[Se puderem, cliquem no PLAY e acompanhem o post com a respetiva banda sonora. Para entrarem no mood. Ajuda a perceber o filme, juro.]
Se a Maria (eu, que falo na 3ª pessoa quando me dá na telha) fosse um super-herói, seria o Deadpool, que na verdade é um anti-herói. Tirando o facto de ele ser imoral e javardão, dizer muitos palavrões, matar pessoas ocasionalmente, ter super-força, regenerar-se e gostar de vestir vermelho, temos tudo em comum. Basicamente é um super-herói muito pouco in, muito prático, com tendência para ironizar e que reage a tudo (seja ao ataque ou à defesa) com sentido de humor.
Nem toda a gente vai gostar deste filme, que é tão fora do normal, que pode tornar-se pateta, mas desafio-vos a não rirem na cena das mãozinhas T-Rex ou quando ele tira à máscara no final do filme.
Curiosos? Então vão ver. Se não forem Inácios e forem ao cinema, não se esqueçam de ficar bem sentadinhos até as luzes da sala acenderem, que há cenas depois dos créditos - nunca mais digam que não sou vossa amiga.
Deu-me assim um medo de pegar neste livro - mais um que me parou nas mãos por obra e graça da iniciativa do Livro Secreto (este foi a Magui que o pôs a rodar). Começa logo mal quando me dizem que é um livro inteiro à volta de uma metáfora, por sua vez à volta de uma pérola e que - imagine-se - podemos interpretar à nossa vontade e tirar a lição que quisermos. Desculpem, mas isto a mim parece-me de escritor preguiçoso: eu agora junto aqui umas frases e eventos e vocês amanham-se para lhe dar significado enquanto eu meto o tostão ao bolso, pode ser?
Depois - pressão acrescida - é um livro de Steinbeck. Steinbeck esse que é o autor do livro que eu fui buscar à FNAC depois do Natal, à troca de outro repetido que me ofereceram. Steinbeck esse que andava já a rezar que não fosse para lá de aborrecido e sim o romancista histórico que tinha na minha cabeça. Estava mesmo a ver que ia estragar tudo a ler um livro sobre metáforas de pedrinhas embutidas em amêijoas e nunca mais me ia dar vontade de ler o outro. E ai que eu já não sei do talão de troca.
Avancei a medo. Ganhei balanço. Gostei muito. Uma história tão simples, tão metafórica e tão verdadeira. Conta-se em pouco mais de 100 páginas muito daquilo que é a natureza do bicho-Homem. E constato o que certamente constatarei outras vezes ao longo deste ano, através desta iniciativa: é a fugir da nossa zona de conforto que nos surpreendemos e nos descobrimos com novos interesses. Adoro que o livro secreto faça isso por mim. Inspirem-se e peguem também num livro que nunca escolheriam da prateleira. Arrisquem.
Mas é sobre palavras e uma tal de Maria delas. E portanto de vez em quando vai por cá aparecendo uma opinião, uma citação, reflexões minhas, o que me vai apetecendo partilhar. Sempre gostei de ler, sem pressas, sem estilos definidos, e tenho a certeza que isso contribui para a minha escrita (que alguns apreciam, mesmo com os meus problemas nas vírgulas), para o meu discurso fluente (tem dias) e para a minha capacidade de raciocínio (se esquecermos os meus tiros tão ao lado, que vão parar a Espanha).
Nas fases em que ando mais leitora - que sim, isto tem fases - não tenho necessidade de comprar livros. Tenho muitos que me vão oferecendo, que eu vou comprando que me emprestam e me recheiam as estantes sobrecarregadas. Mas nas fases em que ando mais leitora, também ando sempre à descoberta e surgem novos apetites, alguns ficam a breve trecho disponíveis para degustação na prateleira (viva os livros em segunda mão!). E como se isso não bastasse, meti-me na aventura do Livro Secreto, que a M.J. organizou. E portanto além da minha fila de livros que nunca se esgota, porque nunca pára de crescer (nada a cair nos números da louca Magda Pais) agora tenho um livro por mês, a rodar nas minhas e das minhas mãos para outrem.
