Foram 62 lidos até agora - será que hoje ainda acabo um?...Revi todas as leituras que fiz no meu bom velho aliado Goodreads. Nem todos os seleccionados foram 5 estrelas e nem todos os 5 estrelas foram selecionados. Mas creio que foi esta a seleção que mais me surpreendeu, mais recomendei e mais vou recordar em anos futuros. E, sim, dói-me o coração de não fazer caber uma lista mais extensa, onde inclua Jo Nesbo, o Pátria, ou o gráfico e lindo O Menino, a Touperia, A Raposa e o Cavalo. Mas a pessoa tem de escolher.
Os Quatro Ventos, Kristin Hannah A autora que mais me surpreendeu este ano foi esta, porque eu já tinha lido dela O Rouxinol e não achei imensa graça. Mas em 2021 tenho dois romances históricos dela no top. Este passa-se durante os anos da Grande Depressão e da Dust Bowl no Texas. Elsa terá de tomar decisões difíceis para proteger a sua família e nós quase sentimos o pó na garganta. Quero ler.
Maybe You Should Talk teo Someone, Lori Gottlieb ALERTA livro favorito do ano! Uma terapeuta fala sobre a sua história e a dos seus pacientes. É todo baseado em histórias reais embora se tenha protegido o anonimato dos pacientes misturando algumas histórias e alterando nomes. Provoca uma reflexão profunda enquanto nos abre um pouco a porta do que é a terapia, mas lê-se como se de ficação se tratasse, no sentido em que queremos saber o que acontece às "personagens". Infelizmente não está traduzido ainda, mas se se sentirem à vontade para ler em inglês, por favor, façam-no. Quero ler.
A Anomalia, Hervé Le Tellier Começou morno e acabou como um favorito do ano - a página 117 para mim foi um ponto de viragem decisivo. Que teia fenomenal de histórias e mistério. Um avião aterra e dá-se o fenómento mais estranho de sempre. Não vou contar mais para não estragar. Não é tanto sobre o que acontece, é muito mais sobre como reagimos. Se gostam de thrillers, aqui está um muito original. Quero ler.
Apneia, Tânia Ganho A tradutora do livro acima é a autora deste. E que livro! Fiquei em Apneia durante todo o livro. Uma história lenta e intensa sobre uma mulher que se divorcia e a sua luta para ter a guarda do filho. A manipulação, o desespero, sentem-se na nossa pele e só voltamos a respirar quando chegamos ao fim (que não me agradou, mas é coisa pessoal). Que bom foi conhecer esta autora portuguesa em 2021. Quero ler tudo o que publique! Quero ler.
The Other Passenger, Louise Candlish Lamento que também este ainda não esteja traduzido em português, mas é o thriller mais cheio de twists que li este ano, e portanto um dos que mais gostei. Um homem faz todos os dias a travessia no rio para chegar ao trabalho, em Londres, com o seu amigo Kit - que desaparece misteriosamente. Preparem-se para esta viagem louca. Sempre que acharem que sabem o que se passa, o livro dá mais uma volta! Quero ler.
Se deus me chamar não vou, Mariana Salomão Carrara Como um livro tão pequenino pode ser enorme. É a vida vista por uma menina de 11 anos, Maria Carmen. Uma menina que quer ser escritora e regista a sua visão do que acontece. Comovente e cru. Curtíssimo e tão cheio. Quero ler.
O Peso do Pássaro Morto, Aline Bei Tal como o livro anterior trata-se de um livro muito curto, apenas editado no Brasil e que por cá se vende numa livraria online (está nos links). Escrito em verso e, portanto, ainda mais rápido e leve de ler, mas nem por isso menos pesado. É a história de uma mulher dos 8 aos 52 anos, sobre dor e força. Quero ler.
Pachinko, Min Jim Lee Último livro de que falo que só temos para já disponível em inglês, prometo. Segue a vida de uma família de origem coreana, que emigra para o Japão. São várias gerações e uma cultura completamente diferente da nossa. Um mundo para entrarmos e descobrirmos, passo a passo. A Sunja é o nosso ponto de ligação entre toda a história. Quero ler.
O Lugar das Árvores Tristes, Lénia Rufino Mais uma autora portuguesa que passou diretamente para o top, com a sua primeira obra. A Isabel procura respostas sobre a sua família e nós vamos procurar essas respostas com ela, a partir da sua aldeia do interior, por mais que se escondam atrás de mentiras e segredos. Tão bem escrito. Quero ler.
O Vício dos Livros, Afonso Cruz O livro sobre livros que arreda todos os outros. Não é segredo para ninguém que eu sou tontinha por tudo o que este autor escreva. Mas esta coleção de textos sobre cultura, livros e detalhes das suas viagens deixou-me sem palavras. É para leitores vorazes, sobretudo, porque acho que quem não gosta de ler, jamais conpreenderá o que perde. Quero ler.
Seven Days in June, Tia Williams Sabemos agora que a Topseller vai trazer este livro para o mercado português em 2022 e isso deixa-me felicíssima. Foi o melhor romance (de amor) que li no ano, ainda em inglês. Por ser tão imperfeito, tão fora da norma, tão pouco tradicional. Eva e Shane conheceram-se por 7 dias em Junho no passado e reencontram-se no presente. Vamos conhecer os dois momentos em pormenor. Quero ler.
A Grande Solidão, Kristin Hannah Acabamos como começámos: com Kristin Hannah. Este foi até o primeiro livro favorito do ano, o primeiro a que atribuí 5 estrelas. A Leni é uma adolescente que se muda com a família para o Alasca. Mas numa terra cheia de perigos, que conheceremos em detalhe, o maior de todos está dentro de casa. Épico. E como numa data destes livros que descrevo, a única coisa que me desagradou foi o finalzinho de todas as pontas atadas - só porque a vida não é assim. Quero ler.
