O que não nos mata torna-nos mais fartos.
Não é um erro de digitação, é isso mesmo. Abaixo a ditadura da felicidade em frases feitas.
Nunca nos deixam olhar o lado lunar em paz. Quando as coisas correm bem não nos podemos queixar. Quando correm mal há sempre quem esteja pior. Quando o que passamos é mesmo assim a tender para o pior temos de nos contentar na mesma com a ideia de que nos torna mais fortes ou que depois da tempestade vem a bonança e portanto temos de estar felizes por esta magnífica fase de viragem.
Ora porra, em teoria sabemos isso tudo. Mas deixem chorar, deixem entristecer, deixem dar corpo à dor por um bocadinho. Se não tivermos medo dela, se não a reprimirmos, se aceitarmos as coisas más como um facto e não fizermos delas um bicho papão dentro da arca do sotão, se soubermos que não faz mal que nos sintamos mal de vez em quando (mesmo que o nosso problema seja muito relativo ao pé dos meninos em Àfrca a morrer) talvez possamos ver a normalidade da coisa e tornar tudo menos gigante.
O que não nos mata, deixa-nos fartos. E desde que nos fartemos das coisas beras e não de nós, está tudo bem.