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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

19
Nov21

É para uma amiga

Maria das Palavras

Há minutos que às vezes são dias que às vezes são semanas em que tudo parece um pouco sem sentido. O que passou valeu de pouco, o presente está sempre a passar e o futuro não tarda a ser passado. 

E, em teoria, até sabemos o que fazer para inverter a tendência. Meditação e terapia para a mente. Exercício e boa alimentação para o corpo (e para a mente). Viagens e convívios para ganhar inspiração (e para o corpo e para a mente).

Para bem ser, vamos começar os planos em pequenos objetivos exequíveis. Ainda não dá para o mindfullness a 100%, mas podemos agradecer as filhas da p*ta das pequenas coisas. Não vamos correr já a maratona, mas vamos de escadas em vez de elevador - porque a tecnologia andou a evoluir para lhe fecharmos os olhos. Até ao ponto em que somos aquelas pessoas que conseguem largar o trabalho das 9 às 6 para cumprir o sonho de vender bolotas pintadas por conta própria, ou dar a volta ao mundo e colecionar uma criancinha adotada de cada país ou - mais incrível - ficar tão viciadas em fazer desporto, que nem se sentem bem no dia que o ginásio fecha!
Mas, não sei se estão a perceber pelo meu discurso, que nem sempre temos a motivação para darmos os pequenos passos que têm de ser dados. Que às vezes só o facto de não deixarmos a tampa de iogurte lambida no balcão da cozinha parece um esforço hercúleo. E a tampa lambida afinal é de molho de batatas do McDonalds. 

E, como somos pessoas inteligentes, sabemos perfeitamente o que isto é e de onde veio. Freud nem sempre explica, mas para bom entendedor meia negação basta.

Então, quando sabem exatamente o que têm de fazer, mas nem isso apetece, o que fazem para semear a motivação que não têm?
É para uma amiga.

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20
Nov20

Somos todos Extremistas na Internet

Maria das Palavras

Já decidimos se a Dodot é a melhor marca de sempre ou deve fechar?

 

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Pois é, a Dodot Portugal fez uma campanha em que partilhas valiam uma ação de solidariedade, como foco em bebés prematuros, com um donativo máximo de 10.000€, consoante o número de partilhas.

No dia 1 eram a melhor marca de sempre e ninguém podia passar sem partilhar o vídeo emocionante (que muitos nem viram, aposto). No dia 2 eram uma marca aproveitadora e nojenta porque fazem parte de um grupo P&G que deu 7 milhões ao Neymar para publicidade noutra marca.

As pessoas devem refletir antes de partilhar? Sim. E antes de criticar? Também.

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Somos tão cegos para estar de um lado da fronteira que nos esquecemos de tudo o que não sabemos. Por exemplo, não sabemos quanto a P&G dá para solidariedade. Pode ser muito ou nada, só não podemos achar que temos a certeza.

Também não sabemos qual o orçamento da Dodot Portugal, mas garanto de forma relativamente segura que não tem nada a ver com o budget da P&G internacional. 

Os 10 mil euros em causa eram provavelmente (não sei) do departamento de marketing. São orçamento para promoção da marca e portanto podiam escolher promover a marca associando-se também a uma causa ou simplemesmente pagar mais uns poucos  anúncios no horário nobre da SIC e está gasto (e se pensam que a publicidade em TV está morta, enganam-se, que ainda atinge milhões). Se for este o caso: é o que farão da próxima vez. E outras marcas estão automaticamente desincentivadas a investir em ações de marketing associadas a solidariedade. Vade retro opinião pública. São menos 10 mil para os bebés prematuros.

 

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Por que o departamento de marketing é pago para promover a marca, pasmem-se (!). Tiram partido das emoções das pessoas? Claro. Mas é uma marca que envolve bebés. Ou fazem sempre anúncios com líquido azul numa fralda ou apelam de facto à emoção para criar uma ligação com a audiência. Não são maus por isso: às tantas mostram que estão atentos e conhecem o público. E, sim, vendem mais - porque é para isso que uma empresa serve. E se tiverem lucro, tavez até dêem parte para solidariedade, sem vocês saberem.

 

Ou não. Não sei. Não sei mesmo. O que sei é que temos de refletir antes de agir. Temos de ter cuidado a louvar, mas também a linchar. São duas faces igualmente desinformadas da moeda. 

