É quase meia-noite.
As tradições (as nossas, como as do mundo) servem para nos emprestar um sentimento de conforto. Com tanta instabilidade, mudança, evolução e marcha-atrás da vida, faz-nos falta saber que há coisas que não mudam. Ou que não mudam enquanto isso depender de nós.
Há muitos anos - e está gravado numa cassete VHS - eu, a minha irmã e as minhas "primas do Natal" gritávamos aos saltinhos é quase meia-noite, é quase-meia noite com a aproximação pintada de adrenalina da hora décima segunda, qundo o galo canta a missa e nós abrimos as prendas. Tenho trinta anos e já não podemos, porque as coisas mudam, lá está, passar o Natal com as primas. Mas continuamos a esperar pela meia-noite, como se crianças houvesse, para abrir as prendas. E cantamos baixinho, cada uma só para si, mas em coro se virmos bem: é quase meia-noite, é quase meia-noite.