Não vos cheguei a contar. No fim-de-semana em que tinhamos basicamente de encaixotar toda a casa de Lisboa (sem falta) recusei qualquer ajuda. Nem era carregar as coisas, era só mesmo reuni-las. Quão difícil poderia ser? Muito.
Quando chegámos as 20h de Sábado e tinhamos esvaziado exatamente uma (UMA!) divisão comecei a entrar em pânico. Fui até à cozinha beber um copo de água e e quase lacrimejei a pensar nessa divisão - a mais temida - onde nem saberia por onde começar para não partir tudo.
Tenho algumas caraterísticas incompatíveis: sou muito independente e gosto de fazer as coisas sozinha. Por outro lado, não tenho paciência para nada detalhes (como acondicionar cada prato) ou esperar que as coisas que levem o seu tempo a arrumar...levem efetivamente o seu tempo. E tempo era coisa que nem sequer tinhamos. Creio que foi quando disse esta tolice inexequível em voz alta que o Moço me disse que tinhamos de pedir ajuda e mai'nada: Vamos deixar cá tudo e comprar as coisas novo.
Liguei ao SOS. A minha mãezinha. E de facto quem tem uma mãe tem tudo, mas quem tem a minha tem mais.
Estou para lá de chateada. Saiu no blog A Mãe é que Sabe o artigo sobre os pais que eu já estive a isto (juntar o polegar do indicador) de escrever sobre os homens-companheiros no geral.
Um homem não deve ajudar a mulher em casa: nem na lida do dia-a-dia, nem com os filhos. Porque o verbo "ajudar" pressupõe que a obrigação está de um só lado. Não deve sequer fazer tudo o que a mulher pede (pôr a roupa a lavar, fazer a carne que ela pôs a descongelar) dever ser parte igual na organização e tomada de decisões, como na execução. Às tantas um orienta melhor a comida, outro a roupa, outro leva sempre o lixo (ele, ele!), outro faz as camas...mas ninguém ajuda ninguém: os dois fazem pela sua família, pelo seu lar.
Vá, vão lá ler, mas sob protesto. Que quem queria ter escrito isto primeiro era eu!
Tirar pedras de cima dos outros. Eis um super-poder que eu gostava de ter. Carregar um peso que não é meu e lidar com ele à minha maneira. Livrar-me do cadáver e limpar as provas.
Aliviar a carga de quem tem as costas marcadas de a transportar todos os dias.
Dizer-lhe que descanse só, que eu trato de tudo. Que lhe digo quando estiver tudo bem e puder abrir os olhos.