Quando nem te importas que o tempo volte a piorar um bocadinho...
Porque isso significa que podes adiar mais um pouco a troca de roupa de Inverno pela de Verão, que está toda amarrotada em caixas.
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Porque isso significa que podes adiar mais um pouco a troca de roupa de Inverno pela de Verão, que está toda amarrotada em caixas.
Vou-me antecipar à enchente de bloggers que amanhã dará as boas vindas ao Inverno e apontar-vos aquelas vantagens menos óbvias desta estação. É que por esta altura já toda a gente sabe dos chás quentes, das mantinhas, do Natal, dos gorros e luvinhas e da neve (onde a há) mas há um punhado de coisas boas do Inverno que não saltam à vista. A saber:
1. Não é preciso desculpas para não sair de casa.
Parece que as pessoas com o calor se sentem obrigadas a passear, mesmo que não lhes apeteça. Porque "olha para o Sol que está, temos de aproveitar". Certo, também sou apreciadora da fotossíntese ocasional, mas não deixo de gostar do típico Domingo-de-sofá só porque as temperaturas estão altas. Nesta altura ninguém me melga por não querer sair de casa: é que está muito frio. Pumbas. O Inverno torna a preguiça socialmente aceitável.
2. Posso tomar banho com àgua a ferver.
Não que não o faça todo o ano ao ponto de sair do duche sempre como uma índia (pele vermelha), mas no Inverno até o Moço toma banho com água a que eu já posso chamar quase-morna. E ninguém se queixa dos vapores quentes que provoco (aquela espécie de micro-clima na casa de banho) porque o calor sabe bem (e abre os poros).
3. Só faz a depilação quem quer.
Está oficialmente aberta a época do desleixo piloso. Como estamos mais cobertos, salvo seja, e os collants opacos existem, quem quiser pode ter mais uma camada de cobertor próprio. Não é só vantajoso para quem queira fazer isso - é mais vantajoso ainda para quem não gosta de olhar para pelumes alheios e tem de levar com isso durante o Verão.
4. A roupa feia tem uso.
Quanto mais camadas de roupa melhor. Está na altura daquelas blusas horríveis que te deram sem talão de troca terem uso (por baixo dos camisolões quentinhos).
5. Até parece que toda a gente que anda de metro toma banho.
Por um lado está menos calor que as faça suar, por outro não há ninguém de t-shirt larga com sovaquinho a espreitar. A viagem de metro comum parece federmenos que o habitual e todos ganhamos com isso.
Esqueci-me de alguma? Sintam-se à vontade para contribuir.
Diz a nossa estimada M.J. que há há dois tipos de pessoas no mundo: pessoas inverno e pessoas verão.
Naturalmente, discordo. Há mais um tipo.
O das pessoas que nunca estão bem seja qual for a filha-da-mãe da temperatura.
Aquela altura do ano em que repensas o ato de lavar as mãos.
O amor tem - como cada ano (e algumas pizzas) - quatro estações. Verões, Primaveras, Outonos e Invernos que se sucedem, muito embora desordenados e sem a duração certa de três meses de calendário cada.
Verões de paixão tórrida e calor suado que nos desorientam e acendem inteiros dos pés em pontas aos fios de cabelo revolto.
Primaveras de sentimentos arejados e serenos, como nas imagens dos bancos de jardim, quando nos sentamos num colo ameno a fazer planos do futuro, quais andorinhas - com mãos para dar, mas também asas.
Outonos onde é preciso apertar o casaco guardado no fundo do armário, tratar das coisas mais práticas, dar lugar ao companheirismo pragmático, saber que as árvores mudam de cor e as folhas caem, como nós tropeçamos.
Invernos áridos de silêncios e palavras que ou não são ditas ou são gritadas, lágrimas de chuva, vendavais, frios interiores que o cobertor elétrico não resolve.
Às vezes, como me dizem que acontece nos Açores, um dia de amor pode ter as quatro estações. E nunca pode o amor viver sem as quatro, a seu tempo. Aconselho então que se agasalhem para evitar a espereza dos inevitáveis Invernos, para os tornarem tão curtos e suportáveis quanto possível. Assim, as estações quentes serão muito mais longas e prósperas.
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