 

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01
Set20

Bem-vindos a Sezembro

Maria das Palavras

Hoje tive 3 segundos para frequentar redes sociais, o que deu tempo para ver 3 stories. E os 3 davam boas-vindas a Setembro. Que bom que chegou, finalmente. Mês de recomeços. Queremos fazer fast forward aos últimos meses e avançar para as datas que gostamos, para um ano diferente até (este 2020 nunca mais acaba!). Mas antes de acabarmos de dizer a palavra Setembro, vão ver que já é Dezembro. E que 2021 não só vai chegar, como vai passar a correr. E cá estamos nós, na ânsia que os dias corram, para chegar mais outro, sem aproveitar este exato minuto.

Lembro-me sempre do filme Click. Que recomendo MUITO se nunca viram, apesar de parecer só mais uma comédia tola do Adam Sandler...e, ok, sob várias perspetivas, é mesmo. 

Só que tem uma lição valiosa, numa altura (é de 2006! e começa a ser assustadora a quantidade de factos destes que me fazem sentir velha) em que nem se falava de mindfullness e gratidão. Ele vai a uma loja pedir um comando universal e vendem-lhe efetivamente um comando universal. Literalmente. Que controla o universo. 

Então ele vai passando à frente bocadinhos chatos, como nós às vezes fazemos com a publicidade. Duche? Passa à frente. Reunião chata? Passa. E, às tantas, ao longo do filme, vemos como vale a pena viver tudo. Até as partes chatas da vida. Até viver durante esta época louca, invulgar, incerta, de pandemia, em vez de querer chegar ao dia em que tudo já passou, a correr. Porque é de todos esses momentos (bons e maus, divertidos e chatos, fevereiros ou setembros) que se compõe a nossa existência. 

E agora vou-me. Que já é Setembro, e ainda não acabei o que tinha para fazer em Agosto.

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12
Jul20

Não foi o Instagram que me ensinou.

Maria das Palavras

Tenho ideia que as pessoas se esquecem que não aprenderam tudo nas redes sociais, não querendo eu desfazer do valor da partilha útil. Da mesma forma que a mesquinhez da vizinha virtual, já existia às janelas, da mesma forma que antes de serem as Youtubers a esgotar vestidos, o faziam as atrizes de Hollywood, também algumas das maiores tendências desta era nasceram muito antes.

 

Hakuna Matata - Suricate - Pixabay

 

O conceito de Mindfulness por exemplo, foi a Disney que me ensinou. Mais propriamente um porco, acompanhado de um suricate e um leão que comia insetos. Hakuna Matata, diziam eles. Que era preciso viver no momento. Como todos os conselhos dados (por isso não vendidos) têm de ser levados com sensatez. Esquecer os problemas para sobreviver, como diz a canção, faz-se se de facto já não há nada que possamos fazer senão remoer neles e dar cabo da possibilidade de desfrutar do presente. Até pode ser um life coach a lembrar-me disso no Instagram, mas essa lição ouvi-a repetida e cantei-a mil vezes ainda antes dos 10 aninhos. Hakuna Matata. Atira o passado para trás das costas.

 

E a #gratidão? Apreciar as pequenas coisas diariamente para nos sentirmos bem. Foi um livro de auto-ajuda? Não. Foi a Maria, a freira cantora que foi tomar conta dos 7 miúdos Von Trapp que me deu uma canção favorita e um mote. Bigodes de gato, invernos que derretem para primaveras, tudo detalhes que devemos apreciar para não ficarmos a marinar nas grandes e inevitáveis desgraças com que nos cruzamos na vida. O Gustavo Santos austríaco, aquela menina. 

 

E sei que desta influencia não sofri (ainda, será que algum dia?), mas também não foi o PT Paulo Teixeira que me tentou cativar para o exercício através de um ecrã pela primeira vez. O meu primeiro PT foi o Gualter, na Rua Sésamo, acompanhado dos seus amiguinhos. Claro, que hoje não poderia dar essas aulas num live, porque as fazia em pelo e seria censurado!

 

 

Nem foram as 7665 publicações de nutricionistas (reais e pseudo) os primeiros a alertar-me para fazer uma alimentação rica em nutrientes, através da ingestão de legumes. Este foi o primeiro rapazinho a debitar-me o seu What I eat in a day , com algumas influências vegan. Tinha uma poupa (para rimar com sopa?) e era um visionário quanto à pandemia: diz que nem se importa de não poder sair de casa porque gosta de sopa, do seu paladar, ao almoço e ao jantar...

 

 

Como estas, muitas outras lições que o Instagram até me vai recordando, mas foi muito antes que me entraram na cabeça. E de todas elas, só há uma que me esforço muito para não interiorizar e cantar a plenos pulmões...(esperem pelo refrão, se não conhecem)

 

 

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15
Mai20

O novo (a)normal

Maria das Palavras

Maria das Palavras - O novo (a)normal


É como um jogo. Tudo o que vem da rua tem lepra e não se pode tocar - até o Moço quando regressa do trabalho.

