Sim, fui de comboio com a linha cortada.
Sabia que ia atrasar-se na chegada, porque uma parte do percurso era assegurada por autocarro. Mas não sabia que ainda antes da transferência ia esperar uma hora sentada no comboio e depois mais meia ao frio, sem autocarros à vista. Sabia que não chegaria às dez, mas não sabia que chegaria já no dia seguinte. Sabia que sairia no Alfa, sem imaginar que chegava num Intercidades.
Tudo isso foi cansativo e frustrante. E mesmo assim, com a mala a rebolar na calçada da cidade à uma e meia da noite, depois de chegar finalmente à minha estação, não era de mim que tinha pena. Não era daqueles que estavam a viajar aos poucos, como eu, sem saber a que horas chegavam ao seu destino. Mas daqueles que estavam parados, a receber e responder a centenas de pessoas ao longo do dia, sem respostas melhores que as verdadeiras (só temos estes autocarros, já não há Alfas, não sabemos qual será o atraso).
Bem sei, se a culpa não é dos colaboradores, pois certamente que também não será dos utentes. Mas será o sítio e a forma certa de reclamar esta que inclui antagonizar as poucas pessoas destacadas longas horas para ajudar a orientar uma situação de improviso?
Não correu bem, não. Hoje pedi o reembolso do meu bilhete e aguardo uma resposta positiva, pela falta de um serviço alternativo decente. Ontem, limitei-me a seguir as instruções, tentando facilitar a chegada a casa.
E a burra sou eu? É possível...