Bonito. Estava super confiante no "vamos ver como apagar a luz do painel". Nisto, voltaram a andar com o avião para o estacionar. A tripulação começou a servir águas para a secura do pessoal, sendo que como continuavamos proibidos de nos levantarmos não terá sido a coisa mais esperta a fazer para uma série de bexigas. Fala o responsável novamente para dizer que as luzes se vão apagar por um bocado porque vão tentar ligar e desligar o sistema...portanto a solução informática. Parecem-me especialistas.
Neste ponto eu já só queria que continuássemos com a luz acesa. Queria regressar à minha terrinha e estava capaz de assinar um termo qualquer de responsabilidade a dizer que sim, fui eu que pedi para apagarem a tal da luzinha do painel e me sujeitava ao regresso sem resolução do que fosse que a tivesse acendido.
Só que ninguém me ofereceu essa saída. Ofereceram-me foi a porta do avião. Senti logo que estavam a acabar comigo de mansinho. Primeiro vai para ali, que no lounge do aeroporto estás mais confortável. Depois sim, a notícia que não ia dar entre nós. Estava esfomeada porque tinha saído à pressa do hotel sem tomar pequeno-almoço e não comi no aeroporto para ter fome para a comida do avião. Portanto, sem ter comido e enquanto esperava notícias corri a ir buscar comida. Quando regresso, estão a dar vouchers para quem quiser ir buscar comida à borla. Fixe.
Foi o tempo de acabar com a comida que PAGUEI para ter a tal notícia: o voo está cancelado. Disseram qualquer coisa como "agora vamos levar-vos à saída e vão remarcar o voo com a companhia" mas eu só ouvi "safem-se". Numa fila que avançava uma pessoa a cada 20 minutos, com 40 pessoas à frente (e mais umas 40 atrás) para remarcar voo liguei para a TAP. Ao fim de 23 minutos de espera alguém me resolveu o problema. Aceitei o voo no aeroporto do outro lado da cidade, pois claro, melhor que nada e saí da fila, para me meter num taxi onde deixei a herança que nunca tive para chegar só ao comboio que me levaria ao segundo aeroporto.
Se acham que acabaram os problemas atentem nisto: tinha comprado algumas coisinhas no Duty Free do primeiro aeroporto. O que significa que tinha agora excesso de bagagem e...excesso de líquidos. Nada de perfumes, líquidos de gente pobre, mas não tanto que fosse deitar fora. Lá um inglês na fila da TAP que me chamou princess (tudo bem, já estava por tudo) me ajudou. Pediu à menina do guichet para me pôr a mala de mão no porão e sugeriu-me que trocasse umas coisas de forma a que os líquidos fossem para lá. Muito agradecida, escarrapachaei a mala ao pé deles, de onde saltaram logo as cuecas que tinham sido as últimas a entrar, seguidas de uma meia de dormir rota no dedão. Fiz as trocas e baldrocas, tendo de usar um segundo saco de desporto que tinha sido uma borla que hesitei em trazer do sítio onde tinha estado nos últimso dias (um saco feio e bambo, de ginástica). Fiquei com saco e mochilinha, onde tinha já os meus líquidos. Despachei a mala, onde tinha os líquidos em excesso das compras que tinha feito.
Fui para a filinha dos tristes, onde verificam a bagagem, muito descansada - ou tanto quanto podia estar depois de tanta aventura. Só até me lembrar que o pack de SEIS vernizes que comprei também calha a ser o quê? Líquido! Lá fiz a ginástica número dois para os separar e encaixar na minha bolsa de higiente. Coube tudo, não sei bem como, nem quero olhar agora porque posso ter um desodorizante pintadinho de verniz vermelho.
Agora aguardo. Não sem antes ter deambulado pelo aeroporto, fazendo compras de chocolatinhos e inutilidades para mim e para a família que me desgraçaram até ao fim do mês - sendo que é só dia 10 no momento que escrevo e tenho uma viagem (férias!) na última semana para me desgraçar ainda mais. Estou cansada, farta, despenteada, carregada. E continuo a achar que arriscava em ir com a luzinha do painel aceso. Mas a minha mãe não deixava.
Eu sabia que a viagem não podia ser grande espingarda porque ia estar uns quantos dias em Londres sem tempo nenhum para visitar a cidade. Está bem que já conhecia (até já publiquei aqui um guia rápido) mas ir cumprimentar o Big Ben nunca fica mal.
Claro que começou a correr pior quando percebi que ia ficar num hotel com condições desumanas. Porque tinha um cheiro estranho? Porque tinha lixo debaixo da cama? Não. Porque só dava 30 minutos de wifi grátis por dia. E não vale a pena esperar pela meia-noite, porque a próxima meia-hora era mesmo só 24 horas depois.
