Este mês fizemos um visto no quadradinho de 4 anos de relação. Dos meus 30, significa que sou parte deste pack compre-um-leve-dois em 13% da minha vida. Mas essa pequena percentagem, que é pouco mais de um décimo, é um número absoluto do que quero para o meu futuro e 100% das coisas que não quero abdicar, quando tudo o resto é uma conta errada.
No nosso primeiro jantar ele jamais teria feito algo que comprometesse um potencial beijo. Na comemoração do nosso 4º aniversário, comeu os 4 dentes de alho que vinham no prato com o jantar. Dizem que o alho é bom para o coração...
Tenho um problema...fui à Primark buscar champô seco. Não havia champô seco e portanto comprei uma série de outras coisas que francamente não precisava mas são todas super baratas até a senhora as somar na caixa e nós recordarmos que 5 x barato, já começa a ser caro. E o que é que isto tem a ver com o desafio dos 66 dias? Calma, já explico.
Duas das coisas que comprei foram daqueles "coisinhos de aromas" para a casa: um em pauzinhos e outro em spray. Porquê? Porque passei no corredor e só me cheirava a pinacolada. Eram efeitivamente os "coisinhos de aromas" ananás e côco. Hesitei qual trazer. Acho que assumi que eram 1,5€ cada um e trouxe os dois (porque o preço estava só BEM evidente na embalagem, logo é normal que o 4€ gigante em cada um me tenha escapado). É que a embalagem também era gira e perdi-me de amores.
Querem saber? Pus o difusor dos pauzinhos na entrada. A casa tornou-se uma estufa de pinacolada - aliás os vizinhos a subirem a escada já sentem o aroma. E é mau porquê, se cumpre a função? Apetece-me terrivelmente um Compal de Pinacolada. Se podia ser um iogurte? Podia, mas não é.
Morava nesta casa há uns dois anos, quando a minha J., teve um grande desgosto de amor com seu primeiro namorado. Do alto da minha falta de experiência com relacionamentos sérios, dei-lhe um conselho que ela nem sempre segue, mas lhe ficou para a vida toda: não é ele a tua pessoa, tens de procurar alguém que te iguale ou supere.
Ela pegou logo no marcador colorido (já não me consigo recordar se era azul ou verde) e escreveu no quadro branco do quarto que partilhávamos: "Alguém que me iguale ou supere". Ficou muito tempo exposto no quarto que continuou a ser das duas, depois foi só dela. Mas ainda hoje, se formos a Leiria e espreitarmos o quarto da J. em casa dos pais, está escrita a mesma frase no mesmo quadro, só pendurado numa parede diferente - esse conselho que eu lhe dei, essa frase pela qual tentámos orientar-nos sempre, com as várias pessoas com quem nos fomos cruzando.
Por um motivo ou por outro, por muito que já tenha gostado de algumas pessoas e (ou) elas de mim, nunca achei que cumprissem esta frase. De alguma forma sempre me senti superior - presunção minha, eu sei. E sem esse reconhecimento, não podia nunca ter-me apaixonado verdadeiramente.
Independentemente do que o futuro nos reserve (ou talvez do que nós reservamos para o nosso futuro), tu és o primeiro que, para mim, cumpre esta velha máxima de um par de amigas tolas. Tu igualas-me ou superas-me. Fazes-me sentir grande com as tuas palavras e o teu carinho por mim, e pequenina no teu colo protector ou debaixo do teu olhar terno.
Tenho por ti o respeito e a admiração que ninguém me conseguiu arrancar. Podes sonhar como um menino e brincar como um rapaz, mas tens todos os traços de um Homem: da forma como me tratas, à forma como te relacionas com a tua família e com os teus amigos; da responsabilidade com que vês o teu trabalho, à tua paixão pela música e pelas tuas ambições.
E é por considerar que me igualas ou superas que és tão diferente de todos.
E me fazes a mim ser diferente também. Para melhor.
Não vamos chamar a este conjunto de parágrafos uma carta de amor. Chamemos-lhe só um e-mail de agradecimento, por me fazeres gostar mais de ti todos os dias: de cada vez que me dás a mão, quando me apertas ao ouvir determinada música, se me tocas no joelho quando vamos no carro e eu estou mais calada, quando dizes que me adoras no meio de uma conversa que nem tem nada a ver, se fazes um desvio para me dar um beijo ou simplesmente me lembras que te lembras de mim.