Aí os têm. Se se quiserem desgraçar já e comprar alguns usem os links que vos deixo, que me podem dar uns cêntimos de crédito na Bertrand. Que me permitem comprar mais livros para vos aconselhar mais livros. Win-win, certo? Ahah. Tenham um ano brilhante de leituras - e não só. E não deixem de partilhar se já leram algum destes (o que acharam) ou que outro me recomendem!
Depois de vários meses a bater recordes de leitura, em Junho achava que tinha lido 2, mas afinal foram quatro! (de um deles não me lembrava, por não ser um livro típico, outro acabei em julho, mas contei na mesma) Junho foi um mês complicado de muito trabalho e pouco tempo livre (já disse que tive 3 casamentos?), mas o que li foi com gosto e, como insisto sempre que me dão oportunidade, ler não é uma corrida, ou coleção de cromos. Um livro por ano, pode ser tão bom como 4 num mês, desde que dele retiremos o devido prazer.
Só me chatei que queria mesmo ter lido pelo menos um livro antigo da minha estante, dos que aguardam há mais tempo, mas o que acabei por ler foram quatro livros novos! Dois comprados por mim, dois oferecidos pela editora (lançamentos de Junho que me interessavam). Mais uma vez: fazer planos é bonito, mas leio o que me dá prazer e foi isto que quis ler.
1. O Homicídio Perfeito - Um Guia para Boas Rapatigas, de Holly Jackson - Novo
Para quem tinha estado a reviver a juventude, na casa dos pais, a tirar da estante todos os livros do passado (desde coleções de aventura como Triângulo Jota, à Profissão Adolescente, às Luas de Joana, Diários de Sofias e afins) este foi o livro perfeito. É um mistério juvenil, em que a Pip, com a desculpa de trabalho de investigação para a escola, vai desenterrar um homicídio/desaparecimento que ocorreu há algum tempo naquela pacata cidade. Tem muito bom ritmo e não adivinhei o fim (o que gosto é ótimo). Não fica como favorito, até porque se seguiu ao brilhante A Anomalia (!) e essa é uma posição difícil, mas recomendo para quem quer encontrar a nostalgia de "Uma Aventura".
2. O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, de Charlie Mackesy - Novo Dizem que é uma espécie de novo O Prícipezinho. Uma fábula para todas as idades. É bastante rapido de ler: as ilustrações dominam e as frases, reflexões das várias personagens, dão sentido. É um livro lindo, de ter na estante e abrie muitas vezes, de oferecer a miúdos e graúdos e...de pôr no Instagram! Ahahah.
3. Tereza Batista cansada de guerra, de Jorge Amado - Novo Foi o livro que enrolei durante a maior parte do mês: é grande, tive pouco tempo, mas, sobretudo, é mesmo um livro para ler com vagar. Tereza tem muitas alcunhas e "cansada de guerra" é só uma delas. Vamos conhecendo como mereceu cada uma nos vários capítulos da livro e da sua vida, numa escrita sublime e irónica de Jorge Amado. Capítulos como o do surto de varíola (narrada a começar cada capítulo com uma letra do alfabeto, por ordem), a violência que sofreu nas mãos do capitão, como liderou a revolta das prostitutas e o amor tão errado com quem lhe restaurou a vida, roubaram-me o coração de formas diferentes. Já tinha lido os Capitães de Areia deste autor, e gostei bastante mais deste livro.
4. Layla, de Colleen Hoover - Novo
Continuo sem saber qual o estilo da Colleen. Terceiro livro que leio dela e nenhum parece da mesma autora. Este, que fechou o meu mês (até acabei hoje, já em julho, mas não digam a ninguém) é um romance paranormal, mas não temam, porque não é terror. É só muito louco, mas é leve e muito rápido de ler. Tive sempre vontade de lhe ir pegando a cada bocadinho livre e, apesar de ser mais paradito no meio, em que se instala uma rotina que ainda estamos a tentar perceber (não posso dizer muito), no final tudo se explica. Quando começa, temos Leeds a contar como conheceu Layla a alguém, ao mesmo tempo que sabemos que ela está amarrada num quarto do primeiro andar. Começamos seriamente a duvidar daquela que, em teoria, pelo que ele conta, é uma bonita história de amor. Eu comecei a duvidar também por que raio se chama o livro Layla, quando não me parecia que o essencial fosse sobre ela. Mas tudo faz sentido, prometo, só que não vos posso contar! Descubram. Sei que é estranho dizer isto de um livro que lida com o paranormal, mas acho que é uma leitura de verão!
Em Maio li oito livros e houve um claro favorito, mas duas recomendações muito fortes. O maior motivo de orgulho para mim é que o favorito, mas mais quatro foram livros escritos em português (às vezes deste lado do oceano, outras do outro). Sem mais demoras, vamos à lista de opiniões, 4. com estrelinhas nos imperdíveis.
1 e 2. Você Acredita mesmo em Amor à Primeira Vista e Você Acredita Mesmo em Segunda Chance, de Fabi Santina - Emprestados
Vamos contar como literatura livros da história de uma Youtuber brasileira, escritos pela própria? Vamos. São livros fantásticos? Não. Mas gostei de acompanhar a história da moça que vou acompanhando no Youtube e até deu para tirar uma lição: nós não sabemos nada sobre as pessoas que conhecemos das redes sociais, nem daquelas que fazem vlogs semanais.
A minha mãe segue a família e ofereci-lhe os livros no aniversário dela, mas não ia deixar passar sem ler também, né?
3. Uma Questão de Conveniência, de Sayaka Murata - Do Kobo Plus
Foi o meu primeiro livro lido da subscrição do Kobo Plus, ainda nos 30 dias gratuitos - que compensaram altamente! Foi um dos que tinha na wishlist, tendo visto a recomendação da Rita da Nova e fiquei doida ao vê-lo a custo zero. É um livro curto, sobre uma rapariga que trabalha numa loja de conveniência e não quer mais do que isso da vida, contra todas as expectativas da sociedade à sua volta. Faz lembrar um pouco a Eleanor, d'A Educação de Eleanor (esse sim, um livro a não perder!), mas senti que a autora se fartou no que seria a metade do livro e o acabou à força, sem desenvolver mais.
