Viajar sozinho
Eu nem gosto de almoçar sozinha, portanto podem adivinhar a minha opinião imediata sobre este assunto. Será uma questão de feitio. Mesmo com um livro por companhia, ou o telemóvel ligado ao mundo na ponta dos dedos, trinco tudo a despachar. Uma refeição que se faz sozinho, alimenta-nos. Uma refeição que se faz acompanhado, satisfaz-nos.
Assim é comigo e com as viagens. A experiência ajusta-se à medida das pessoas com quem a partilho e cresce proporcionalmente em prazer.
Aconteceu ir a Londres a trabalho, sozinha, e ficar mais um par de dias para passear e conhecer a cidade, oportunidade que as horas em reuniões me tinham roubado já umas quantas vezes. Tinha lá alguns conhecidos, amigos de ocasião, que poderia ter desafiado para passear comigo, mas decidi desafiar-me a mim mesma e explorar a cidade ao meu ritmo. Senti-me completa e não houve um minuto em que me parecesse que precisava ali de alguém para aproveitar aquela cidade cinzenta e multicultural. Não precisava, mas queria. Como não preciso de mais ninguém para ser inteira na vida, mas quero ter ao meu lado amigos, família, o meu companheiro para sempre. Porque as caminhadas, literais e metafóricas, se fazem mais ligeiras e felizes quando há passos que acompanham os nossos.
Às vezes, nem precisamos de alguém para continuar a andar, precisamos de alguém com quem parar um pouco.