Depois passam para a zona radioactiva da casa (o Moço passa só para o chuveiro) e é ver esta menina a esfregar embalagens com lixívia, a esfregar tangerinas com sabão, com o cuidado e delicadeza com que se banha um recém nascido. O Moço esfrega-se sozinho. A contragosto.

Nunca o meu umbigo, em 34 anos de vida, ficou tão bem lavado como o plástico que envolve um queijo fresco antes de ir morar para a prateleira do nosso frigorífico.

Tenho um nojinho latente de tudo e de todos.

A vida até pode passar a ser levada com este novo normal, aos poucos e com cuidado. Até podemos um dia voltar a um normal muito semelhante ao que já conhecíamos.

Mas só descanso no dia em que voltar a deixar cair uma amêndoa no chão e aplicar a regra dos 5 segundos para a levar à boca.

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29
Abr20

'Vai correr tudo bem' ou Lei de Murphy?

Maria das Palavras

Não há dúvida nenhuma que um dia, não sabemos quando, isto da pandemia não passará de uma recordação, depois uma história. Também não tenho dúvidas que vamos ganhar alguns hábitos novos que ficam para o futuro - arrisco dizer que algumas pessoas até vão passar a lavar mesmo as mãos quando saem da casa de banho. Tenho mais dúvidas que nos tornemos pessoas melhores, acho que, como sempre, por cada ato de altruísmo, há alguém que leva as latas de atum da prateleira do supermercado todas para sua casa e assim o mundo se equilibra.


Mas até lá o nosso humor vai variando. 
Na maioria dos dias não ligo a qual será a data de validade do isolamento, só espero que seja superior à da minha farinha que ganhou bicho. Sei que vai ficar tudo bem e, portanto, passo um dia de cada vez, o melhor que posso. 
Os outros são os dias "era só o que me faltava". Ou, como me lembrei há pouco quando barrei uma bolacha com manteiga de amendoim e ela caiu com o lado pastoso no chão: os dias da Lei de Murphy


A maior parte das situações que me fazem levar as mãos à cabeça não têm relação direta com a quarentena, mas sei que me apoquentam a uma escala desproporcional por causa dela. E se me apetecer chorar porque a farinha tem bicho (não é corona) e não posso armar-me em pasteleira, quando sei perfeitamente que se não fotografar um bolo o Instagram me bloqueia a conta por violação de normas da comunidade, não tolero que me digam que não tenho razão para isso.

Concluo que lidar com o isolamento é isto. Admitir que de génio e de louco, todos temos um pouco. Menos a parte do génio.

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17
Mar20

Reflexões em tempo de Isolamento

Maria das Palavras

1
Não frito nada em casa. Não vou a restaurantes nos próximos tempos. Quanto tempo manterei a sanidade mental sem batatas fritas?

2
As pessoas dizem que daqui a nove meses vai haver um baby boom porque está tudo fechado em casa (supostamente) a fazer bebés, mas ao mesmo tempo publicam o desepero que vivem com os seus filhos em casa de 5 em 5 segundos. Não é compatível. 

3
Toda a gente partilha a sua arte para ajudar a entreter os outros. Os chef's partilham receitas. Mas não saberão que as pessoas não devem deslocar-se ao supermercado (e as entregas já estãode 2023 para à frente), para estarem a sugerir uso de ingredientes como polvilho doce ou romaninho de menta achocolatada do Turquistão? 
Espera...toda a gente tem polvilho doce em casa?

4
Não tenho post its suficientes para trabalhar em casa. 

5
Preciso mesmo de batatas fritas.

 

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20
Jan20

Listas

Maria das Palavras

Quando medimos prós e contras para algo que achamos que estamos indecisos e de um lado reunimos duas ou três coisas importantes num só tópico, e noutra multiplicamos dezenas de detalhes quase sem importância para estender a lista...afinal sabemos o que queremos, não é?

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07
Set19

O Flagelo da Rapariga que Viajou sem o Marido

Maria das Palavras

Quem acompanha o Instagram sabe que em pouco mais de um mês fiz duas mini-viagens sem o Moço (com quem não me casei entretanto, acalmem-se, usei liberdade criativa no título). Estive 5 dias a passear na Áustria com uma amiga e na semana passada 3 dias em Sevilha como a minha sister


Não viajei com o Moço, nem tive férias com ele durante o verão, porque ele mudou de trabalho mesmo antes de começar a estação e os planos foram por água abaixo (por uma boa causa). Mas também podia ter sido só porque tinha combinado viagens com outras pessoas. 

