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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

23
Mar20

O flagelo das Videochamadas

Maria das Palavras

Uma das coisas que me está a custar com a crise que para aqui vai não é o isolamento em si, mas um dos efeitos mais nefastos do mesmo: a propagação das videochamadas

A febre das videochamadas tem um período de incubação médio de 5 dias a partir do isolamento, mas mais tarde ou mais cedo revela sintomas em todos os vossos grupos de Whatsapp. As principais ferramentas de contágio são o Skype, o Zoom e agora uma coisa chamada House Party, porque um mal nunca vem só e além de falarmos todos, também temos de jogar todos. 

 

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Eu juro que até sou uma rapariga simpática, que aprecia o contacto com os seus amigos e familiares. Mas mais pessoal. Ou por mensagem escrita. Ou por carta. Culpo pelo trauma o meu pai que sempre me disse que o telefone era para marcar o namoro e não para namorar. Só que agora não dá para marcar nada, mas eu também não me habituei em 34 anos a conviver à distância. Bicho do mato in the house.


Eu vejo vários problemas nisto das videochamadas.


O primeiro é que anula de imediato a maior vantagem de não se sair de casa que é usar o pijama mais rançoso que se tenha all day long e a pessoa não tomar banho, nem se pentear durante cerca de...ora...vai para 13 dias que não saio de casa. E o meu cabelo a partir do dia 2 já destila azeite. Podem dizer que não faz mal, estão entre pessoas próximas, mas toda a gente sabe que é obrigatório publicar imagens das videochamadas nas redes sociais, por isso não pensem que a vossa triste figura em robe de borbotos se vai manter em segredo.

 

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Depois no meio da confusão de janelas, em que às vezes um não se ouve, outro não se vê, há sempre alguém que fica com a imagem parada e uma alminha diz "o não-sei-das-quantas freezou". E "freezou" é uma palavra que me eriça a ponto de me crescerem cabelos debaixos das unhas. E a pessoa que diz isso nas chamadas que temos feito é o Moço. 

Mas mesmo que a ligação esteja a funcionar bem para todos, parecemos todos estrábicos, porque ninguém olha para o sítio certo. A câmara é num sítio, nós olhamos para outro, o que é o equivalente a estar frente a frente para alguém a conversar e um fala a olhar para os pés, outro fala a olhar para o tecto. 

 

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No geral a verdade é que para falarmos todos, acaba por não falar ninguém, que é mais ou menos a sensação que eu tenho em jantares de amigos com mais de 10 pessoas e videochamadas com mais de quatro. Mas já determinámos que eu sou um bicho do mato.
Mas até pode ser que sto me ajude a contribuir para a economia. Agora que o mercado de trabalho é capaz de piorar, até estou capaz de contratar uma assistente só para me gerir os horários das videochamadas, que começa a ser difícil acomodá-las todas, sobretudo se contabilizarmos o período para eu me queixar das chamadas também. 

O meu limite atual, que desconfio que está prestes a ser sacrificado em nome da amizade, são as chamadas à hora de almoço e jantar. Porque já era fácil entendermo-nos todos e falarmos à vez quando só estávamos concentrados nisso, agora adicionem a isto termos todos a obrigação de ter a refeição feita à mesma hora, termos de pôr a mesa (já estamos todos a fazer refeições em cima da cama, certo?) e apoiar o telemóvel num ângulo que nos favoreça (nunca é de baixo, minha gente!) enquanto deglutimos as sobras de ontem. O glamour já estava pela hora da morte, agora faleceu mesmo. 

 

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A minha sugestão é que continuemos a falar todos uns com os outros, mas, por exemplo, cada um vira a câmara para a sua jarra favorita. 
Ainda assim quando as chamadas ultrapassam a marca da meia hora, já começo a ter o índice de atenção de uma suricata e apetece-me pousar o telemóvel e re-encenar aquele anúncio do "siiiim, mãaaae". Sabem?


Posto isto, vou encontrar um martelo e dar cabo de todas as câmaras possíveis cá em casa. Mas sim, continuo muito tranquila, e vocês?