Ontem apanhei um taxi para ir jantar ao sítio combinado, com as pessoas necessárias, à hora que Deus designou para o Homem dormir e não para começar a comer (22h). O senhor taxista tinha ar de quem me ia esfolar viva para vender no Camden Market em sandes mas no fim até foi simpático e deu-me o número dele para o caso de precisar de regressar entretanto. Felizmente. Porque dei por mim sem telemóvel. Tinha ficado no banco do táxi. E não fosse o brilhantismo do homem a dar-me o número numa tentativa de superior exploração do cliente...tinha ficado logo aí bem embrulhada a viagem. Tinha o número, liguei do telefone de um colega, em pouco tempo ele deu a volta e devolveu-me o telemóvel. Nem me lembrei de lhe dar gorjeta. Não sou de dar gorjetas (acredito que as pessoas praticam o bem e a simpatia porque sim). E talvez tenha sido ele a rogar-me a praga de hoje.
Acordei às 7h, mesmo pertinho do aeroporto de onde ia voar. Se tudo correr bem, chegarei às 22h30 a Lisboa. Isto porque escrevo ainda do aeroporto (mas já não é o mesmo) e estou sem internet porque o wifi não está a colaborar (e surpresas?). Logo não vou publicar isto em tempo real.
O pior foi mesmo que estava tudo a correr bem. Eu já sentia o almoço em família em Lisboa nas papilas gustativas, um abraço ao sobrinho, a seguir a fugida para estar com o meu pai, aniversariante esta semana, e no dia a seguir o regresso a casa tranquilo. Check-in, embarque, e tudo e tudo. Fiquei no lugar da saída de emergência e estava com muito espacinho para as pernas...até que a senhora do outro banco me pede para trocar para ir naqueles quatro lugares com a família toda de quatro (pai, mãe e duas crianças). Sim senhora, olha para mim a ser querida. Mudei. Mas só até vir a assistente de bordo lembrar que naqueles lugares de saída de emergência não podem entrar crianças. Troquei outra vez. Viva a dança das cadeiras.
Avião em pista, arranca com toda a força e ali mesmo antes de levantar...trava! Como a pista não era enorme supos que fosse azelhice do comandante. O que não é espetacular para quem vai atravessar o mar com ele a pilotar, mas ao menos é algo que me permitiria estar em casa menos de três horas depois.
Pois bem, fala o capitão logo para dizer para ficarmos calmos...o que é logo coisinha para deixar a pessoa em pânico.
Eu, felizmente, não tenho medo de voar, e portanto estava numa atitude muito: sim, sim, despacha-te lá. Fala ele novamente então para explicar que havia uma luzinha no painel que acendeu antes de levantar voo e iam ver como apagá-la.
Fui várias vezes a Londres, no passado. Estadias sempre curtas que tinha de aproveitar ao máximo. O regresso das chuvas faz-me lembrar esta cidade cinzenta e multicultural. Digo sempre que não é das minhas cidades favoritas e que não me vejo a morar lá, mas está-me a bater uma saudade, confesso. Assim sendo, lembrei-me de fazer uma boa ação: deixar-vos um guia para uma visita rápida a Londres. A Ryanair está com viagens super baratas (a partir de 19,99€) mas o alojamento é muito caro por isso quanto mais se visitar em menos dias melhor. E a pensar num fim de semana vosso, agora em Novembro ou lá para o início do ano, deixo-vos este guia, considerando que aproveitam a promoção da Ryanair, cheguem a Londres num Sábado às 9h30 e regressem no Domingo pelas 17h30. Querem?
Este é um percurso sem horas em museus (só dois gratuitos e rápidos), sem visitas pagas (não há entrada no Natural History Museum, nem voltinha no London Eye, nem ida ao Madame Tussauds, nem musical caríssimo mas potencialmente de sonho no West End) e que deixa de fora alguns pontos que numa visita mais prolongada conseguirão martelar, como o mercado de estrada de Portobello, em Notting Hill (cenário do filme homónimo). É um percurso rápido (mas para fazer com calma) e em conta, que podem fazer num fim-de-semana e que vos deixa sentir toda a Londres, e, de acordo com a minha experiência (que cruzei com este one-day-guide), bater todos os must-do. Sintam-se à vontade para me corrigir nalgum ponto ou adicionar sugestões.
Esqueçam o Big Ben, as figuras de cera do Madame Tussauds, o Museu de História Natural, os mercados tradicionais, o London Eye sobre o rio Thames, o Buckingham Palace e tentar fazer mexer a guarda real.
Só há uma coisa que não podem mesmo perder em Londres: mini panquecas com Nutella. Este vídeo fui eu que filmei da última vez que lá estive. A chorar de prazer.