Causa-me transtornos de saúde, pois causa, não saber o que me calha a seguir - neste momento estou à espera do segundo e dão-me tremeliques de meia-noite com a curiosidade. O primeiro...como explicar? Não poderia ter sido melhor.
A Tragédia da Rua das Flores, precede os Maias. É uma espécie d'Os Maias, mais curto, mais conciso, mas com os mesmos traços de depravação familiar, a mesma crítica dos costumes, o mesmo gozo da fatalidade e aquelas figuras de estilo, expressão inconfundível da escrita de Eça, que me fazem revirar os olhos e pensar para mim: quem me dera escrever com um centésimo deste magnetismo. O livro velho, que acabei a ter de remendar com fita-cola, fez parte das melhores coisas deste virar de ano - e, caramba, se está a ser um ano cheio de tudo e tanto!
As praxes podem ser (são em 90% dos casos) estúpidas. Mas se um aluno espirrar enquanto está em praxe, não foi necessariamente o veterano que o infetou com o vírus da gripe.
No meu tempo (não acredito que estou a usar esta expressão), vesti sacos do lixo e cantei, tive crianças a pintarem-ma a cara e a darem-me papa e fui vendida em leilão. Nunca me senti ofendida, não fiz nada que não quisesse - pelo menos aceitasse (a coisa mais horrível para mim foi mesmo a papa, mas tive colegas que se deliciaram), e caso me quisessem obrigar a algo podia sempre recorrer àquela coisa chamada personalidade para dizer "não". Por exemplo, não bebo alcóol.
Bem sei que há lugares que levam estes rituais mais a sério (ou menos a sério, porque no meu caso foi mais uma integração que uma humilhação, que devia ser o real propósito da coisa), mas não acredito que não haja a opção de negar, à partida ou em determinado momento. Aliás, o que acredito é que nos casos em que não há hipótese de negar isso já não tem nada a ver com praxe. Tem a ver com seres humanos desprezíveis, inseridos num contexto que pensam que lhes dá poder - mas no fundo só lhes dá o poder que aquela centena de caloiros por cada 10 veteranos deixar. E isso é crime, e podia acontecer no campus universitário, como no café da esquina.
Digo isto pensando racionalmente e não querendo defender uma tradição da qual nunca achei que fosse fazer parte, porque no geral e da forma como é levada a cabo em muitas universidades, não me identifico com ela.
O filme chama-se "A Visita". É de terror e comédia (não me enganei). Leve, pesado, surpreendente. Produzido por M. Night Shyamalan, do Sexto Sentido (entre outros). E se isto - e a minha acesa recomendação - não chegarem para vos convencer...vejam o cartaz.
Regras da avózinha:
1. Divertir-se muito!
2. Comer tudo o que quiseres!
3. Não sair do quarto depois das 9h30. Jamais.
Sem vos querer influenciar (ahahaha) deixo já o link para o Sapo Mag, onde podem consultar as próximas sessões. Corram! E depois venham cá opinar.
MUITO BOM: A forma como a história é contada. O tal do narrador inconfiável, que não nos conta tudo o que sabe, que não sabe tudo o que há para contar e nos vai fazendo descobrir a trama aos poucos.
BOM: O livro começa meio mole e não senti logo o ímpeto de não largar. Mas foi crescendo. A forma como se organiza também propicia que queiramos sempre mais um bocadinho.
ASSIM-ASSIM: As personagens são todas caóticas. Eu sei que todos nós temos o caos em nós, em maior ou menor quantidade, neste ou naquele momento. Mas ali, não há personagem que se safe. Torna a história pouco realista (é muita loucura em tão poucas casas). Mas vá...é ficção.
MAU: É quase desde o início que se percebe um facto muito importante que, no fundo, nos conta o desfecho e nos deixa logo descobrir o mistério principal do livro. Se não soubesse aquilo que adivinhei logo (e não fui a única, por certo) teria tido um elemento surpresa grande lá pelo fim e teria gostado muito mais. E não era só desconfiar - eu sabia.
[Nota-se que estou um bocadinho dividida? Na dúvida: leiam. Até porque gostava de saber com qual das opiniões (ou quantas) concordam.]