 

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05
Jan20

A cabeleireira. Com a tesoura. No salão.

Maria das Palavras

O título é só para quem já jogou Cluedo. O medo é real. 

 

Foto de Guilherme Petri no Unsplah - Salão de Cabeleireiro


Eu sofro de um síndrome. Aliás, três.

O primeiro é fobia de salões. Desde a conversa de circunstância, às revistas com notícias da realeza espanhola, às senhoras que vão só lavar a cabeça, tudo me causa troçolhos. 

O segundo é mais grave. Tenho medo de ser assassinada pela cabeleireira. São pessoas que varrem cabelo humano e ostentam tesouras como profissão. Julguem-me se quiserem. Além disso, aturar conversa alheia durante, pelo menos, 6 horas por dia, chamem-me louca, mas é coisa de sociopata.


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Apesar disso, continuo a não ter o dom de fazer a manutenção cabelo. E ninguém que me ajude. O Moço não corta bem uma courgette, imaginem uma franja. E da última vez que pedi ajuda à minha irmã para me pintar o cabelo, ela, ao lavar, enfiou-me o jacto do chuveiro num ouvido e ainda hoje não recuperei completamente a audição. 

Por isso apesar dos últimos dramas de salão: 

 

1. O dia em que me tentaram partir o pescoço (obrigada Agir, por arruinares esta frase) ou o penteado de casamento em 2017.

2. O terrível episódio da repa em 2018.

3. O corte sobre o qual não desabafei aqui porque desabafei a chorar em 2019.

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Tive de voltar. 


Não pensem que me esqueci do último síndrome. O terceiro problema é que sempre que gosto muito de como o cabelo está ou muita gente me elogia o cabelo eu penso: TENHO DE O MANTER ASSIM.

Então. Muito naturalmente. Vou cortá-lo.

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Não sei explicar. É como se pudesse ir à cabeleireira e ela efetivamente cortasse dois dedinhos só para aquilo que me agrada se manter mais tempo.

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Pois bem. Depois do episódio de Joãozinho em 2019 (fiquei com o pescoço à mostra, gente! desaprendi como se atava o cabelo!) arrisquei ir ao mesmo salão, porque há lá uma cabeleireira em quem confio e outra que me dá tremores quando diz que um dia me há-de cortar o cabelo mais comprido de um lado do que do outro, que "se usa". É aqui que bate a memória da minha mãe a obrigar-me a vestir calças de bombazine porque "se usa".  Bem me podem dizer que posso chegar lá e escolher a cabeleireira, mas já vos disse que as temo (vejam o síndrome número dois).

 

Pois nesta ocasião cheguei lá e exultei de alegria! A cabeleireira perigosa estava fora e teve de ser a minha favorita a cuidar de mim. Relaxei. Cheguei mesmo a dizer que gostava muito do trabalho dela. 

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Estava felicíssima, até com a Hola na mão. Até ao momento em que começo a ver que ela está a cortar mais de um lado do que do outro. "Deve estar a meio do processo. Vou-me dedicar à Hola."
Quando termina (cabelo seco e tudo) a minha cabeça é a Torre de Pisa. Inclinada, por mais que eu esteja direita. 

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Deixem que vos explique. Eu nunca fui diagnosticada mas desconfio ter um ligeiro OCD que se revela ao nível de combinar a cor das molas da roupa, a roupa interior com a exterior, alinhar comandos e ter tudo paralelo e perpendicular, direitinho na minha secretária. Não estar convencida do lugar certo de uma cadeira que sobra na sala é coisa para não me deixar concentrar no trabalho. 

Portanto imaginem-me num estado permanente de desequilíbrio dentro e agora FORA da cabeça. Alguém já jogou Wii Party? Sabem quando no jogo do Navio, quando depois dos mini-jogos temos de colocar os bonequinhos de forma a que o barco não afunde e ao concluir com sucesso a senhora anuncia BALANCED.

Wii Party


Eu NÃO estou. Estou 24/7 assimétrica e a isto (gesto de juntar o polegar ao indicador) de pegar eu numa tesoura e tratar do assunto. A outra opção é ir à concorrência acertar o cabelo, mas neste momento já creio que tudo possa acontecer nessa outra visita. Prefiro fechar-me em casa  até 2023. 

