Sou estranha de saudades.
Na primeira semana e meia que passei a norte, longe da casa que ainda sentia como minha, não tive saudades. Os dias pegaram-se todos como se fossem um só. Correram. Não senti falta do Moço, da casa, das coisas, das pessoas, que continuavam sempre lá, eu sabia. Não pensei nisso, estava tudo "longa da vista, longe do coração". Estava bem, ocupada, em adaptação.
Depois cheguei. Cheguei a Lisboa. À minha (sempre) Lisboa. Vi um amigo, vi o Moço, entrei na nossa casa. Olhei-me no espelho da casa-de-banho onde nunca mais porei batom. Senti as saudades todas juntas, acumuladas, fortes. Queria agarrar tudo e não me despedir. Houvesse tempo, talvez chorasse, mas nunca há tempo. Só os dias que se seguem.