De Londres a Lisboa são 15 horas - Parte I
Eu sabia que a viagem não podia ser grande espingarda porque ia estar uns quantos dias em Londres sem tempo nenhum para visitar a cidade. Está bem que já conhecia (até já publiquei aqui um guia rápido) mas ir cumprimentar o Big Ben nunca fica mal.
Claro que começou a correr pior quando percebi que ia ficar num hotel com condições desumanas. Porque tinha um cheiro estranho? Porque tinha lixo debaixo da cama? Não. Porque só dava 30 minutos de wifi grátis por dia. E não vale a pena esperar pela meia-noite, porque a próxima meia-hora era mesmo só 24 horas depois.
Ontem apanhei um taxi para ir jantar ao sítio combinado, com as pessoas necessárias, à hora que Deus designou para o Homem dormir e não para começar a comer (22h). O senhor taxista tinha ar de quem me ia esfolar viva para vender no Camden Market em sandes mas no fim até foi simpático e deu-me o número dele para o caso de precisar de regressar entretanto. Felizmente. Porque dei por mim sem telemóvel. Tinha ficado no banco do táxi. E não fosse o brilhantismo do homem a dar-me o número numa tentativa de superior exploração do cliente...tinha ficado logo aí bem embrulhada a viagem. Tinha o número, liguei do telefone de um colega, em pouco tempo ele deu a volta e devolveu-me o telemóvel. Nem me lembrei de lhe dar gorjeta. Não sou de dar gorjetas (acredito que as pessoas praticam o bem e a simpatia porque sim). E talvez tenha sido ele a rogar-me a praga de hoje.
Acordei às 7h, mesmo pertinho do aeroporto de onde ia voar. Se tudo correr bem, chegarei às 22h30 a Lisboa. Isto porque escrevo ainda do aeroporto (mas já não é o mesmo) e estou sem internet porque o wifi não está a colaborar (e surpresas?). Logo não vou publicar isto em tempo real.
O pior foi mesmo que estava tudo a correr bem. Eu já sentia o almoço em família em Lisboa nas papilas gustativas, um abraço ao sobrinho, a seguir a fugida para estar com o meu pai, aniversariante esta semana, e no dia a seguir o regresso a casa tranquilo. Check-in, embarque, e tudo e tudo. Fiquei no lugar da saída de emergência e estava com muito espacinho para as pernas...até que a senhora do outro banco me pede para trocar para ir naqueles quatro lugares com a família toda de quatro (pai, mãe e duas crianças). Sim senhora, olha para mim a ser querida. Mudei. Mas só até vir a assistente de bordo lembrar que naqueles lugares de saída de emergência não podem entrar crianças. Troquei outra vez. Viva a dança das cadeiras.
Avião em pista, arranca com toda a força e ali mesmo antes de levantar...trava! Como a pista não era enorme supos que fosse azelhice do comandante. O que não é espetacular para quem vai atravessar o mar com ele a pilotar, mas ao menos é algo que me permitiria estar em casa menos de três horas depois.
Pois bem, fala o capitão logo para dizer para ficarmos calmos...o que é logo coisinha para deixar a pessoa em pânico.
Eu, felizmente, não tenho medo de voar, e portanto estava numa atitude muito: sim, sim, despacha-te lá. Fala ele novamente então para explicar que havia uma luzinha no painel que acendeu antes de levantar voo e iam ver como apagá-la.
(Continua...)