Parar. Respirar. Relativizar. Relativizar mais.
Eu até costumo dizer que nada na vida é preto ou branco, é tudo em vários tons de cinza. Mas desde o fenómeno das sombras de Grey que isto já não me soa tão profundo.
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Eu até costumo dizer que nada na vida é preto ou branco, é tudo em vários tons de cinza. Mas desde o fenómeno das sombras de Grey que isto já não me soa tão profundo.
Que pede um dos teus cigarros ou pastilhas, porque se esqueceu de comprar naquele dia. Todos os dias.
Publicado originalmente aqui.
3 de Abril de 2015
Querido Diário,
Sei que já não escrevo há uns tempos, mas tenho andando bastante divertido com as ervinhas frescas e fofas que começam a surgir com a Primavera. As coisas por casa andam bastante melhor. A minha mãe já me deixa sair com os meus amigos. Convenci-a que lá porque o Adérito foi pisado não podemos viver a nossa vida com medo. Afinal somos caracóis ou somos lesmas? Além disso, ele era um lento. Eu sou praticamante o Obikwelu dos caracóis (a sério! ontem fui de uma raiz à outra em apenas 5 horas!). Vem aí a época mais perigosa do ano, mas espero que ela não comece a fazer filmes.
Uma ranhoca,
Martim
15 de Maio de 2015
Querido Diário,
Já recomeçou a tormenta por aqui. Os meus amigos têm sido capturados e a caracoleta mor da aldeia deu instruções para que não saíssemos de casa durante o dia. Ainda assim alguns amigos da família têm desaparecido - parece que lhes levam a casa e tudo. Correm boatos que nos cozem vivos. Em água da torneira! O clima é de medo, muito medo. Como todos os anos, têm sido pedido voluntários, entre a população envelhecida e doente. Este ano deixamos de organizar os jogos (corridas à volta do alguidar) para recolher donativos para as famílias que perderam os seus entes queridos, devido ao flagelo das crianças que nos capturam para viver em habitáculos pequenos forrados com alface, pelo que o pessoal parece mais concentrado na dor. Porque é que ninguém faz nada para nos ajudar?!
Uma ranhoca,
Martim
3 de Junho de 2015
Querido Diário,
O primo César anda a aparecer em tudo o que é jornal! Parece que lhe tiraram uma fotografia para um grupo de humanos que nos quer defender e agora anda aí nas bocas do mundo - salvo seja (acho que o objetivo é tirar-nos das bocas do mundo). Aquilo começou muito bem, fizeram uma festa em honra dele aqui no quintal, já havia quem lhe chamasse o Salvador. Entretanto ele tem-se fechado em casa e a mãe diz que ele está a ceder à pressão. Espero que as coisas regressem ao normal em breve.
Uma ranhoca,
Martim
Em conversa online com um amigo.
Eu: Ai desculpa, esqueci-me de ti.
Ele: As mulheres são todas iguais...
Eu: Deus até nos faz com Copy-Paste, não sabias?
(e usa os atalhos do teclado)
Não é fixe tocarem-nos enquanto falam.
Pois parece que quando eu coloco receitas light no facebook as miúdas ficam todas malucas. Azar dos azares, eu nem gosto da maior parte delas (por exemplo, odeio banana). Sorte das sortes, estou sempre a inventar coisas e pesquisar receitas para tentar que sejam aprovadas para dieta pela nutricionista, por causa do meu Moço, que leva isso da saúde muito a peito (ele é que é IN lá em casa).
Portanto aqui vai a receita simplicíssima - as únicas em que me meto - para estes muffins sem açúcar. sem farinha, sem um niquinho de coisa que não deixe emagrecer quem anda na luta.
Ingredientes:
- Duas bananas maduras
- 100 gramas de aveia
- 65 gramas de azeite
- 3 ovos pequenos
- Canela a gosto
- 1 colher de chá de fermento
Passos:
1) Misturam-se as bananas, os ovos e o azeite numa liquidificadora ou na Bimby (vel 3-5-7).
2) Misturam a aveia com o fermento e a canela primeiro, e depois envolvem tudo.
