Quem mais não deu por Fevereiro a passar?
Houve Fevereiro? Quando? Ainda ontem era 2017...(e ninguém diz nada por eu ainda ter sacos de Natal e a psedo árvore de madeira natalícia na sala).
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Houve Fevereiro? Quando? Ainda ontem era 2017...(e ninguém diz nada por eu ainda ter sacos de Natal e a psedo árvore de madeira natalícia na sala).
...já fizeste o suficiente para quereres ir de férias outra vez.
Vou só à casa-de-banho do aeroporto por um bocadinho.
- Lamento que tenhas visto o que se passou lá fora (...). Se soubesse que iam destruir a estátua...
- É precisamente isso que eu não compreendo: era apenas uma estátua. Porque a odiavam tanto? (...) As pessoas não podem lutar com estátuas e poemas.
- Adam Mickiewickz [alemão cuja estátua fora destruída] sempre deu esperança aos polacos. Os seus poemas fazem-nos erguer e lutar, já há cem anos. É por isso que os alemães querem livrar-se de qualquer sinal dele. - Explicou Cyril. - Podes detruir uma pessoa (...), mas destruir a história dessa pessoa é muito mais difícil. Ninguém se perdeu verdadeiramente enquanto a história ainda existir.
Excerto de O Fabricante de Bonecas de Cracóvia, de R.M.Romero
...no dia em que me apresentaram leitão com batata cozida para comer.
Digam-me...acabaram-se de vez as cápusulas Nestea para a Dolce Gusto? Ponho-me a chorar ou alguém sabe delas e envia-me uma caixitas assim como que não quer a coisa, mas quer? É que nem na loja online.
E faço uma pausa para ler num sítio novo do mundo.
Foi no dia 16 que a minha vida se mudou para norte. Este blog ressentiu-se, parte da família e dos amigos ressentiram-se, nós ressentimo-nos. O tempo que já era curto afinal tinha capacidade de encolher ainda mais. E as estradas que ao início pareciam curtas (ah, a viagem faz-se tão bem!), são mais longas a cada viagem (excepto quando descubro no Spotify uma nova banda sonora da Disney em português). E ainda assim olho para trás, para o que me lembro e parece tão distante, e acho que somos todos mais felizes. Que há pessoas que vemos quase o mesmo número de vezes e pessoas com quem simplesmente valorizamos mais os minutos e as palavras trocadas. Que outros também mudaram, mesmo que não tenha sido geograficamente e a vida de qualquer forma também lhes tirou o tempo para nós. Houve pessoas que a vida filtrou. Eu e o Moço já habituados a tentar fazer muitas capelinhas quando vivíamos a sul, continuámos a fazer isso, mas ganhámos muito mais tempo para nós. Às vezes a distância que nos obriga a dizer que não aos outros, transforma o tempo que estávamos dispostos a partilhar em tempo só nosso. Sim, a nossa qualidade de vida subiu - parecia mito ou otimismo dizer isto ao início, mas é verdade. Temos mais tempo a dois, mesmo trabalhando muito e viajando muito, vivemos mais fora de casa e vemos a praia todos os dias, mais o pôr do sol no mar sempre que quisermos. Jantar fora ficou mais em conta e nem por isso pior (não sei se já vos falei das costelinhas do Papagaio). Temos uma casinha mais simples, mas maior, com espaço para as nossas tralhas e para o nosso futuro. E, apesar de tudo o que desejava que fosse diferente, como se as mudanças pudessem ter só prós e nenhuns contras, se tenho escrito menos é porque, em boa verdade, tenho vivido mais.
Deixei de comentar fotos em grupos de mensagens entre amigos, porque me causa tremores. Vivo em puro estado de terror dia e noite sempre as notificações disparam. E não é aquilo que podem pensar imediatamente: não é uma queixa de quantidade de fotos de garotada. É que desde que temos mais amigos-casais-com-filhos eles vão publicando fotos dos miúdos nesses grupos onde estão vários (o que agradeço porque gosto de ver os catraios a crescer e fazer malandrices - sobretudo isto). Mas publicam uns a seguir aos outros, outras vezes espaçadamente, e eu tenho um medo aceso de às vezes dizer uns "tão lindo" a uns e a outros não e os pais estarem a medir e a levar a mal porque sou a safadona que elogiou só o filho da outra, ou que também elogiou o dela, só que com menos entusiasmo. Pode ser só o meu micro-OCD que procura equilíbrio e quero elogiar exatamente o mesmo número de vezes todos e portanto prefiro não dizer nada a nenhum. Mas às vezes distraio-me, porque estou com mais minutos livres ou a foto provoca mesmo um acesso de carinho, e comento um qualquer "que amor" e...tá tudo f****. Agora vou ter de ir lá atrás, ver quantos mais publicaram fotos, se reagi ou não ao cicraninho e à fulaninha. Tudo isto a tremer, muito nervosa e voltando a lembrar-me que nunca mais comento uma foto num grupo de amigos que contenha crianças.
Isto já sem falar dos episódios de pais em sequência. Que são aqueles casos em que vendo uma foto da criança de outrem, os pais não resistem a por logo de enfiada uma da cria deles. Tipo "olha a minha filha a andar!". Não! "Olha a MINHA filha a andar!". Só reacendendo a minha certeza que é tudo uma competição infidável e onde quem ganha é quem está caladinho (ou tem capacidade de pôr emoticon com coraçõezinhos em todos sem exceção 3 segundos depois da partilha de cada foto). Só reforçando a minha insegurança que sim, estão a olhar para o que faço a cada segundo, qual Big Brother a ver se apareceu "Maria está a escrever..." no topo da conversa quando a foto é do filho da outra e não do seu.
Isto serve só para expressara minha fraqueza e a minha confusão. Não são só os pais que vivem com o medo e a culpa de falhar - as pessoas que querem que os pais saibam que gostamos muito dos seus filhos (aka pseudo-tios) também vivem com esta pressão terrível de quererem mostrar o seu encanto por todos.
Tem sido difícil arrancar-me do meu marasmo com a leitura. Foram precisos, literalmente, dois avião avariados para me dedicar com afinco a este. Não porque fosse desinteressante, gerou-me logo sentimentos mistos. Por um lado tem uma daquelas capas que apetece emoldurar, um nome que promete tanto e um tema que se cola à segunda guerra mundial, acerca da qual tenho um fascínio (negativo, pois claro). Por outro lado, mete magia e bonecas que do nada começam a falar. Tendo a não gostar de livros que não decidem se são realidade ou fantasia.
Ainda assim, provando que o aspeto das coisa e das pessoas interessa sempre mais do que queremos admitir (aquela história das primeiras impressões) peguei nele - uma prenda de Natal - quando tinha outras dezenas em espera.
E gostei. Não o recordarei como um livro que conta uma grande história (a história é singela, como às vezes as coisas que realmente interessam). Mas fica como o livro que conseguiu explicar com bonecas e magia e ratazanas uma coisa tão feia e crua e real como uma guerra. Para além da capa e dos terrores da guerra, continua aser um livro bonito. Ora experimentem.
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