A blogger menos in do pedaço em 2020
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Passei a usar fatos de treino. Voltei a trabalhar quase integralmente em casa, coisa que tanto adoro. Passei menos horas na estrada e mais fins-de-semana em casa sossegada, mas foi preciso uma pandemia para isso. O meu maior medo não foi o Covid19. Tive saudades das pessoas, sendo que saudades é coisa que normalmente não uso. Não tive, no entanto, saudades de festas de aniversários e jantares de Natal com 675 pessoas em que ninguém realmente conversa com ninguém. Só mesmo dos amigos individualmente. Um a um, dois a dois. Contam-se pelos dedos as vezes que entrei em shoppings e supermercados e também fico bem sem nunca mais voltar, fazendo tudo online. Já não fico tão bem sem ir ao cinema - ontem encontrei o bilhete do Knives Out que vimos no dia 1 do 1 de 2020. Fiz mais chamadas e video-chamadas que no resto dos meus 34 anos e mesmo assim foram menos do que vocês, aposto. Li 42 livros, em vez dos 24 a que me tinha proposta e acho que o ano não acaba sem mais um, pelo menos. O meu favorito é um livro de banda desenhada, coisa que nunca pensei. Lavei latas de atum com lixívia e passei a descalçar-me para entrar em casa. Assumi que preferia apanhar covid do que não ter ajuda para limpar a casa. Voltei a ver o Livro da Selva. Fui promovida apesar de ainda sentir que nada sei. Juntei pessoas à equipa em ano de despedimentos. Até Março comi muito fora, depois cozinhei muito e descobri o meu bolo de laranja favorito, agora não quero fazer nada na cozinha. Comi talvez 50 vezes (talvez mais) a carbonara do Moço. Não tive o clássico (para mim) salame de chocolate no Natal, mas tive a minha avó. Em Fevereiro não fiz uma grande viagem porque "não dava jeito" - nunca mais deu jeito. Fui à Suiça, ao destino de voo mais barato, quando ainda se podia. Foi caríssimo para 3 dias e não me arrependo nada. Toda a gente fez mais exercício em casa e para sair de casa, mas eu tornei-me mais ainda uma batata e continuo a ser atleta do reviramento de olhos, única e exclusivamente. Cheguei ao fim de ano com aparelho e receita para óculos, voltei ao sétimo ano. O Moço adotou uma planta a que chamo Cátia e já durou mais do que qualquer vaso de salsa que eu tenha comprado. Trabalhei em 3 divisões da casa, sem contar a varanda. Uso batom mesmo em casa ou para sair de máscara, mesmo que ninguém veja. Tive a melhor notícia do ano - não é isso, seus chatos da porra. Não enviei mensagens de boas festas - quem é que querem enganar? Fui a uma despedida de solteira, sem que houvesse casamento. Trabalhei que nem uma moura e o trabalho tornou-se tão importante que nem me lembro que mais era importante. Apontei para mudar isso e não mudei. Escrevi menos do que devia, pela minha saúde mental. De falar não gosto. Escrevi um conto sobre a quarentena que ninguém leu - nem eu reli. Comecei a ouvir podcasts que nem uma louca. Joguei Home Design quase todos os dias desde que baixei a aplicação. Sinto que foi um ano perdido e isso não teve nada a ver com o coronavírus, mais com a minha inércia. Acredito com a certeza dos mais tolos que 2021 vai ser diferente, para melhor, só porque eu estou disposta que assim seja.