Como pôr açúcar na boca sem quebrar a dieta: usar este esfoliante de lábios da Lush. Mas é preciso não lamber as beiças, o que também se torna complicado, até porque é...comestível. Ninguém me paga a publicidade - o que é uma pena - por isso fica o aviso: nunca entrem numa Lush. Correm sério risco de querer trazer a loja toda. Ou querer comer a loja toda...e não vende comida.
Dica: Andava com os lábios cheios de pelezinhas pelo que decidi usar uma visita à Lush para comprar bombas de banho (e barras de fazer espuma) para comprar um destes que é delicioso (ops, queria dizer, super aromático). Mas podem obter o mesmo efeito esfoliante misturando açúcar com outro creme hidratante que tenham por casa.
Sou tão boa com caras (#not). Creio que já vos disse que sou meio distraída. Posso passar pela minha mãe na rua e não a conhecer (pouco provável, já que moramos em cidades diferentes). Tem muito a ver com o ir focada na minha missão e desatenta ao resto, mas noutros casos tem a ver com eu ser péssima com reconhecimento facial...Nunca me acontece o momento "acho que conheço aquela pessoa de algum lado". Ou se acontece, é por exemplo alguém com quem trabalhei com dez anos e devia conhecer de cor e salteado.
Conto isto porque fui ao cabeleireiro aqui da rua, onde já fui umas...5 vezes em dois anos. Em 2016 fui apenas uma vez, mas tendo em conta que quando pedi à minha irmã que me pintasse o cabelo em casa perdi a audição por causa de água no ouvido e quando pedi ao Moço fiquei com a parte da frente do cabelo malhada ao melhor jeito Cornélia, propus-me a ser mais regular no salão (odeio) num futuro próximo. Estavam apenas duas pessoas a trabalhar, que reconheci logo. Uma era a cabeleireira mais velha lá do sítio, a outra era uma rapariga que costuma andar lá só a varrer o chão e lava os cabelos às clientes quando há muito afluência - faltava aquela que me costuma tesourar e que até tem o mesmo nome que eu, pelo que a conheço bem.
Ora bem, quem avança para cuidar de mim é a moça que só costuma varrer o chão...tudo bem, para já era só escolher a cor certa e pincelar, há-de fazer melhor a pintar que o Moço. Foi eficaz, a tinta lá absorveu em tempo suficiente para a terra dar a volta ao sol, e a seguir chamou-me para lavar. Lavar era coisa que ela já fazia de vez em quando por isso não estranhei. Achei que chamasse a outra cabeleireira quando fosse para cortar...
Só que não. E aí entrei num pânico ligeiro, mas pensei: se ela vai fazer isto é porque sabe, deve ter tirado a formação há pouco tempo. Cheguei mesmo a pensar: ora bem, se ficar mal cresce outra vez. Ela começa a cortar as minha belas madeixas ruivas e eu em olhares de socorro para a cabeleireira mais velha - que nem olhava para nós, a ver se a outra estava a fazer bem. Inacreditável! Deixar assim a novata à vontade...Não sabia se isso era motivo para descansar ou enervar-me.
Tinha-lhe dito que queria franja, não direita, mas um pouco de cabelo mais curto à frente a cair de lado (isto quanto menos cara se vir, melhor) e ela pergunta-me por onde deve cortar. Ai! Por onde?! Mas ela é que está a cortar, já lhe expliquei o efeito que queria, se ela não sabe a técnica eu também não saberia. Confiei (que remédio!) e ela fez exatamente como eu tinha em mente. Até senti necessidade de lhe dizer que estava impecável ("bom trabalho"), como quem dá uma pancadinha nas costas e motiva. Para iniciante, ficou um mimo.
Quando ela já me está a secar o cabelo é que olho bem para a cara dela e penso como é parecida com a outra cabeleireira que me costumava atender. Seriam irmãs? Não. Antes de secar o cabelo todo eu já me tinha apercebido: era ela! Era a minha cabeleireira e não a rapariga que varre o chão! Essa é que não estava lá...
Claro que todo o drama se passou só na minha cabeça, mas mesmo assim, fiquei tão envergonhada que eu, a Maria-não dá-gorjeta, arrendondei a conta de 32,5€ e lhe paguei 35€ sem querer troco. Quando me voltarem a perguntar que super poder quero, já não vou hesitar entre a invisibilidade e o teletransporte. Direi sem dúvida: o dom de reconhecer pessoas.