Pode brincar-se com tudo, embora não o possamos fazer ao pé de toda a gente.
Não tem a ver com a proximidade do problema até: há paraplégicos que são os primeiros a espalhar piadas sobre o problema que têm, cegos que dizem "estou a ver, estou", familiares de pessoas que o cancro levou (como eu) que são os primeiros a contar anedotas sobre o assunto. Mas a máxima de alguém que gosta de contar anedotas do género "O que é pior do que um bebé num caixote do lixo? Um bebé em dez caixotes do lixo.", deve ser "conhece o teu publico".
[a série #humorsemfronteiras tem o alto patrocínio da minha capacidade de abstração e riso]
O chinelo foi a figura mais aterrorizante da minha infância. Não havia monstro debaixo da cama que me fizesse encolher como o erguer de chinelo da minha avó - a simples ameaça note-se, que ela nunca mo chegou a assentar (terá feito falta, acrescentam vocês).
O filho (já adolescente) de uma amiga minha esteve doente uma semana: uma gripe salpicada com infeção na garganta, um antibiótico que lhe deu a volta à tripa, não aguentava nada no estômago. A minha amiga é que perdeu 5 quilos durante essa semana.
...mas uma coisa que eu gostava muito era ser como aquelas moças que quando acordam ou depois de fazerem algum tipo de exercício que as faz suar ou mesmo todas mal vestidas com a roupa só de trazer por casa a meio da faxina ou depois de um dia de praia todo ele sal e areia...ainda parecem princesas lindas e de cabelo perfeito (aquele despenteado chique). E eu, é mais ou menos isto:
Gostamos mais da comida que faz mal porque não a podemos comer (o fruto proibido é o mais apetecido e portanto se fossem proibidas as couves de bruxelas seriam essas a fazer-nos salivar) ou são os componentes que dão sabor agradável os mesmos que fazem mal à saúde?
Lembro-me de ir brincar para casa do primo (um deles, tenho uma catrefada, só a contar os direitos). A casa dele era grande, com muitas divisões vazias e no andar de cima estávamos praticamente sozinhos, podíamos fazer barulho à vontade (mas não fazíamos porque o silêncio era demais para quebrar).
Sei o que gostava mais e o que gostava menos destas visitas. Mais: era o sítio onde podia jogar consolas. Ele tinha uma Dreamcast e deixava-me jogar Sonic. O máximo que eu consegui alguma vez extorquir aos meus pais foi um GameBoy, pelo que a casa do primo-rapaz tinha logo ali um encanto. Menos: tinha de me descalçar para entrar no quarto. Nessa altura era só o quarto do primo, que tinha alcatifa. Hoje virou moda, em qualquer tipo de chão.
Há quem diga que é má-educação entrar na casa dos outros levando a sujidade da rua. Eu digo que obrigar as visitas a fica em pé-pelado está mais ou menos no mesmo patamar. Afinal os tapetes de entrada foram feitos para alguma coisa. Além disso, ir àquela casa passa a ser como uma ida à natação, mas em vez de te depilares, tens de lavar os pés na hora antes e coser as meias. Pronto, estou a exagerar, por norma as pessoas têm os pés lavados (menos norma do que deveria ser) e calçam meias sem buracos. Mas há quem seja capaz de criar queijo roquefort em menos de meia hora de sapato fechado - depois se as plantas morrerem lá em casa não culpem os convidados.
Mas, no mínimo dos mínimos, se querem impor esta regra lá em casa, certifiquem-se que têm chinelos para dar aos convidados. Se eu não posso sujar a casa com o meu sapatinho fofo, também não me apetece lavar o chão com as minhas meias claras. Era isto.
Ando com uma sede de livros...caramba! Mesmo com tantos na fila para ler, continuo a ter impulsos malvados de desejo.
E sabiam que a Wook, a Editorial Presença, a Bertrand...fazem os livros chegar direitinhos a casa das pessoas? Nem sei porque me lembrei disto agora...
Escrever um livro que os outros tenham vontade de ler (ou devam) é que é difícil.
Fosse de outra forma e as prateleiras na FNAC não exibiriam em destaque um livro que é basicamente um conjunto de frases feitas do Facebook sob o nome de um fenómeno viral do Youtube. E tantos outros, lá no refego, descansam, a merecer ser olhados e devorados.
Fosse de outra forma e não haveria um livro editado - editora e autor portugueses (e falamos de uma editora com algum nome na praça) - onde a maior parte dos à são á e os há são à, deitando assim por terra a minha teoria de que ler mais é garantia de saber escrever melhor (admitindo que o autor lê).
Fosse de outra forma e ser celebridade não seria por si só a maior garantia de se ter um sucesso de vendas em mãos.
Fosse de outra forma e até eu escreveria um livro.