Não quero fazer promessas, mas uma pessoa a quem não paguei, disse que este é o melhor episódio do podcast. Também podia só querer dizer que os outros são tão más, que só este se aproveita. Ouçam para descobrir qual de nós se assume incompetente, quem se senta no chão e quem tem medo de cadeiras que se mexem.
Ora aqui no spotify, ora aqui no castbox (não precisam instalar nada, se não quiserem - ouvem no browser) ou clicando PLAY abaixo.
Quando medimos prós e contras para algo que achamos que estamos indecisos e de um lado reunimos duas ou três coisas importantes num só tópico, e noutra multiplicamos dezenas de detalhes quase sem importância para estender a lista...afinal sabemos o que queremos, não é?
Foi este o livro que me acompanhou no fim de 2019 e início de 2020. E foi um bom livro de viragem. É do tipo de mistério que eu gosto mais: o que envolve escritores. Além disso, tem uma particularidade que é quase uma batota (das boas). Há um livro dentro do livro. Há dois mistérios para desvendar, portanto, e o meu favorito até é o que vem de bónus. Desesperei por mais páginas. Páginas literais, como perceberão.
Gosto do escritor, do qual não creio que devesse gostar. Mas a sua fidelidade (apesar de tudo) ao que é a sua verdadeira natureza, torna-o o aldrabão mais honesto de sempre. Acho que não falei demais. E a progonista não é de todo um cliché. É uma editora de meia idade com uma relação imperfeita e dúvidas de pessoa normal, em vez de uma gostosa humilde que embora linda não sabe a beleza de que é dona.
A expectativa era alta e a cada página fui gostando mais. Excepto no fim.
O título é só para quem já jogou Cluedo. O medo é real.
Eu sofro de um síndrome. Aliás, três.
O primeiro é fobia de salões. Desde a conversa de circunstância, às revistas com notícias da realeza espanhola, às senhoras que vão só lavar a cabeça, tudo me causa troçolhos.
O segundo é mais grave. Tenho medo de ser assassinada pela cabeleireira. São pessoas que varrem cabelo humano e ostentam tesouras como profissão. Julguem-me se quiserem. Além disso, aturar conversa alheia durante, pelo menos, 6 horas por dia, chamem-me louca, mas é coisa de sociopata.
Apesar disso, continuo a não ter o dom de fazer a manutenção cabelo. E ninguém que me ajude. O Moço não corta bem uma courgette, imaginem uma franja. E da última vez que pedi ajuda à minha irmã para me pintar o cabelo, ela, ao lavar, enfiou-me o jacto do chuveiro num ouvido e ainda hoje não recuperei completamente a audição.
3.O corte sobre o qual não desabafei aqui porque desabafei a chorar em 2019.
Tive de voltar.
Não pensem que me esqueci do último síndrome. O terceiro problema é que sempre que gosto muito de como o cabelo está ou muita gente me elogia o cabelo eu penso: TENHO DE O MANTER ASSIM.
Então. Muito naturalmente. Vou cortá-lo.
Não sei explicar. É como se pudesse ir à cabeleireira e ela efetivamente cortasse dois dedinhos só para aquilo que me agrada se manter mais tempo.
Pois bem. Depois do episódio de Joãozinho em 2019 (fiquei com o pescoço à mostra, gente! desaprendi como se atava o cabelo!) arrisquei ir ao mesmo salão, porque há lá uma cabeleireira em quem confio e outra que me dá tremores quando diz que um dia me há-de cortar o cabelo mais comprido de um lado do que do outro, que "se usa". É aqui que bate a memória da minha mãe a obrigar-me a vestir calças de bombazine porque "se usa". Bem me podem dizer que posso chegar lá e escolher a cabeleireira, mas já vos disse que as temo (vejam o síndrome número dois).
Pois nesta ocasião cheguei lá e exultei de alegria! A cabeleireira perigosa estava fora e teve de ser a minha favorita a cuidar de mim. Relaxei. Cheguei mesmo a dizer que gostava muito do trabalho dela.
Estava felicíssima, até com a Hola na mão. Até ao momento em que começo a ver que ela está a cortar mais de um lado do que do outro. "Deve estar a meio do processo. Vou-me dedicar à Hola." Quando termina (cabelo seco e tudo) a minha cabeça é a Torre de Pisa. Inclinada, por mais que eu esteja direita.
Deixem que vos explique. Eu nunca fui diagnosticada mas desconfio ter um ligeiro OCD que se revela ao nível de combinar a cor das molas da roupa, a roupa interior com a exterior, alinhar comandos e ter tudo paralelo e perpendicular, direitinho na minha secretária. Não estar convencida do lugar certo de uma cadeira que sobra na sala é coisa para não me deixar concentrar no trabalho.
Portanto imaginem-me num estado permanente de desequilíbrio dentro e agora FORA da cabeça. Alguém já jogou Wii Party? Sabem quando no jogo do Navio, quando depois dos mini-jogos temos de colocar os bonequinhos de forma a que o barco não afunde e ao concluir com sucesso a senhora anuncia BALANCED.
Eu NÃO estou. Estou 24/7 assimétrica e a isto (gesto de juntar o polegar ao indicador) de pegar eu numa tesoura e tratar do assunto. A outra opção é ir à concorrência acertar o cabelo, mas neste momento já creio que tudo possa acontecer nessa outra visita. Prefiro fechar-me em casa até 2023.
Não vos maço mais. Só queria que rezassem por mim. Um adeus inclinado. Maria
Fiquem a saber como foi a nossa louca passagem de ano, que define o tom do próximo ano (quiçá, da próxima década!). Além disso preciso mesmo que ouçam, porque promessas foram feitas e serão vocês a testemunhar para que sejam cumpridas!
Espero que no decorrer da audição, não vos choque a notícia da mudança que a nossa relação provavelmente vai sofrer para acomodarmos descendência. A minha e do Moço. Que a minha com vocês será assim para sempre: tu-cá-tu-lá. E não mete ordinarices.
Carreguem PLAY abaixo, ouçam no spotify, ou aqui no castbox (sem precisarem de instalar nada).