Não era de todo minha intenção apresentar uma pérola de livro com a palavra "podre" no título, mas é mesmo isto que me apetece dizer. Apetece-me que toda a gente conheça este livro. Apetece-me que toda a gente leia este livro. E o pior é que não posso dizer porquê, sob pena de estragar as surpresas que vos vão fazer viver este livro. É como quando vamos escolher um filme para ver numa lista de vários e só sabemos que são muitos bons aqueles que já vimos. Portanto vão ter de confiar em mim, dá para ser? Leiam este Chama-lhe Amor.
a) Ah e tal, não tenho tempo para ler. O livro é curtíssimo e lê-se como quem come uma bola de berlim açucarada na praia. Num instante - e ficamos a salivar por mais.
b) Ah e tal, nem gosto de ler. Lê isto primeiro e volta aqui depois.
c) Ah e tal, não gosto de surpresas.
Então lê pela escrita sublime. Pelas metáforas. Porque eu disse.
d) Ah e tal, eu cato logo os enredos e para mim não vai ser surpresa.
Isso era o que eu achava quando para aí na página 10 adivinhei o que se ia passar na página 37. Achei-me tão espertinha e visionária. E depois caí de boca.
e) Ah e tal, romances não fazem o meu género. E quem te disse que isto era um romance? Ou que era só um romance. Foi o título que achas que o denunciou? Ó melher/home faz-te à vida, compra o livro que ainda por cima está com preço jeitoso e depois vem cá dizer-me de é um romance.
Sei que acabei de ler e fiz tal cara que o Moço me perguntou se eu ia chorar (eu nunca choro. a sério, experimentem pisar-me um mindinho do pé com força). Não era vontade de chorar, era surpresa e realização. Percebi o título. Percebi a Maria. A tal "tão banal que não passa de uma tipa comum que no Sábado foi calçar umas meias."
PS.: Este não é um post patrocinado - nem achei que o fosse escrever antes de começar a ler, embora a autora esteja à vontade (e é mesmo à vontadinha) para me compensar gordamente com notas de 500€ ou waffers com gelado. Uma coisa ou outra.
Vi o filme mais delicioso, sem querer, na tarde de Sábado.Escrito, dirigido e protagonizado pelo génio da comédia Ricky Gervais. Chama-se A Invenção da Mentira e relata a vida numa sociedade onde ninguém mente. O conceito não existe, sequer. As pessoas não mentem, não fingem, não ocultam. A publicidade à Coca-Cola diz "Beba porque queremos vender mais" e a da Pepsi diz "Beba quando não há Coca-Cola. Os filmes neste mundo são factos relatados por um homem sentado numa cadeira a falar para a câmara (qualquer tentativa de reprodução seria um fingimento).
Choca ao início, que haja tamanha frieza nas reações aos: "és gorda", "não tenhas esperanças", "odeio trabalhar contigo". Tudo o que há é honestidade e as pessoas estão habituadas a ela. Depois o protagonista inventa a mentira e tudo muda para ele e para o mundo, numa sátira à sociedade e à religião (revi um pouco de Saramago, será possível?).
É uma comédia ligeira, mas também um exercício de reflexão pesado. Um mundo sem little white lies parece-me agora horrível. Julguem-me se quiserem. Mas depois vejam o filme para verem a importância de um "vai ficar tudo bem" quando não sabemos se isso é verdade. Sem um pouco de fingimento, não há otimismo. Sem alguns segredos, não há boas surpresas.
A minha irmã escolheu-o ao acaso no menu das gravações automáticas, na Fox Movies, e pode ser que ainda o apanhem lá. E foi bem melhor que o filme que eu tinha escolhido primeiro (e não vimos mais de 5 minutos). Não sei em que mundo é que o "Caçador de Trolls" me pareceu uma boa opção.
Mais um filme em que o mundo acaba, com um elenco de luxo. Duas horas de seca (ao nível do "o que é que eu estou aqui a fazer?) + uma hora extra-emocionante (ao nível sutém-a-respiração). Agora podem ir por vossa conta e risco.