4. Apneia, de Tânia Ganho - Do Kobo Plus ⭐️
Kobo Plus é vida. Mais um que estava na subscrição e ao qual me atirei. O exemplar ao vivo é menino para abrir um crânio se atirado com jeito, mas ler no ereader, ainda mais a custo zero, é sempre uma leveza. Foi o meu livro favorito do mês e fica para o top do ano, o que é um orgulho, tratando-se de uma autora portuguesa. O nome diz tudo: vão passar 700 páginas a suster a respiração. A protagonista do nosso livro decide separar-se do marido e a partir desse dia, todos os dias são superação e luta para não perder o seu filho. É muito, muito intenso, e apesar de nem sempre haver ação, estamos tão dentro da cabeça dela e os capítulos são tão curtos que é impossível largar. É também uma história violenta em vários sentidos, a ler com cuidado por pessoas mais sensíveis, pais sobretudo (pais, mães). Mas não consigo desaconselhar, porque é brilhante e está muito bem escrito.
5. A Nova Índia, de Íris Bravo - Do Kobo Plus
Depois de ter lido o primeiro livro de mais esta autora nacional, não podia deixar de ler o desfecho da história. E adivinhem? Estava no Kobo Plus. Gostei mais do primeiro, é verdade, e também não é fácil ser o livro que se segue ao Apneia...Mas aconselho a saga a quem procura uma leitura mais leve (mas não é só romance, nem é um romance linear e tem ação) de uma autora portuguesa muito querida.
6. A Mulher na Janela, de A.J. Finn - Lido no Kobo
Já o tinha no Kobo, mas não tinha lido. Só que saiu o filme na Netflix, com a Amy Adams e eu queria ver, pelo que passei a leitura à frente. Desiludiu-me um pouco. Não gosto da protagonista sempre demasiado bêbada para poder saber o que faz (faz lembrar A RApariga no Comboio), embora alguns dos twists me tenham supreendido. Mas não é tão bom que vos diga que leiam mesmo, antes de verem o filme.Ver o filme basta (embora o filme, torne logo demasiado evidente o que no livro funciona bem como twist).
7. Bodas de Sangue, de Pirre Le Maitre - Lido no Kobo
Mesmo com tantos livros para ler em casa, no Kobo e no Kobo Plus ainda acabei a comprar este por impulso, ao ver uma recomendação. Arrastei-me por mais de metade do livro e estava quase a desistir quando decidi contar a história ao Moço. Ao contar-lhe percebi como era interessante, mesmo que me estivesse a faltar motivação para continuar. Acho que foi mais ou menos por aí que começaram os twists atrás de twists e geeeeente, que livro LOUCO. Comecei a odiar, acabei a adorar, embora seja mesmo demasiado wild. Tenho para mim que talvez seja a tradução que li que não era grande coisa (li em inglês, mas o original é francês) e quero dar outra oportunidade ao autor.
8. A Anomalia, de Hervé Le Tellier - Oferecido pela Editora ⭐️
Se vos ocorrer que aquela estrelinha é por ter sido oferecido, desenganem-se. Fui eu que o escolhi (pela capa magnífica que por aí andava a circular no Instagram), anunciei logo que mesmo que não gostasse, faria uma review honesta e a editora até me disse que não quereria de outra forma. Na primeira parte achei que prometia menos do que esperava. Durante umas 100 páginas fomos conhecendo a vida de várias personagens, interessante até, mas eu queria que começasse "o evento". E eu que não sou dada a livros de ficção científica, fiquei fascinada quando percebi o tal evento. E fascinada cheguei ao fim, com o desenrolar da ação, que é muito menos sobre ficção científica e muito mais sobre humanidade e sociedade. Que lição de livro, que reflexão sobre nós e a nossa inércia e o estado do mundo por causa da nossa inércia, tudo em forma de entretenimento. E que final perfeito. Duvido muito que não chegue também aos favoritos do ano, embora este ano eu vá tão sofrega nas leituras que terei de fazer um top 20 em vez de top 5, talvez.
Abril foi o melhor mês de leituras do ano. Não porque li MUITOS livros, mas porque li livros MUITO BONS. Foram 4 as classificações de 5 estrelas (em 7) e eu sou pessoa muito exigente com as minhas 5 estrelinhas, juro. Aliás entre Janeiro e Março dei 5 estrelas a tantos livros como apenas em Abril. Melhor do que isso, estes 4 livros magníficos são muito diferentes uns dos outros.
1. O lugar das árvores tristes, de Lénia Rufino - Oferecido ⭐️
Uma autora portuguesa com o seu livro de estreia apresenta-nos uma trama vivida no interior alentejano. Temos jovens curiosas, mortes misteriosas, famílias conservadoras e um padre da aldeia. Temos o primeiro livro que recomendo MUITO do mês. Não quero contar nada que estrague a leitura, mas é uma história bem portuguesa, que mesmo que se passe há muitos anos, toca em assuntos muito atuais. O fim é particularmente do meu agrado, mas gostava que me dissessem se também gostaram.
2. O Instituto, Stephen King - Lido no Kobo
Não foi o melhor nem o pior livro de King que li. Tem uma aura de Stranger Things que gostei, em algumas partes é mais extenso do que precisava, mas no geral foi uma boa leitura, sem achar genial. Like, um rapaz sobredotado, mas também com outras capacidades especiais é raptado e levado para un instituto onde encontra mais crianças especiais. Quando a história começa parece que não tem nada a ver com isto, mas tudo se explicará a seu tempo, prometo. Mas se querem começar King, vão para Misery (livro da vida!!) ou 11.22.1963. Todos tão diferentes, mas bons à sua maneira. Nenhum destes é terror puro, O Instituto não tem nada de muito assustador, a meu ver.
