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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

02
Nov15

Carta aos donos de restaurantes da moda

Maria das Palavras

Caríssimos,

 

Primeiro, e porque não sou nenhuma mal-agradecida, gostaria de vos louvar por nos permitirem comer as mesmas porcarias de sempre (hamburgueres, cachorros quentes, sandes) com nomes XPTO, que até são um orgulho de colocar com hashtag no instagram. Se mete "gourmet", "portuguesa", "artesanal", "tapas" ou "do bairro" no nome, já sabemos que conseguimos provocar inveja nos nossos amigos, e pela módica quantia de 10€ por cabeça, ou menos ainda, fazemos o luxo do mês e comemos fora de casa.

 

Até aqui tudo bem. 

 

Nem me importo que usem latas de feijão como centros de mesa, cadeiras velhas todas diferentes, páginas de jornais como se fossem quadros e permitam as pessoas rabiscarem em paredes de papel ou quadro de giz, num exercício que pretende conjugar originalidade, com poupança, com partilhas nas redes sociais.

 
Mas...têm mesmo de me obrigar a sentar ao pé de estranhos? Tenho mesmo de ter conversas pessoais com amigos com gente ao lado? Fonte: http://desaltosporlisboa.blogspot.pt/2015/05/de-saltos-por-ai-frankie.html

A moda das mesas grandes, ao estilo cantina pode ser o último grito da estética e muito cool. Mas não queria muito falar dos meus dramas com público maior do que aquele que já tinha na ideia quando planeei o jantar (eu sei que sou muito engraçada e é um prazer que qualquer pessoa me possa ouvir, mas de facto não dou espetáculos de stand up - nem sit down). Ou então, também decidiram apoiar a esquerda e fazer de toda a gente do restaurante bons camaradas, mas eu se quisesse fazer amigos ia à internet, como é prática comum por estes dias.


Assim obrigam-me a ser desagradável para conseguir estar sozinha - leia-se, com companhia à minha escolha -  quando frequento os vossos espaços para me deliciar. Estas são algumas das soluções que penso implementar:

  • Deixar de tomar banho na semana que antecede a minha ida ao local de repasto, esperando que o meu aroma acerele a refeição das pessoas ao meu lado e afaste outros pretendentes. Danos colaterais: é possível que a pessoa que vá comigo também fuja.
  • Descrever, de forma bem audível e exaustiva, os furúnculos da minha tia. Danos colaterais: os mesmos da tópico acima.
  • Criar uma linguagem em código, treinada durante meses. Dar formações intensivas às pessoas com quem quero marcar um jantar. Poderemos falar à vontade em mesas corridas com pessoas ao lado, sem que ninguém nos entenda. Danos colaterais: os mesmos dos tópicos acima, mas a desistência dá-se logo na fase do planeamento.
  • Adotar um furão e levá-lo comigo sempre que vou ao vosso restaurante - a espreitar da minha mala, diretamente para o prato da pessoa ao lado. Danos colaterais: expulsão do restaurante e possível internamento.

 

Para além disto, caríssimos, a minha companhia mais frequente é, como não poderia deixar de ser, o meu moço. E ele distrai-se muito facilmente. Quando estamos num restaurante já me vejo obrigada a competir com o telemóvel dele, as TV's ligadas, as pessoas que frequentam o mesmo espaço, os carros que passam na estrada e espelhos ou qualquer objeto em geral onde ele possa ver o seu reflexo. Se eu tiver de competir também com a conversa dos outros...ou uma louraça sentada ali mesmo ao lado dele...estão a ver, não estão?

 

Esta carta aberta não é tanto uma crítica, como um pedido de ajuda. Penso que compreendem. Podem mesmo deixar as mesas assustadoramente perto, mas com uma abertazinha ao menos?

obrigadamp.jpg

 

 

 

 

 

 

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10
Set15

A visita ao restaurante mais frustrante do mundo.

Maria das Palavras

Restaurante - Maria das Palavras (imagem Pixabay)

 

Eu até estava numa de experimentar outro, mas já todos sabíamos que aquele era BBB (bonito, bom e barato) e portanto marchamos em direção ao conhecido Lobo do Mar em Sesimbra (que continua recomendadíssimo, apesar do relato de desespero individual que se segue - se é lá que vão os da terra, é lá que deve ir o resto do povo). 

Eu, morta de desejo que ando por comer arroz de marisco, já tinha mobilizado a minha mãe para me fazer companhia no tacho, que a especialidade é sempre para duas pessoas (já vos tinha falado desta minha pequena frustração, certo?).

Chegamos ao restaurante familiar onde (quase toda) a gente é muito simpática e confiro logo com o senhor sorridente que há arroz de marisco.

- Não. Só por encomenda.


Atirei-me para o chão, rebolei um bocadinho, funguei, engoli em seco (ok, foi só esta última) e escolhi o meu peixinho grelhado, que é a especialidade da casa. Avisto sopa de peixe no menu e começo logo a sentir-lhe o sabor (a saliva a formar-se na boca). A minha irmã também quer e peço ao mesmo senhor sorridente duas sopinhas de peixe.

- Não temos. Hoje só de legumes.

 

Bati com a cabeça na vidraça ao meu lado, atirei um copo à parede, bufei (ok, foi só esta última) e continuei a comer pão com manteiga. O senhor recolheu os pedidos das bebidas e a minha irmã, no meio de tanta nega, atira que só falta querer Coca-Cola e só haver Pepsi.

- Pois. Só Pepsi. E se quiser Fanta só tenho Sumol. 

 

Chamei-lhe os nomes todos de que me lembrei, pedi para falar com a gerência, ameacei que chamava a ASAE e revirei os olhos (ok, foi só esta última) e entretanto lá veio o peixinho apetitoso para começarmos a encher a barriga e acalmar qualquer desejo. No final está tudo refastelado e ninguém quer sobremesas, mas a minha irmã pergunta timidamente se há ananás, ao que o o mesmo senhor sorridente responde já em tom malandro, de quem sabe que nos negou tudo e até leva gosto nisso:

- Não, só abacaxi.


Apesar de tudo saímos satisfeitos e não pagamos acima do justo, o que só acontece em restaurantes muito específicos e quando os astros se alinham. Claro que na minha cabeça a cena final se desenrolava de outra forma, no momento em que o senhor sorridente apresentava a conta e perguntava se eu tinha dinheiro, ao que eu reponderia:

- Não, só tenho pastilhas elásticas. 

 

E ele perdia o sorriso.

 

 

 

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03
Set14

Dois Dedos de Conversa #5

Maria das Palavras
Great American Disaster - Lisboa

 

Fomos ao Great American Disaster, eu e mais um dos meus amigos que só come grelhados com relva (estou rodeada deles).
Este em particular até tem uma aplicação no telemóvel onde regista o que consome diariamente para ter a média de calorias ingeridas.

Ele até abriu a exceção para me acompanhar, mas assim que a senhora nos passa a carta...

 

Ele: Desculpe, tem um menu com as calorias?
Ela (a achar que ele estava a brincar): Hahaha. Não.
Ele: Não tem mesmo nenhuma indicação? Podiam ter...ou alguma opção light.
Ela: Isto é um restaurante que pretende ser americano. Já viu a taxa de obesidade na América?

Tão bem respondido. E eu a rir.

 

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