Doce como algodão
Há um tempo da nossa vida, ali na parvolescência, em que há coisas que nos fazem confusão. Ir a uma festa de Agosto acompanhada dos pais, por exemplo. Comer um algodão doce por mais que apeteça - afinal já somos crescidos e temos de o provar ao mundo. Ainda nem sabemos nessa altura que o mundo está todo com o nariz enfiado nos seus problemas e não se rala com o nosso alodão doce. Ou que quem se rala e aponta o dedo deve ser olhado com condescendência e não vergonha. Aos 30, é precisamente desses momentos que se faz a felicidade. O meu pai deu-me um algodão doce gigante. Peniquei-o com a minha irmã, enquanto a minha mãe e ele seguiam ao pé com as pipocas. Fiquei com os dedos todos colados e lambi-os. Lambi pois. Sem vergonha. Não há tempo para ter vergonhas nestes fragmentos em que a vida é doce.