3. Se Deus me Chamar não vou, de Mariana Carrara - Livro novo na estante ⭐️
AKA como prender um leitor em 160 páginas. Uma menina de 11 anos escreve um livro durante um ano, com episódios e pensamentos seu, e partilha connosco. E que delícia esta perspetiva de uma criança sobre as coisas mais simples à mais complexas da vida. Foi a primeira vez que fiz questão de sublinhar um livro para encontrar sempre muito rapidamente os pensamentos que mais me enterneceram. Mas não pensem que é um livro aboreecido sobre reflexões. Conta a sua vida, na escola e com os pais, que é tudo menos cliché.
4. The Other Passenger, de Louise Candlish - Lido no Kobo ⭐️
Vi a recomendação da Bicho da Galáxia no Instagram, e não resisti ao vê-lo a 1,17€ na Loja da Kobo. Não conta para a minha limitação de compras de livros porque usei crédito Kobo do aniversário! Num minuto começava a ler este thriller cheio de ritmo. Não tem nada a ver com a Rapatiga no Comboio, ok? Pode parecer que sim, quando disser que é sobre o Jamie começar a ir de barco para o seu trabalho com um amigo novo, até que tudo muda quando esse amigo desaparece. Mas é muito melhor que esse livro que foi um sucesso em todo o mundo, na minha humilde opinião. Tem muitas reviravoltas e consegue manter-nos presos até ao fim, mesmo sem nos deixar identificar com nenhuma personagem - eu preocupar-me-ia se me identificasse com alguém ali. Se gostam de thrillers, não procurem mais...mas que saiba não está editado em português...
5. O Vício dos Livros, de Afonso Cruz - Livro Novo na estante⭐️
Este não sublinhei por dois motivos: é demasiado bonito, com as suas ilustraçoes, para eu estragar; e gastaria o marcador. Falei sobre ele num post do Instagram então não me vou alongar, mas gostava que toda a gente o lesse, mesmo sabendo que quem o vai apreciar é quem tem efetivamente o vício da leitura. Fala sobre esse vício e sobre a importância das palavras e da cultura, enquanto nos dá a conhecer memórias e histórias soltas do autor. O meu autor nacional favorito, cada vez me convenço mais.
6. Depois a Louca Sou eu, de Tati Bernardi - Comprado em segunda mão
Tanto me esfalfei para conseguir este livro que, quando finalmente o li, desiludi-me. É menos bem humorado do que esperava e tem pensamentos mais desorganizados do que gostaria. Suponho que assim é porque fala de doença mental de uma forma que a pretende desconstruir, então talvez tenha mesmo de ser menos bem humorado e mais desorganizado, mas não acho que alguém que não conheça esta realidade vá conseguir retirar dali muita compreensão, algo que considero muito importante em livros desta temática.
7. Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior - Livro Novo na Estante
O Brasil anda louco com este livro que ganhou o prémio Leya. Quis tê-lo porque achei que ia ser memorável e recomendaria e emprestaria a toda a gente. Nem uma coisa, nem outra. Gostei da história das duas irmãs e de conhecer a realidade dos quilombolas no Brasil, numa altura em que chamavam liberdade a uma espécie nova de escravidão que se formou. Mas nem achei que o acidente que muda as irmãs na história tivesse sido tão marcante assim na sua vida, nem gostei da perspetiva da terceira parte do livro, que já não era de nenhuma das duas irmãs. Conclusão: meh. Acho que vou dar ou vender.
E logo quando achei que não me podia exceder...8 livros lidos em Março. Junta-se a pandemia que não me leva a lado nenhum ao facto de me ter fartado de séries (dei um tempo) et voilá. Alguns deles também eram curtos e um foi um audiobook que acabei em Março, mas comecei ainda o ano não era 2021. Como quantidade não é qualidade, só um levou cinco estrelas (o mais pequenino, ainda por cima), mas recomendo outros da lista.
1. até ao Fim do Mundo, Maria Semple - Lido no Kobo
O título original é "Where'd you go, Bernadette?". Este livro ganhou um prémio de ficção em 2013 e só posso depreender que ficção nesse ano foi fraca. A premissa é divertida: a Bernardette, figura excêntrica, desparece e a filha vai juntar cartas, emails, e factos para a encontrar. Começa muito divertido, mas quanto mais avança, mais o interesse se desvanece. Arrastei-me até ao fim para chegar a um desfecho com o selo de "epá, não".
2. O Peso do Pássaro Morto, Aline Bei - Livro novinho na estante
Na loja online Aler.com.pt encontrei alguns livros que já via há muito no Booktube brasileiro, mas por cá não se ouviam falar. Um deles foi este e foi o meu cinco estrelas de Março. É um livro em poesia, que conta a história de uma menina a mulher, mais ou menos de dez em dez anos. É divertido, ainda mais sofrido e tem muito embalo. Sei que devia dizer que tem gatilho para situações, mas não queria ser spoiler ao mesmo tempo...
3. As mensageiras da Esperança, Jojo Moyes - Lido no Kobo
Toda a gente do Instagram a amar este livro, cujo título original é igualzinho (The giver of stars...?) e eu a ficas desiludida. Gostei? Humm...sim. Talvez as expectativas não tenha ajudado, mas não achei memorável, nem fiquei com vontade de recomendar àjamigas. A inglesa Alice casa-se e segue com o marido para o Kentucky onde a vida é muito diferente da aventura que ela estimativa, e pena para encontrar o seu lugar na sociedade e no casamento. O lugar onde finalmente se sente bem vinda é a biblioteca "ao domicílio" - a cavalo ou burro - gerida por Margery, uma feminista do ínicio do século XX, que quer fazer a cultura e a educação chegar a todos. A atividade delas é mal vista, claro. Depois acontecem coisas e o fim é meio estúpido, mas inteiramente previsível. Não sei se se nota que não faço parte do clube de fãs do livro...Fica uma palavra de louvor para a homenagem feita a estas bravas mulheres da Packhorse Library, que existiram mesmo.