Dando uma novidade ao mundo: eu e o Moço não estamos agarrados pela anca. O que é muito bom porque isso significaria que seríamos gêmeos siameses e sermos irmãos tornaria a coisa muito estranha (não foi o Eça que escreveu a minha vida). 


Daí que tenha achado tão divertidos quanto preocupantes alguns comentários e olhares quanto ao facto de eu ter viajado "sozinha" - sem ser a trabalho. Trabalhar aparentemente até posso (obrigada sociedade), mas querer andar na galderice para meu bel-prazer já é um bocadinho a roçar o título de porca. 


As três reações mais frequentes aos nossos programas separados foram: 

 

1. Mas está tudo bem, convosco? Acabaram?  (tom preocupado)

Está tudo ótimo conosco. Não estaria se, por exemplo, uns dias separados, sem justificação médica ou laboral, fossem sinónimo de chatice. Aí a porca estaria nas couves. E a porca só foi à Áustria. E a Sevilha. Couves-free.

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2. A minha mulher/o meu marido não iam deixar. (com expressão de atrevimento)

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH.

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3. "Acho bem" mas com ar de desconcerto. 

Como quando me dizem que fico muito bem de franja. Há uma certeza metida a chicote na voz, mas um ar de dor de desarranjo intestinal na expressão facial.

 

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Certo que a maior parte das pessoas não reagiu. Porque viajar com alguém que não o namorado ou marido ou companheiro, por opção, não é digno de uma reação. E gabo-me de me rodear de pessoas assim. Mas ainda há um longo, muito longo, caminho a percorrer na mentalidade das pessoas. Até porque não estou a contar a parte em que a minha ideia inicial era fazer uma escapadinha europeia sozinha e TODA a gente reagiu como se eu estivesse a dizer que ia injetar malária. 

 

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11
Fev19

A tua opinião é que importa (a não ser que seja diferente da minha)

Maria das Palavras

Algo diferente no meio de muitos iguais.


Há uns tempos separei - para dar - a minha camisola de malha cor-de-rosa favorita. Uma camisola com riscas e gola alta, muito antiga (tanto que era da Kiddy's Class, quem se lembra?), mas estava em condição impecável. Sempre gostei dela, sendo a minha camisola de recurso para me sentir confortável sem me sentir mal vestida. Entretanto ganhou um ou dois borbotos, mas até a esses ganhei carinho. Era gozada por andar sempre com a camisola (não andava sempre, mas como disse era a minha camisola de recurso). Lá comecei a pensar que talvez fosse tempo de me desfazer dela. A única razão para me livrar dela seria que outros não gostavam dela. Mas eu sentia-me bem com a camisola e, pondo as coisas em termos "MarieKondianos", a peça fazia-me feliz. 

Que interessa que fosse a única a apreciar a camisola, se gostava genuinamente de a envergar?


Cortei o cabelo. Cortaram-mo. Toda a gente diz que está muito bom (e nem é fingimento, pelo menos nas pessoas a quem o sei reconhecer). Fica-me muito bem e o Moço em particular, acha que é o corte que gosta mais de me ver. Não gosto e diz-se que sou dramática por isso, visto que repudio um corte que toda a gente elogia. "Deixa-te disso". "Fica-te bem". Como se o facto de toda a gente gostar tivesse de me convencer a estar feliz com esta forma de cogumelo capilar. 

Que interessa que o cabelo curto me fique melhor, se me faz sentir pior? Se acordo de manhã e não gosto do que vejo e é assim todos os dias? 


Quando aconselhamos os outros dizemos sempre: faz o que achares melhor, a vida é tua, não é dos outros. Mas se à força, nisto que são futilidades, me querem mudar a opinião porque estou em minoria - logo, não estou "certa"; imaginem como se dá este mesmo processo em tantos outros fatores. A nossa profissão, as pessoas com que nos damos, as experiências que vivemos, são certamente condicionadas pelo que os outros acham que deve ser. São certamente limitadas pelo socialmente aceitável, que exige menos energia, porque não é preciso contrariar. Gostamos porque a maioria gosta. Pelo menos, muita gente gosta. Mesmo quando tentamos ser do contra, mas somos do contra ao pé daquela fatia de gente que também é. Esses que não entram em rebanhos, mas se olharem para o lado vêem-se dentro da cerca com outras ovelhas negras.

 

Vocês vão dizer-me que não são assim. Eu também digo. Mas afinal, dei a camisola cor-de-rosa.

(mas certamente não vou manter o corte Hiroshima)

 

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