Que saudades do tempo em que o blog discutia nesta alturadefendia o português Pão por Deus (na minha terra O Dia do Bolinho). Neste momento até me parece mais adequado o Halloween. Ai, porquê?! Eu explico e atiro umas quantas barbaridades. Há quem diga que é humor, há quem diga que estou a enlouquecer.
Ouçam no Spotify, no Castbox (nem precisam de instalar nada) ou cliquem no Play abaixo, para mais uma mensagem de voz. Muito curtinha, que vocês não têm tempo para me aturar.
É a primeira vez que começo a escrever sobre um livro sem já o ter terminado. A edição que estou a ler no Kobo tem 1345 páginas (impresso tem umas 700 e trocos) e vou a pouco mais de metade, mas estou cheia de vontade de falar sobre ele.
Ainda não chorei, como é suposto. Não sei se já passei o bocado onde é inevitável (dizem) chorar, mas já passei certamente por várias cenas onde é suposto querer parar de enjoo e revolta. Não quis parar de enjoo e revolta, porque acredito em pleno na crueldade humana e sabendo o quão triste e traumático o livro poderia ser, já esperava semelhantes cenas.
É um livro muito fácil de ler em termos de escrita, mas por outro lado composto de muita miséria e tristeza. Relata a vida de 4 amigos à medida que crescem na sua vida adulta. A forma como esse relato é feito é muito cativante, ora revelando passando, ora desvendadndo futuro, enquanto vamos sabendo do presente. E depois de uns primeiros capítulos mais parados (mas nem por isso desinteressantes), entramos na espiral da vida do Jude em particular e é impossível parar.
Tenho de o comparar com a última história de um rapaz a crescer que li, que foi O Pintassilgo, e anunciar que estou a apreciar muito mais este em todos os sentidos (argumento, escrita, cadência, interesse das personagens).
Uma das críticas que já tinha ouvido ao livro era o facto de dar tão pouca relevância às personagens femininas. Quase não existem e quando existem, pouco se fala delas. Primeiro achei que fosse porque o escritor era homem e escreve sobre o que melhor conhece. Depois apercebi-me que é uma autora! Mulher! Mas apesar de concordar que se fala pouco de mulheres, não concordo que lhes tirem relevência. É que leio a Ana (para quem sabe) como a personagem que poderia ter mudado tudo. E independentemente do género, consigo identificar-me com características de algumas personagens (a incapacidade de falar do Jude, por exemplo), pelo que não me sinto pouco representada.
Parte II - 12 de Outubro 2020
Acabei! Acabei ontem, mas estava a tentar não ligar o computador (e não gosto de escrever no blog no telemóvel). É um excelente livro. Faz lembrar a série This is us no sentido em que tudo o que houver de mal para acontecer, pois acontece!
Em certas coisas, é um niquinho previsível, e os capítulos finais não foram para mim tão entusiasmantes como o central. Mas continuo fã. Continuo a dizer que foi melhor que O Pintassilgo.
Como é, em termos técnicos, longo-comá-porra e triste-a-rodos, não acho que seja leitura para toda a gente. Também não está editado em português, por isso para já só é opção para quem se sinta à vontade a ler em inglês (sendo a linguagem toda muito fácil).
A promessa que me fizeram é de que iria chorar e isso não aconteceu, pelo que as câmaras da CMTV já estão a caminho de minha casa, até porque entendo perfeitamente as muitas situações - as bonitas e as feias - em que se eu não fosse uma pedra insensível aos problemas que não me são próximos, poderia ter acontecido.
Andava a salivar por este fim-de-semana. O plano era simples: casa com vista para o Douro, muita braçada na piscina e leituras na espreguiçadeira ao sol. Disto tudo sobrou a vista para o Douro, visto que este ano Outubro é mesmo Outono (ah, que saudades dos comentários "as estações andam todas trocadas, 5 de Outubro e ainda está verão!"). Ainda assim, numa fase em que ando submersa em trabalho há semanas a fio e já não sei dizer se tenho tanto trabalho que não consigo ver nada mais à frente, ou se até já podia acalmar, mas agora habituei-me a não pensar em mais do que trabalho do que reequilibrar os pratinhos todos, respirar um oxigénio diferente foi importante.
Ficámos na Quinta da Bandeira, uma propriedade gerida pelo sr.Paulo com 3 casas perfeitamente equipadas em Mesão Frio, sobre o vale do Douro. Cada propriedade tem uma piscina privada e acomoda bem famílias ou grupos - mas se eu soubesse que ia com frio tinha reservado a casa com soalho aquecido! Valeu a pena, ainda assim, fica a recomendação se querem passar uns dias nesta zona linda de Portugal e preferem ir em modo casa do que hotel (para hotel recomendo sem margem para dúvida o Delfim Douro).
Não levámos guia, porque eu ando irreconhecível: não planeei nada, nem lista de compras para levarmos fiz. Mas passeámos bastante pela serra, captando com os olhos e com as máquinas as rasgos de sol na paisagem, e os meus spots favoritos ali pertinho, todos diferentes foram: o miradouro de São Silvestre, os Moinhos de Mesão Frio e a Praia Fluvial da Rede. Claro que ainda demos uma perninha à Régua para ir buscar aqueles rebuçados maravilhoso que provei quando fomos no comboio histórico (que são açúcar puro, mas sabem a renascer).
O miradouro de São Silvestre é um dos tais que tem baloiço. E lamento muito por quem só vai lá para tirar fotos porque o baloiço é uma diversão pegada. Super alto e mesmo com capacidade de nos atirar para a serra a voar, com o balanço certo. Mesmo divertido (até me esqueci que estava frio) e não conseguia parar - sobretudo porque como não chegava com os pés ao chão, não conseguia efetivamente travar, parecia uma baratinha tonta a agitar os pés.
Tenho a certeza que ficou muito por explorar, mas precisava mesmo era de desligar, daquela forma que só conseguimos quando nos afastamos um bocadinho de casa. E mesmo sem picar outros pontos turísticos, fazer trilhos ou provar mais iguarias da região, o simples ato de andar de carro por estas curvas, vale a sempre a pena.