo o cenário viagens estava muito afastado da minha mente. Mas fico muito feliz por ter ido, sendo que a única altura em que senti algum risco foi no avião, onde não há qualquer cuidado especial na distribuição de pessoas...Dizem que os aviões tem filtros de ar XPTO que matam bichos, mas ninguém me safava se a senhora desconhecida do lado me espirrasse para cima. Estava mesmo a 2cm, não dois metros. Ainda assim, cumprimos todas as regras previstas, de máscara FPP2 sempre na cara, e a verdade é que correu tudo bem.
Fiquei dividida em partilhar agora este texto, não quero motivar ninguém a viajar quando não o deve fazer, mas acredito que o meu público (que diva!) é bastante sensato e vai tomar isto como um guia para quando for novamente possível fazer uma viagem assim. E sonhar com viagens nunca fez mal a ninguém. Além de que a Ilha Terceira, mesmo debaixo de tempestade e através de uma máscara ficou muito acima das expectativas! Perdia-me por lá com gosto.
O que visitar?
Dia 1: Vou dizer o que fizemos e o que faríamos, se tivessemos apanhado melhor tempo e pudessemos reorganizar alguns passos. Acordem pela fresca para aproveitar bem a luz do dia se forem no Inverno! Então comecem por visitar Angra do Heroísmo. Larguem o carro e passeiem pela cidade a pé. Vejam o Vasco da Gama e casa das caras assutadoras junto à azulinha igreja da Misericórdia, passem por outras igrejas coloridas a caminha do mercado, passeiem junto à Marina e à Praínha. De um lado verão o Forte de São Sebastião, do outro o imponente Monte Brasil. Acabámos por não visitar nenhum dos dois, mas teríamos ido dar um belo passeio ao Monte Brasil e ver os veados, não fosse o temporal.
De tarde fomos ao Algar do Carvão, um dos sítios mais bonitos, mas que se paga e tem dias e horas de visita limitados (consultem antes de ir). Podem ir igualmente ir à Gruta do Natal (também se paga e podem fazer pack das duas). Por perto, aqui pelo centro da ilha, fica a Lagoa das Patas.
Dia 2: Começamos na Praia da Vitória, de areia negra, e depois de também a olharmos lá de cima do miradouro junto ao farol, continuamos pelo norte da ilha, percorrendo a estrada tão junto ao mar quanto possível. As casas são quase todas muito coloridas (aqui a Robiallac não deve sentir crise) e neste início de Janeiro muitas estão enfeitadas para o Natal, com luzes, gnomos no jardim e pinheiros enfeitados cá fora, como vemos nos filmes americanos.
Parem sempre que vos apetecer ver a vista, mas uma das paragens obrigatórias são as Piscinas Naturais de Biscoitos, que é zona de banhos (de água fria) - se estiver bom tempo para isso.
Continuamos a contornar a ilha até começarmos a entrar na bonita mata da Serreta. Fomos pelo caminho íngreme (de carro) até à Ponta do Queimado (gostei tanto das escadas para o mar). O ideal é que depois entrem na Zona da serreta para a Serra de Santa Bárbara e passeiem nessa floresta encantada.
Dia 3: Para nós foi só meio dia. O que aconselho para esta manhã é ver o Ilhéu das Cabras do Miradouro da Laginha (ou outraz zonas ao largo da costa da zona chamada Feteira) e subir à Serra do Cume para a que dizem ser a melhor paisagem da ilha. Para mim foi só nevoeiro, mas acredito, pelas fotos que vi. Se não houver previsão de bom tempo não deixem para o fim e tentem ir noutros dias. A boa notícia é que andar de carro pela ilha é um deleite em qualquer zona: vacas, quadrados verdejantes ladeados por muros, o mar ao fundo ou ao nosso lado...Podem ainda, por ser perto do aeroporto, acabar com o percurso das Furnas de Enxofre. Tem um percurso pedonal, que está estimado em 15 minutos, mas algo me diz que pode durar mais.
Onde ficar?
Ficamos no Alluar Lodge, em Ponto Judeu. Perto de Angra e do lado do mesmo lado da ilha do aeroporto. Com vista das janelas gigantes para o Ilhéu das Cabras.
Não sei se é o melhor sítio, mas são uns fofíssimos bangalows (quentinhos, que nesta altura foi importante) onde o pequeno-almoço é entregue diariamente numa cesta amorosa com uma série de delícias (incluindo queijo da ilha e iogurtes da Quinta dos Açores, fruta, granola, leite e café quente, dois tipos de pão, enfim...). A opção de dois quartos (e dois wc) tem uma área comum com mini-cozinha completamente equipada.
Eis o disclaimer: nos dias de grande tempestade em que lá estivemos...sentia-se o abanão com as maiores rajadas de vento! Nada de assustador, mas senti-me prestes a encarnar a Dorothy no Feiticeiro de Oz.
Ficaria de novo? Sim. Com bom tempo, para também usar a piscina e aproveitar ainda melhor a vista incrível da cama!!
Onde comer?
Os meus favoritos foram O Caneta para a típica Alcatra e espetada de filé mignon, a Ti Choa para toda a seleção de petiscos regionais num só lugar (10,90€ por pessoa), e o Beira Mar no Porto de São Mateus (comer à janela com vista para o mar e Monte Brasil) para peixe, lapas, cracas e a maravilhosa sopa de marisco no pão.
Também comemos na Tasca das Tias (não fiquei fã). Mas queríamos mesmo era ter ido à Taberna do Roberto e ao Cachalote (para bife na pedra), recomendações que não pudemos seguir por estarem fechadas.
Para safar, ouço dizer que a Quinta dos Açores tem um bom hamburguer (mas se eu tivesse ido lá o que não me escapam eram os gelados).
O que provar?
O doce de vinagre - que NÃO sabe a vinagre! É uma espécie de arroz doce. Os donuts da Make me Nuts que não são os melhores que já provei, mas sabem a vitória quando só encontramos a lojinha aberta na manhã antes de ir embora. Os queijos da Vaquinha (podem - e devem - comprar para levarem, mas dão-vos a provar um pires com uma seleção das quatro variedades). E SOBRETUDO as queijadas Rainha Dona Amélia, que na verdade me sabem a broinhas de mel fofas (comprem no Forno, no centro de Ponta Delgada).
Tinham-me falado do doce de malagueta, do bolo de torresmo e das Chiken Wings da Rouloutte da Praia da Vitória, mas não cheguei a provar nenhum desses.
Certamente que indo aos restaurantes provarão as lapas, cracas, as morcelas e a alcatra (que não é uma posta de carne é um prato cozinhado, tipo carne estufada para comer em massa lêveda ensopada com o molho!), mas fica a nota para não se esquecerem!
Et voilá. Quem me segue no Instagram viu imagens disto tudo (e ainda estão fotos no feed com a descrição dos dias e um destaque guardado com todos os Stories). Recordo também que fizemos uma viagem a São Miguel em 2019 sobre a qual falámos no Podcast Mensagem de Voz e tem também destaques nos guardados no Instagram e vários posts no feed que reúnem as nossas dicas. E se voltarem a 2014 podem ler sobre os nossos três dias e meio na ilha da Madeira.
As nossas ilhas são imperdíveis, apaixonantes e arrumam a um canto várias das minhas viagens internacionais. Quero conhecer todas as que não conheci e voltar àquelas onde já estive. Por isso não hesitem em deixar também as vossas dicas nos comentários.