4. Farenheit 451, Ray Bradbury - Comprei sem querer
Fui à Fnac porque o Kobo estava a dar problemas e sem querer, visto que deixei o Kobo, trouxe três livros. Um deles foi este, um clássico mundial e recomendado no plano nacional de leitura, que me tinha ficado na cabeça desde que vi o filme A Livraria na HBO (fraquito, já agora). É uma distopia onde o protagonista é Guy Montag, um bombeiro...num mundo onde as casa são à prova de fogo e os bombeiros srrvem para: queimar livros! Os livros são perigosos, provocam sentimentos. É um livro relativamente pequeno, de fácil leitura (é recomendado no secundário) e com excelentes reflexões sobre o papel dos livros na sociedade. Não vos posso contar porquê, para não ser spoiler, mas foi o livro que me fez perder a vergonha de considerar um audiobook ouvido como um livro lido. Leiam e vão perceber porquê.
5. A Vida Mentirosa dos Adultos, Elena Ferrante - Também comprei sem querer
(Foi um dos três que descrevi acima...) A Giovanna, que acompanhamos ao longo do livro, durante parte da sua adolescência, é uma jovem que adora os pais e vive na sua bolha. Um dia rebenta a bolha, ao querer saber mais sobre a tia e efetivamente conhecê-la. Este livro cuja protagonista é a adolescente e de facto muito mais sobre os adultos que a rodeiam e de como ela descobre, como descobrimos todos um dia, que os adultos têm falhas, mentem, e também estão muito perdidos. Gostei moderadamente, senti falta de mais ação do que observação e pensamentos. Gostei MUITO mais da Amiga Genial.
6. Todas as suas (im)perfeições, Colleen Hoover - Lido no Kobo
Da famosíssima Colleen ainda só tinha lido A Ilusão de Merit, que não me deixou especialmente entusiasmada para ler mais. Lis este a acompanhar o clube do livro da Lu Ferreira (Chata de Galocha) e gostei. É uma história simples, realista, sobre a vida de um casal. Trigger para infertilidade, mas não me importo de ser spoiler aqui porque está longe de ser O tema, apesar de ser um tema. O tema é o amor, uma relação ao longo do tempo que nos é contada a alternar entre o presente e o passado. Achei o fim pouco realista, mas com a lição certa: o segredo é comunicar. E não aceitar que as nossas imperfeições nos definam.
7. O casal do lado, Shari Lapena - Lido no Kobo
Comecei a ler este thriller sem saber muito por ele e, talvez também por isso, gostei. A Cynthia e o Graham vão jantar a casa dos vizinhos. Enquanto isso a filha, que dorme na casa ao lado, é levada. Maddie vibes. A revelação do que se passou é feita por camadas o que faz com que a leitura e a descoberta aconteçam a bom ritmo. Previ algumas coisas, mas talvez não antes do que a autora me queria deixar perceber. Algumas reclamações no mercado por ser um livro cheio de referências white privileged people e, pessoalmente, não gostei de como abordaram o tema da saúde mental. Mas o livro entreteve-me, isso sim.
8. Greenlights, Matthew MaConaghey - Audiobook
Este foi lido, ou ouvido, ao longos dos primeiros 3 meses do ano, na verdade. Sobretudo em caminhadadas a solo, levava o Matthew a contar-me a história da sua vida e o que foi aprendendo até aos seus 50 anos - ah, pois é! Não achei fenomenal, esperava melhor, mas houve episódios engraçados, como a sua passagem pela Austrália na juventude, quando ficou com uma família muito estranha. Gostei de ouvir como conseguiu papel nalguns filmes (fiquei com vontade de ver todos, até os mais parvos) e como ao conhecer a atual esposa fingiu falar português. Mas tem uma percentagem grande de reflexão, quase para auto-ajuda que não era bem o que procurava do senhor Alright, alright, alright.
Escrevo-vos de coração partido porque de acordo com as regras que propus a mim própria (comprar apenas um livro a cada dois que leia) estou neste momento impedida de comprar qualquer livro por impulso. O que quando se tem um Kobo que entrega o livro que queres ler no segundo a seguir à decisão e compra...é altamente doloroso e também altamente inteligente (para não sangrar a carteira). É por isso que 3 desta lista já andavam por cá há mjuito tempo e viram finalmente sua vez chegar.
Vamos aos veredictos.
1. Pachinko, Kin Jin Lee - Lido no Kobo Já está decidido que este é mesmo o meu tipo de livro favorito: historias de vida que passam gerações, e que mesmo podendo ser ficcionais se cruzam com momentos da história do mundo. A figura central é a Sunja, uma coreana que engravida solteira (a tragédia, o horror) e é salva por um mancebo que se casa com ela e a leva para o Japão. Conhecemos toda a história da família, da sua vida, de como sobrevivem à guerra, e depois dos seus filhos e netos. Se é demasiado longo? Dizem que sim (sempre foram 17 horas de leitura), mas não me consegui aborrecer ao sentir uma história tão realista e tão sofrida. O narrador ominsciente alterna a sua perspetiva entre personagens e ajuda-nos a ligar a cada uma delas. Assim não há personagens boas, nem más, porque entramos nos sapatos de todas (várias).
