Diário da Islândia #3 | Missão: Ficar de pé.
Local de Partida: Reykjavik, Islândia
Local de Chegada: Reykjavik, Islândia
É verdade, não me enganei a copiar o local de partida para o de chegada: este dia foi em exclusivo para visitar a capital, que não é enorme mas tem muitos pontos bonitos. Diria que passamos uma boa parte do dia só a aprender a andar no gelo sem cair. E é com um nível espanto que não consigo traduzir que digo orgulhosa: não fomos ao chão. Depois do nevão que nos recebeu e de algumas gotas de chuva, uma boa parte dos passeios estava coberto daquilo a que chamam Black Ice. Já não é neve fofinha, é neve que semi-derreteu, meio que se sujou e deu lugar a uma autêntica manteiga para a sola. E não há bota anti-derrapante que chegue para isto. As técnicas de sobrevivência foram basicamente andar muito devagar (quase para trás) se fossemos obrigados a pisar o gelo, e sobretudo...andar pela estrada com os carros. Sim, eu sei. Andar na via automóvel não costuma ser confundido com uma técnica de sobrevivência.
Começámos por visitar a Hallgrímskirkja (santinho!) que é uma igreja de arquitetura exterior muito a atirar para o irreverente e que ficava mesmo ali ao pé do nosso alojamento de caixa de fósforo (Andrea Guesthouse). E aqui tenho de fazer uma pausa para falar de outra coisa que também era mesmo ali encostadinha e que vale a visita: o café Loki e o seu gelado de Pão de Centeio. O Pão de Centeio é uma especialidade local (e muito boa). O gelado de pão de centeio é um passo acima a caminho do céu (já que estava a falar de igrejas).
Ora por dentro a igreja era só normalucha. Mas se pagarmos 8€ ou 1000 coroas islandesas para ir lá acima - paguem para ir lá acima! - temos a melhor vista panorâmica da cidade.
Por falar em vistas fantásticas, a seguir visitámos um cenário de fotos clássico da Islândia, junto ao lago Tjornin. Apresentou-se gelado que nem um Corneto, sem pinga de água em estado líquido, mas nem por isso um milímetro menos bonito.
Para fazer o hat-trick (porque a vista lado mais bonito do lado também envolve uma de telhado verde), fomos a mais uma igreja: a Basílica do Cristo Rei. Nada de espetacular, mas vimos uma cena em que o padre se deslocou à caixa de esmolas para fazer a recolha e caíram moedas de tal forma que parecia um jackpot no casino a tilintar.
Nesta altura a barriga já estava a dar horas e foi a altura certa para irmos dar um passeio junto ao porto onde haveríamos de comer no Seabaron, o restaurante com bancos de bidão de azeite, onde água e café eram gratuitos (água foi em todo o lado, café é de aproveitar) e o peixe em exposição estava tão fresco que saltava. Era um tasco dos mais capazes, onde eu jamais teria ficado se não tivesse feito bem a pesquisa de viagem.
Foi lá que sorvi aquela que eu descrevo como uma das melhores sopas da minha vida e o Moço descreveu nesta conversa:
Maria: É maravilhosa, não é?! Que caldo tão saboroso e a lagosta desfaz-se na boca.
Moço: É boa...
Maria: Agora a sério, estou a ver a tua cara...
Moço: É um bocadinho enjoativa.
Maria: Não me digas que estás a comer uma sopa da melhor lagosta que já provaste e preferias frango assado?
Moço: Sim...
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