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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

09
Set16

Só ou sozinha?

Maria das Palavras

Estou sozinha porque me apetece.

Estou sozinha porque hoje preciso de um bocado para mim.

Estou sozinha porque prefiro.

Estou sozinha porque quero.

Estou sozinha porque estou pacientemente à espera de alguém.

 

Estou só porque não espero ninguém.

Estou só porque não vejo quem possa chamar para ao pé de mim.

Estou só porque a pessoa que quero ao pé de mim não pode vir.

Estou só porque não há quem me compreenda. Mesmo quando estou ao teu lado. Ou no meio da multidão.

 

[Estar só é infinitamente pior do que estar sozinha. Mas se soubermos que há mais quem se sinta assim: estamos todos acompanhados.]

 

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08
Set16

Emissão das sete em direto

Maria das Palavras

IMG_20160908_083721.jpg

Bom dia. São sete da manhã, estou longe da rotina, no Gerês, e não quero dormir mais. Só porque sim. Creio que consegui afastar as preocupações do sono, a temperatura está amena e a cama é boa. Mas esgotei a paciência para fechar os olhos à manhã. Visito o jardim pensando que posso ir ler para lá para não acordar o Moço. Há quem goste de ler de noite, eu sou da manhã. Está tudo molhado, não sei se de orvalho ou de uma chuva leve - e ao fundo ainda o fumo negro que não é nevoeiro, são restos de fogo. Parece-me que nem o Cávado acordou ainda, esgotado de travar incêndios. Os galos sim, que os oiço. Deixo aberta a porta do quarto que dá para o terraço e deixo entrar luz e ar fresco. Sento-me na cama e o Moço dorme ao meu lado. Se a vida me deixasse deitar-me-ia sempre cedo e leve. Nunca me permitiria estar demasiado cansada ou farta para me levantar fora desta hora que me é natural. Entretanto já são oito e os sinos das igrejas entoam o Avé Maria à vez. O Moço ainda não quer acordar. Já disse bom dia?

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10
Jun16

Não tenho saudades.

Maria das Palavras

Maria das Palavras | Blog

 

Estive longe de casa por um tempo e enquanto lá estive ocupei-me e não pensei no que tinha deixado cá. Não penso na falta que me faz coisa alguma. Sei que volto em breve e concentro-me em aproveitar o que está comigo e não o que fica para trás. Não penso que preciso dos braços do Moço para me embalarem, porque quero só dormir depressa e o tempo passa, que eu sei, e logo chego outra vez. Como quando estou longe dos meus pais, muitos dias a fio de cada vez, desde que vim para Lisboa há tantos anos, e sei sempre [ingénua] que estão lá para me receber - porquê mastigar saudades? Como daquela vez em que fui passar três semanas a Paris, com amigos, e achava tonto que me perguntassem se tinha saudades de casa, do meu país, e eu - que sabia que tinha a sorte de voltar em menos tempo que os 31 riscos que se fazem do calendário - não percebia por que raio haveriam de querer que estivesse melancólica. Não tenho saudades à partida.

 

E é só quando chego - ao Moço, ou ao pé da família, ou ao meu sofá, ou ao Tejo - que tenho saudades. Que quero os abraços do Moço todos aos mesmo tempo sem largar, que me apercebo que não comia a sopinha da minha mamã há tanto tempo, que não terminei as frases ao mesmo tempo que a minha irmã durante tantos dias. Que o Sol de Lisboa não é o mesmo que brilha nos outros sítios. Ou que o castelo de Leiria é (seja ou não) o mais bonito do mundo. Não tenho saudades à partida. Tenho saudades à chegada. Regressei a casa há uma semana e ainda não passaram. 

 

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10
Mai16

Espera

Maria das Palavras

- Vou esperar só mais um bocadinho. Sei que passa. Tudo passa.

- É verdade. Tudo passa. 

- Vou ter calma.

- Sim, tem calma.

- Já não posso fazer mais, nada, agora espero.

- Espera.

- Vou ser paciente hoje e amanhã vou ser feliz, quando isto passar. 

- Aí está o erro. Tens de ser feliz hoje, mesmo antes de passar.

 

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09
Mai16

Lá para a frente.

Maria das Palavras

Acho que sempre imaginei que lá para a frente seria casada e teria um casal de filhos. O dia em que esse dia deixaria de estar lá para à frente e estaria algures entre o hoje e o para a semana haveria de chegar quando eu fosse crescida. Aí haveria de ter o vestido de noiva pensado, se era corte império ou teria decote princesa, e os nomes das crianças escolhidos, qualquer coisa pouco vulgar, mas pouco estranha, que não os fizesse sentar muito à frente da sala de aula, nem muito atrás.

Esse dia nunca deixou de estar lá para a frente e oiço dizer que com trinta anos já se é crescida. Continuo a não querer reunir os amigos e a família para testemunhar um amor que me parece, muito legitimamente, ser apenas de duas pessoas. Continuo a não saber os nomes para o batismo daquele par de crianças que continua a fazer parte dos planos daquela altura em que eu já for grande e ainda não é hoje. 

É uma chatice isto de se crescer sem darmos por isso, nem o pedirmos, sequer o assumirmos. 

Ainda não aprendi nestes anos todos a lidar com as minhas próprias lágrimas, querendo ser sempre a cebola e nunca a dona dos olhos. Lá para a frente, quando aprender isso, talvez consiga pensar no resto. 

 

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19
Abr16

Cá por causa das pessoas que estão sempre a fazer surpresas umas às outras.

Maria das Palavras

Não quero ninguém cá em casa sem eu saber. Nem escondidas atrás do sofá para me gritarem parabéns ou "surpresa". Guardo coisas terríveis atrás do sofá.

Não quero ninguém que seja de longe e passe a Lisboa de propósito para me agradar. Posso ter planos, sabem?

Não quero chegar a um restaurante a achar que vou manjar a dois e apanhar lá uma receção de umas dezenas. Às vezes tudo o que uma pessoa precisa é sossego, conversas em voz baixa, nenhum sorriso, com a pessoa com quem quis estar.

 

Uma vez um rapazinho tentou fazer-me uma surpresa. Foi buscar-me aos Expressos sem eu saber, no meu regresso a Lisboa. Já não me lembro se não se entendeu com as linhas do terminal ou se o meu autocarro chegou antes, mas não o vi nem ele a mim. Sei que me ligou já eu tinha chegado a casa para me contar da (pseudo-)surpresa  e que nos tínhamos desencontrado. Mas - surpresa! - estava lá em baixo para me ver. Não o convidei para subir. Fui à entrada do prédio e dispensei-o, dando instruções para não repetir a brincadeira. Para verem o que eu gosto de surpresas. 

 

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15
Abr16

Há tanto tempo que não escrevo uma coisa bonita.

Maria das Palavras

Acho que as coisas mais bonitas se escrevem nos piores estados de alma. Na amargura da saudade, no vazio da solidão, no espaço recentemente desocupado por sonhos que se esfumam e se mudam para um t3 no campo, com baloiços no quintal. Damos por nós a inventar palavras que queremos que nos pertençam e a chorar por letras bem desenhadas porque as lágrimas já se esgotaram. Textos sentidos, sublimes, carregados, inigualáveis.

 

Fico feliz. Ainda tenho saudades contínuas, sonhos adiados, frustrações, angústias, percalços que vistos daqui parecem irreparáveis. Mas tenho-te a ti. E, por isso, há muito tempo que não escrevo uma coisa verdadeiramente bonita. 

 

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