2. Daqui a 5 anos, Rebecca Serle - Lido no Kobo Era livro do mês da Lu Ferreira e eu sabia que era um dos romances finalistas do Goodreads, por isso avancei. A premissa também era catita: a protagonista que é uma planeadora compulsiva e sabe exatamente todos os passos da sua vida, vê-se de repente 5 anos no futuro e descobre que nada está como ela planeou. Esperava algo leve , como foi, rápido de ler, como foi, que me entretivesse, como entreteve. Mas é de facto cheio de clichés e não desenvolve bem romance nenhum.
3. O Pássaro de peito vermelho, Jo Nesbo- Já morava cá em casa Informei-me: quem quer ler Nesbo, deve começar por este e não pelo #1 ou #2 da saga do Harry Hole (o detetive) porque são mais fracotes. Assim fiz. Demorei muito a entrar no ritmo do livro, dividido em três perspetivas que alternam: a do detetive no presente, a de uma outra personagem no presente e dessa mesma personagem no passado (aquando da GG). Gostei bastante. Fiquei fã do Harry que é um detetive cheio de defeitos e não um 007 ou outro cliché de mente brilhante que encaixa peças sem esforço, sabe tudo desde tiro a kung fu e por quem todas as moças caem de amores ao primeiro olhar. E fiquei fã da história ao ponto de me prender para querer contnuar a ler a saga, por ordem. Bom thriller, sobre um atentado na Noruega.
4. Precisamos falar sobre o Kevin, Lionel Shriver- Lido no Kobo Caramba, que livro intenso. São cartas da mãe de Kevin para o seu ex-marido (pai de Kevin) depois do brutal evento em que ele assassina um grupo de colegas na escola. Isto não é spoiler, ficam logo a saber no início do livro (ou na contracapa). Essas cartas tanto falam das lutas do seu presente como de tudo o que se passou desde o momento em que decidiram ter um bebé, o próprio Kevin até ao fatídico dia. Os sinais de que ele não era uma criança como as outras. A necessidade de atribuir culpas a esse facto: ela não queria ser mãe, foi ela o problema? Percebo quem possa achar o livro aborrecido - é praticamente um monólogo. Mas é tudo tão real, tão sentido, há tantos episódios da vida e outros diálogos relatados, que nunca senti que estivesse a perder o interesse. Parece que sabemos o final desde o princípio, mas há sempre margem para a maldade nos supreender. Não vi o filme (ainda) mas também existe, e dizem-me que também é duríssimo e vale a pena ver.
5. O Monte dos Vendavais, Emily Bronté- Lido no Kobo As irmãs Bronté estavam na minha wishlist há anos, pelo papel que tiveram enquanto mulheres autoras na sociedade. Mulheres independentes, criadas pelo seu pai, muito à frente do seu tempo e que chocaram tudo e todos na sua época. O Monte dos Vendavais está muito bem recomendado por muita gente, como um dos melhores clássicos a ler, de forma que a minha expectativa estava em altas. Erro. Achei um dramalhão sem fim, não me consegui ligar com nenhuma das personagens (talvez porque é um relato em terceira mão do que se passou), nem sentir a paixão avassaladora dos tais protagonistas (Catherine e Eathcliff) que é descrito como a única forma de amar. Estou até convencida que não gostavam assim tanto um do outro, só tinham gosto por destruit tudo à sua volta. Depois de partilhar esta minha opinião no Instagram, muitos me disseram que tinham adorado o livro, lido na adolescência ou pelos vintes. E talvez seja esse o segredo para gostar. Neste ponto da vida já não aturo o tipo de dramas que se desenvolve no livro. Provavelmente tê-lo-ia vivido intensamente se o tivesse lido há 20 aninhos. Também há filme (várias versões) e nem que seja para tirar teimas, hei-de ver algum.
Em Janeiro li 6 livros. Aconteceu sem querer, não sei se nos últimos anos este feito alguma vez se tinha dado. Não estava a competir com ninguém, nem comigo mesma (nem acho saudável entrar na espiral da importência do número de livros), só fiz o que me dá mais prazer no momento e tem sido muitas vezes a leitura, por estes dias que são dias de ficar em casa.
Quem acompanha o Instagram já sabe quais foram e o que achei, mas aqui fica review para a posteridade. Se nos próximos meses continuar com bom ritmo (e me apetecer, vou ser honesta) continuo a pôr aqui o balanço mensal. Vamos lá aos ditos cujos.
1. Crónica dos bons Malandros, Mário Zambujal - Lido no Kobo
Eu creio que desconfiava que este livro não era o meu "cup of tea". Quem mo recomendou tem-no como um dos livros da vida e foi o Moço que escolheu para ser este o primeiro do meu ano, porque me estava a faltar a iniciativa. O livro é divertido e muitíssimo bem escrito. As personagens deliciosas. É a história de um assalto levado a cabo por um gangue português, mas mais do que isso, a história de cada um dos elementos que vão fazer o assalto. Não consegui ligar-me ao livro, muito pela sequência entre capítulos. Mas também porque é muito no tom de uma série tipo Camilo e Filho. E eu ri-me muito com as séries do Camilo, mas não é o tom que procuro num livro. É tão curto e de um autor tão prendado, que diria que vale a vossa tentativa.
2. Rumo a Casa, Yaa Gyasi - Lido no Kobo
Creio que foi a ver reviews de norte-americanas ou brasileiras no Youtube (não entrem nesse mundo, é viciante) que me deparei com esta recomendação. Vi que havia na loja da Kobo, em português, e felizmente comprei ainda a 29 de Dezembro para não contar para a promessa que fiz este ano: só posso comprar um livro a cada dois que despachar (mesmo que sejam livros a 99 cêntimos na loja da Kobo). Gostei bastante. Segue a história de duas irmãs e dos seus descendentes, em paralelo, criando um novelo de vidas de África ao Estados Unidos, da vida na tribo à dita (será?) civilização moderna, e sempre atravessado por uma maldição. Aborda os horrores da escravatura, o racismo, o papel das mulheres (e dos homens) na sociedade, a família...
