O amor está nos detalhes #44
Ele nasceu a 15 de Março. Seis dias depois, a 21 de Março desse mesmo ano, nasci eu. E diz ele:
"Só conheci a Primavera quando tu nasceste."
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Ele nasceu a 15 de Março. Seis dias depois, a 21 de Março desse mesmo ano, nasci eu. E diz ele:
"Só conheci a Primavera quando tu nasceste."
Posso usar o pijama foleiro que me deram no Natal passado, que inclui flores de vários tamanhos e folhos em tecido elástico sem o risco de ele deixar de gostar de mim.
Eu deixo-o ver o Porto em paz. Ele vai dobrando meias enquanto vê o jogo.
"Trouxe-te croquetes".
Esta semana ele aprendeu a fazer canja de galinha* porque umas horas antes eu disse que era o que me apetecia para o jantar.
*com estrelinhas.
Estando longe, ele encarregou-se de mandatar alguém para se certificar que eu comia a meio da tarde - sabendo bem que quando me embrenho no trabalho me esqueço do frio, do calor, da fome, que possuo articulações que podem atrofiar (apenas nunca do sono).
Quando ele voltou para Lisboa e me deixou "abandonada" na nova cidade, aproximei-me do carro já em movimento e gritei pela janela:
a) Amo-te!!
b) Já tenho saudades tuas!!
Nop.
c) Come bem! E bebe muita água.
Como ele trabalhou de noite e se deitou de manhã, levantei-me, tomei banho e deixei o cabelo molhado. Estou morta de frio, mas ao menos não o incomodei com o barulho do secador.
Trouxe-me bolinhos Milka para eu "aproveitar enquanto posso".
Eu bem vi o ar grave dele quando me entregou a carta que tinha trazido da caixa de correio. Estava em meu nome e era do Ministério da Saúde. Eu estava à espera dela, mais ou menos nesta data, seria a confirmação que os resultados estavam normais, naquele exame de rotina - senão em vez da carta, ligavam-me para ir lá. Estava a abrir vagarosamente, enquanto fazia outras coisas, mas notei que ele não saía de perto de mim e me apressava "vá, abre lá isso". Quase zangado comigo, como se eu estivesse a esconder um amante no centro de saúde e ele me enviasse cartas de amor com o selo do Ministério.
A carta: uma data de coisas que não percebo e a letra do médico a fazer o resumo "Normal".
Mais tarde perguntei-lhe o que achava que era a carta para estar tão nervoso. Pensava que eu estava doente. Um cancro, talvez, anunciado pelos CTT, ou que eu lhe estivesse a esconder. Quase não respirava de preocupação.
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