3) Vai ao forno a 180º, pré aquecido. Demorou-me uns 30 minutos a ficar au point.
Já tinha feito em versão bolo, que foi a receita original que vi não-sei-onde (4 bananas, 200 gr de aveia, 125 gr de azeite (meia chávena), 4 ovos, canela e uma cc de fermento), desta vez fiz metade da receita em forminhas de silicone, porque só tinha duas bananas e deu para seis. O bolo tinha sido para o aniversário do Moço, apenas com côco ralado em cima. Não sendo a coisa mais doce do mundo, toda a gente gostou (menos eu que não gosto de banana, claro) e se lambuzou sem culpa.
Ele é vegetariano? Este que faz o retrato mais lambão dos prazeres da carne? Vou chorar, já venho. É a minha maior desilusão em termos de personagens lambonas, desde que percebi que o ator que faz de Barney Stinson nunca casaria comigo. E o primeiro comentador que me acusar de confundir personagens com atores vai sofrer uma praga cigana da minha parte.
[Deste artigo que conheci a partir do blog d'O Bom Sacana]
Respirou fundo. Tinha aquela sensação no peito que não se explica. Como se alguém lhe sugasse o ar e o sangue e lhe travasse e acelerasse o tambor do coração a seu gosto.
As caixas amontoadas ao canto. Nem se podia dizer que estivesse tudo fora do sítio porque ainda não tinham um onde pertencer. Esse seria o trabalho dela naqueles dias que se seguiam à mudança. Definir sítios para as suas coisas. Já que não encontrava um sítio onde coubesse ela.
Mentira. Cabia no colo dele. Era essa a sua casa. Mas o colo dele ja não lhe pertencia.
A sensação que lhe esvaziava o peito não tinha a ver com a desorganização geral - não desta vez. Era um latejar da traição que lhe ardia no corpo há mais de uma semana.
Tinha sido logo no primeiro encontro que lhe havia anunciado que jamais perdoaria uma traição. Tinha visto a sua mãe fingir que não chorava vezes demais. Nunca o toleraria na sua própria vida. Avisou-o. Não haveria retorno.
Começou por desencaixotar os livros, já que a mobília estava no sítio e não suportava ver estantes vazias. Abriu sem querer o exemplar d'O Velho e o Mar que ele lhe tinha oferecido e leu a dedicatória. Ele juntava sempre uma dedicatória aos livros que oferecia.
Que tenhamos a mesma perseverança do velho, para que contra todas as marés revoltas e à boleia de todos os bons ventos, sejamos felizes para sempre. Sem espinhas.
Quando se conheceram, num esforço para impressionar aquele homem lindo por quem todas as suas colegas suspiravam, disse-lhe que sim, claro! Conhecia Hemingway. E coincidentemente o livro favorito dela era o mesmo dele: O Velho e o Mar. Era mentira, como ele provou em três tiradas. Ela desconhecia a história do velho pescador que se lançava todos os dias ao mar, muitos dias seguidos, sem resultados. Que um dia pescou o maior peixe jamais visto, mas teve de lutar para o puxar para o barco, depois contra tubarões para o manter...que chegou a terra sem nada senão a espinha gigante. Que ainda assim foi cumprimentado pelos da terra. Não pela conquista, que já nada sobrava. Mas pela perseverança.
Teria ela de ter perseverança? Lutar contra a catástrofe que se colou ao seu casamento? Haveria lugar para o perdão?
Fechou o livro e arremessou-o contra o canto da sala.
Ele tinha querido perdoá-la. Foi ela que não se perdoou.
Ser alvo de um post sarcástico da Palmier.
Eu andava às compras e ele liga.
Diz ele, num tom de gozo, ao telefone:
Ele: Como é que está a minha princesa?
Eu (com a sensibilidade habitual): Não sei pergunta-lhe.
Ele (insistindo na brincadeira): O teu príncipe encantado vai-te aí buscar. Não vai num cavalo branco mas vai no carro cinzento.
Eu: Mas a quem é que emprestaste o carro??!!
Ele (entredentes): És cá uma romântica...
Em termos de romântica, gosto mesmo é daquela de gelado com bolachinha na camada de baixo.
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