3. Travessuras da Menina Má, Mario Vargas Llosa - Comprado em segunda mão
Este livro tem um padrão e é o mesmo padrão que afeta várias relações reais. Um história de desencontros entre um menino (homem) bom e uma menina (mulher) má. Uma relação abusiva que afeta toda uma vida. Muito parado ao início e ganha balanço e interesse do meio para o fim - fim esse que odiei. Não digo que não leiam, porque um livro que me faz odiar, é um livro que não me deixou indiferente. E é efetivamente dono de um Nobel, de um autor renomado.
4. Arsène Lupin contra Herlock Sholmes, Maurice LeBlanc - Lido no Kobo
O Lupin entrou na minha vida como série da Netflix - gostei q.b.. Disseram-me que havia livros deste ladrão de casaca, nomeadamente um contra Herlock Sholmes: não confundir com Sherlock Holmes (já confundindo). Encontrei o livro a 2,49€ no Kobo e foi o meu primeiro crédito de compra de livros do ano! Comecei logo a ler, na esperança de reviver casos como os que lia na adolescência com Sherlock Holmes, o verdadeiro. Mas encontrei um Herlock choninhas que se deixa enganar (não muito, mas ainda assim está longe do génio dos livros ou da magnífica série Sherlock da BBC) e não me identifiquei com Lupin, o suposto protagonista. A linguagem também era complexa, talvez por culpa da tradução. Gostei da experiência, mas não vou continuar na coleção.
5. A Troca, Beth O'Leary - Lido no Kobo em Inglês
Foi aqui que entrei no modo de leitura compulsiva - felizmente em Dezembro não tinha feito promessas em relação a compras de livros e tinha abarbatado este no início do mês, por cerca de 5€ na Kobo, na versão em inglês. Verdade que não foi memorável ao ponto de classificar com 5 estrelas, mas a prova que gostei bastante é que queria aproveitar todos os bocadinhos para avançar mais umas páginas: de manhã, à hora de almoço, com sono à noite (às vezes, sem sucesso). Neste livro, avó e neta trocam de casa, de cidade, de vida, o que põe os seus problemas e os das pessoas que as rodeiam em perspetiva. Apesar do exagero nalguns pontos, achei importante a mensagem de que nunca á tarde, para darmos um twist à nossa vida. Também as diferentes perspetivas sobre como lidar com perdas. O romance não é fulcral, nem muito aprofundado, apesar de fazer parte da trama, mas as relações sociais e a importância que podemos ter para o próximo, sim. Quando acabarem vão ter vontade de ir bater à porta dos vizinhos (a não ser que tenham os meus vizinhos).
6. A Grande Solidão, Kristin Anna - Morava cá em casa
O primeiro do ano que entra na categoria "sim senhoras, grande livro". Já tinha lido O Rouxinol da mesma autora e este também comprei por influência do @hmbookgang. Mas gostei MUITO mais deste. Fala-nos de uma família que se muda para o Alasca, onde os perigos são tantos num cenário brutal e inóspito, em que desaparecem pessoas sem explicação e com regularidade. A comunidade é uma parte grande da sobrevivência, sobretudo para resistir aos Invernos duros, sem eletricidade ou água corrente. No entanto, o livro não é só sobre a viagem e essa mudança, é sobre o problema que veio com eles e se mudaria para qualquer casa, em qualquer lugar do mundo, para onde viajassem juntos. É sobre a vida de Leni, desde menina até se tornar adulta. É sobre violência. Ou talvez seja sobre amor.
É a primeira vez que começo a escrever sobre um livro sem já o ter terminado. A edição que estou a ler no Kobo tem 1345 páginas (impresso tem umas 700 e trocos) e vou a pouco mais de metade, mas estou cheia de vontade de falar sobre ele.
Ainda não chorei, como é suposto. Não sei se já passei o bocado onde é inevitável (dizem) chorar, mas já passei certamente por várias cenas onde é suposto querer parar de enjoo e revolta. Não quis parar de enjoo e revolta, porque acredito em pleno na crueldade humana e sabendo o quão triste e traumático o livro poderia ser, já esperava semelhantes cenas.
É um livro muito fácil de ler em termos de escrita, mas por outro lado composto de muita miséria e tristeza. Relata a vida de 4 amigos à medida que crescem na sua vida adulta. A forma como esse relato é feito é muito cativante, ora revelando passando, ora desvendadndo futuro, enquanto vamos sabendo do presente. E depois de uns primeiros capítulos mais parados (mas nem por isso desinteressantes), entramos na espiral da vida do Jude em particular e é impossível parar.
Tenho de o comparar com a última história de um rapaz a crescer que li, que foi O Pintassilgo, e anunciar que estou a apreciar muito mais este em todos os sentidos (argumento, escrita, cadência, interesse das personagens).
Uma das críticas que já tinha ouvido ao livro era o facto de dar tão pouca relevância às personagens femininas. Quase não existem e quando existem, pouco se fala delas. Primeiro achei que fosse porque o escritor era homem e escreve sobre o que melhor conhece. Depois apercebi-me que é uma autora! Mulher! Mas apesar de concordar que se fala pouco de mulheres, não concordo que lhes tirem relevência. É que leio a Ana (para quem sabe) como a personagem que poderia ter mudado tudo. E independentemente do género, consigo identificar-me com características de algumas personagens (a incapacidade de falar do Jude, por exemplo), pelo que não me sinto pouco representada.
Parte II - 12 de Outubro 2020
Acabei! Acabei ontem, mas estava a tentar não ligar o computador (e não gosto de escrever no blog no telemóvel). É um excelente livro. Faz lembrar a série This is us no sentido em que tudo o que houver de mal para acontecer, pois acontece!
Em certas coisas, é um niquinho previsível, e os capítulos finais não foram para mim tão entusiasmantes como o central. Mas continuo fã. Continuo a dizer que foi melhor que O Pintassilgo.
