(Não) Contar
Sempre fui de poucas palavras. De ouvir antes de falar. As palavras dos outros não me comprometem, nem me expõem. Nada do que eles possam dizer faz notar a minha fragilidade. Se não me conhecem, não têm de saber, se me conhecem, não os preocupo. Por isso não conto. Por isso guardo muito. Por isso guardo tanto. Por isso escrevo tanto.
Respondo invariavelmente "tudo bem" ou "tudo normal" ao fim do dia, quando me perguntam por novidades ou "como correu". Mesmo que tenha um turbilhão na cabeça nesse momento.
Ultimamente tenho vários turbilhões a moer. É a tal mudança. A tal sala de espera. A sala onde eu prefiro estar sozinha.
Mas quando digo sozinha, [agora] digo com ele. Porque onde eu estou, ele cabe sempre. Sobretudo na minha cabeça e no meu coração.