Apesar de “calma” ser uma das palavras que menos gosto que me atirem tenho-a repetido na minha cabeça muitas vezes. Em teoria, quando o Moço viesse para cima, a rotina ia estabilizar. Na prática, a loucura continua. Tempo para parar quieta numa cidade, precisa-se. Família e amigos estão espalhados pelos quatro ventos. Aniversários são como cerejas, vão uns atrás dos outros e isto só para mencionar a parte mais leve da coisa. É verdade que toda a gente está ao alcance e as viagens não são assim tão compridas, mas o que não mata, mói (e se me permitem o aparte também mói a carteira #gobrisa).
E se não parar em Espinho é um problema, querer receber cá toda a gente é outro. Quero mostrar o nosso ninho novo a toda a gente, os encantos e os recantos gulosos da nova cidade. Mas não há tempo para tudo decentemente. Não posso fazer planos porque depende sempre de A, B, C pessoas e D, E, F eventos com G, H, I possibilidades.
E eu dou por mim a querer fazer tudo ao mesmo tempo. E despachar visitas como se estivesse a despachar senhas no talho. E não quero. Quero saborear. Quero ter paciência. Quero gostar de ir e gostar que venham, sem pensar que estou só a cumprir calendário. CHECK ao jantar, CHECK à visita. Quero não pensar que se tenho um dia livre podia estar a aproveitá-lo para marcar outro CHECK nas coisas que queria fazer e nas pessoas que queria visitar ou trazer.
Preciso de parar. Respeitar-me e ao meu tempo. Pensar que o que não acontecer agora, acontece depois e que não faz mal que eu não saiba quando. O dia não tem de ter mais horas e a semana não tem de ter mais dias. Eu é que tenho de ser mais paciente. Se eu me esquecer, vão-me lembrando?
Maria: ...e depois vamos um bocadinho à beira da praia.
Moço: Isso foi de propósito?
Maria: Isso o quê?
Moço (a rir): Ouviste como falaste? "À beira da praia"? Com sotaque do norte?
Maria: Ops...
Ainda não fez assim tanto tempo, nem falo só com pessoas daqui e detentoras de sotaque. Mas já desde pequena tenho esta propensão para os colar à língua. Quando a minha vizinha de França vinha a cada verão com o seu português colorido de francês eu apanhava-lhe os trejeitos até ela se ir embora. Por isso dêem atenção aos vlogs e pocasts que vou publicando e à sua evolução, que está uma mulher do norte em formação! (apesar de ainda sentir muita falta do Colombo)
Estou de volta. O tempo de passeio acabou e definitivamente o descanso também: agora há uma casa cheia de caixas com milhares de coisinhas para por no sítio. Já que ouço falar da simpatia das gentes do norte (e comprovo)...há voluntários para ajudar? Não?...
No Domingo à noite acabámos de fechar em caixas todas as coisas da nossa vida e saímos da casa dos últimos anos. Eu vim para Espinho, para a morada provisória. Ele ficou em Lisboa, mas já se mudou lá também para a morada provisória, para onde ia nesse dia logo depois de ver o jogo do Porto.
Quando cheguei disse-lhe: já estou em casa. Ele respondeu: eu também.
Mas sabem o mais engraçado? Nenhum de nós estava. Nenhum de nós está.
Quis documentar os nossos primeiros passos na nova terrinha (não vejam terrinha como um termo depreciativo, que não o é). É um vídeo curto que mostra as nossas novas paisagens, descobertas pelo nosso olhar, num primeiro fim-de-semana, em que ainda nem casa temos. Vejam e atentem no pedaço em que conversamos sobre "personagens da terra" - quero saber qual é a da vossa!
Não deixem de subscrever o canal, se vos interessa minimamente, para eu saber que (se) vale a pena continuar a fazer vídeos. Um bem-haja!
Não vou beeem para o Porto, embora como disse, seja a grande cidade mais (muito) próxima. Quando a minha mãe soube que ia para Espinho, o que significa morar perto da praia, deixou passar o choque, assentar a notícia e depois ligou-me em cuidados:
- Olha que o mar enche! Tu não vás morar à beira da praia.
O Moço trocou umas folgas para vermos casas cá em cima. Como imaginam temos os segundos contados. Entre o novo trabalho, bastante exigente, o que é preciso tratar para as mudanças e mesmo tentar conhecer melhor a cidade (as cidades) que passarão a ser o sítio para onde vamos quando dizemos que vamos voltar a casa não há mãos a medir. Primeira ideia dele:
- E se fossemos ver um jogo ao Dragão?
(não, nem entra na categoria "conhecer a cidade", ir ao Dragão foi precisamente a última coisa que fizemos quando estivemos no Porto)