Como é, em termos técnicos, longo-comá-porra e triste-a-rodos, não acho que seja leitura para toda a gente. Também não está editado em português, por isso para já só é opção para quem se sinta à vontade a ler em inglês (sendo a linguagem toda muito fácil).
A promessa que me fizeram é de que iria chorar e isso não aconteceu, pelo que as câmaras da CMTV já estão a caminho de minha casa, até porque entendo perfeitamente as muitas situações - as bonitas e as feias - em que se eu não fosse uma pedra insensível aos problemas que não me são próximos, poderia ter acontecido.
Este ano está a ser atípico mesmo, portanto ninguém me vai levar a mal se começar já a fazer retroespectivas. Estamos em Julho e já li 27 livros. No início do ano o objetivo eram 24, por isso - vejam só - há coisas a correr melhor do que o esperado neste ano maluco. Na verdade até já tinha falado sobre alguns destes livros num episódio do podcast Mensagem de Voz, mas desde esse momento li mais uns quantos (10...) e o quadro geral sofreu alterações. O aclamado Pintassilgo nunca fez parte dos favoritos, nem a grande tendência livro-série Pequenos fogos em toda a parte (meio aborrecidinhos). A Delia Owens e o João Tordo foram destronados.
Sem mais demoras, vamos às minhas recomedações!
O livro que nos ensina
Li As Vozes de Chernobyl, con factos reais sobre o desastre que todos conhecemos. O livro que inspirou a série Chernobyl da HBO (também ela recomendadíssima). E apesar de ser uma coleção de relatos, uns mais intensos, outros mais aborrecidos, é um quadro real, cru e inesquecível da nossa história. Há duas ou três passagens que não me saem da memória, como o tipo que voltou do desatre e ofereceu o barrete com que andou na zona radioativa ao filho.
Nesta categoria fica a menção honrosa para o livro Holocausto Brasileiro. Não considero um livro escrito de forma muito interessante mas deu-me a conhecer uma realidade que desconhecia completamente: um hospício onde milhares de brasileiros foram aniquilados ou (sobre)viveram em condições desumanas).
O livro que é tão mau que é bom
Por mais vergonha alheia (na verdade, própria) que me cause, não posso deixar de incluir a trilogia A Seleção de Kiera Cass nesta short list. E sim, de Chernobyl para "35 garotas e uma coroa" descemos um bocadinho o nível. É uma espécie de reality show tipo The Bachelor, mas com princesas. Também é uma distopia, mas isso é pouco relevante na trama. É mau? É. Devorei? Devorei. Às vezes tudo o que precisamos é de um destes livros tão maus que são ótimos. Parece que a partir do quarto livro a coisa se inverte e são as moças a ter a faca e o queijo na mão, mas só li os três originais. Achei que se se chama trilogia, não devia haver cinco...
O melhor thriller
O Mais recente foi o The Hunting Party (da Lucy Foley), que também achei interessante, e antes desse tinha adorado o Uma Gaiola de Ouro, da Camilla Lackberg. Mas elejo como favorito A Paciente Silenciosa. Há que diga que é previsível, mas eu só vi o que se passava mais perto do fim e por ter mantido a surpresa, gostei bastante da descoberta. O andamento do livro também é muito gostoso, porque vai alternando entre duas perspetivas. O da paciente que mantém o silêncio há anos desde que foi acusada do homicídio do marido (não é spoiler) e o psiquiatra que a vai tratar na instituição onde está internada e que tenta desvendar o que realmente se passou.
O romance que não é um cliché total
Noivos à Força foi uma recomedação do BookGang da Helena Magalhães. Um dia pus-me a ler a amostra na loja do Kobo e não resisti a comprar para continuar a facilidade. Afinal o Kobo não são só vantagens! É demasiado fácil comprar livros... É um romance que não começa com o típico "eles olham-se e apaixonam-se". É claro que continua a ter clichés, mas achei muito fresco para a categoria. É daqueles que sei que todas as minhas amigas vão adorar ler.
O livro que se lê num sopro
Daisy Jones & The Six tem um grande defeito: parece real e é ficção. É a história de uma banda (ficcional) na sua ascenção, apogeu e queda, com duas figuras centrais, mas contada alternadamente pela voz de todos os elementos da banda e outras pessoas envolvidas. Que balanço tem o livro! Lê-se muito depressa e mesmo que não encontrem o final que queriam, prometo que a viagem vale a pena.
O livro que todos devíamos ler
Já falei sobre ele aqui e por isso não me alongo. Trata-se da Educação de Eleanor. Um livro terno e tão realista. Encantador, apesar de estar todo contruído em cima de problemáticas graves. É sobre saúde mental, mas é sobre nós todos. É uma história louca e a história da nossa vizinha do lado que não conhecemos assim tão bem. E, sim, é entretenimento.
O título em inglês é bem melhor e foi na versão original que o li, mas o livro terá o mesmo encanto de qualquer forma. Tinha-o comprado numa viagem, sabendo de antemão da recomendação do Book Gang (onde podem comprar a versão PT). Não desiludiu. É um livro original, enternecedor, divertido e pesado, tudo ao mesmo tempo.
A protagonista é a caricata Eleanor, uma jovem nos seus 30, mergulhada numa solidão e numa perspetiva muito própria da vida. A sua visão do mundo tem tanto de pragmática, como de inocente e à medida que o livro avança e rimos com as suas interações sociais desajustadas, percebemos que não é tão engraçado, como preocupante.
A ideia surgiu à autora após ler uma reportagem sobre pessoas solitárias, que nem sempre são as de idade avançada. Às vezes são jovens, que entre a sexta ao sair do trabalho e o regresso na segunda de manhã, não trocam uma palavra com ninguém.
Apesar de abordar uma temática dura, o livro é todo muito leve, e, até mesmo positivo. O final surpreendeu-me.