Não vos maço mais. Só queria que rezassem por mim. 

Um adeus inclinado. 
Maria

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07
Set19

O Flagelo da Rapariga que Viajou sem o Marido

Maria das Palavras

Quem acompanha o Instagram sabe que em pouco mais de um mês fiz duas mini-viagens sem o Moço (com quem não me casei entretanto, acalmem-se, usei liberdade criativa no título). Estive 5 dias a passear na Áustria com uma amiga e na semana passada 3 dias em Sevilha como a minha sister


Não viajei com o Moço, nem tive férias com ele durante o verão, porque ele mudou de trabalho mesmo antes de começar a estação e os planos foram por água abaixo (por uma boa causa). Mas também podia ter sido só porque tinha combinado viagens com outras pessoas. 

Dando uma novidade ao mundo: eu e o Moço não estamos agarrados pela anca. O que é muito bom porque isso significaria que seríamos gêmeos siameses e sermos irmãos tornaria a coisa muito estranha (não foi o Eça que escreveu a minha vida). 


Daí que tenha achado tão divertidos quanto preocupantes alguns comentários e olhares quanto ao facto de eu ter viajado "sozinha" - sem ser a trabalho. Trabalhar aparentemente até posso (obrigada sociedade), mas querer andar na galderice para meu bel-prazer já é um bocadinho a roçar o título de porca. 


As três reações mais frequentes aos nossos programas separados foram: 

 

1. Mas está tudo bem, convosco? Acabaram?  (tom preocupado)

Está tudo ótimo conosco. Não estaria se, por exemplo, uns dias separados, sem justificação médica ou laboral, fossem sinónimo de chatice. Aí a porca estaria nas couves. E a porca só foi à Áustria. E a Sevilha. Couves-free.

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2. A minha mulher/o meu marido não iam deixar. (com expressão de atrevimento)

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH.

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3. "Acho bem" mas com ar de desconcerto. 

Como quando me dizem que fico muito bem de franja. Há uma certeza metida a chicote na voz, mas um ar de dor de desarranjo intestinal na expressão facial.

 

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Certo que a maior parte das pessoas não reagiu. Porque viajar com alguém que não o namorado ou marido ou companheiro, por opção, não é digno de uma reação. E gabo-me de me rodear de pessoas assim. Mas ainda há um longo, muito longo, caminho a percorrer na mentalidade das pessoas. Até porque não estou a contar a parte em que a minha ideia inicial era fazer uma escapadinha europeia sozinha e TODA a gente reagiu como se eu estivesse a dizer que ia injetar malária. 

 

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04
Fev19

"Então e bebés?"

Maria das Palavras

Vida íntima - Então e bebés? Maria das Palavras

 

Vou tentar que este não seja um texto apenas sobre como é totalmente desadequado perguntar a um casal se não está na altura de terem filhos. Vou tentar que este seja um texto sobre o que eu sinto e talvez mais uma pessoa desse lado possa sentir e identificar-se, de forma a que saibamos ambos que não somos aliens

 

Apesar de em teoria toda a gente saber que quem sabe da sua vida é o dono dela, é socialmente aceitável em qualquer contexto perguntar pelos seus planos mais íntimos. Normalmente até sob forma de uma afirmação (nem tanto uma pergunta) mais ou menos assim "está na vossa vez!" ou "queremos um sobrinho" ou ainda "já está na altura de terem um bebé". Literalmente em qualquer contexto. Estava no outro dia numa conferência de âmbito profissional e um parceiro de negócios que até conheço há alguns anos, mas com quem nem tenho um mínimo de confiança, perguntou-me quando é que eu teria filhos.  Ele tem dois, claro. Normalmente são as pessoas com filhos que têm mais vontade que os outros ajudem a a povoar o mundo. Eu percebo: já conhecem a magia de serem pais e isso ninguém lhes tira (também aposto que há um niquinho de sentimento de quererem partilhar as noites mal dormidas), no entanto continuam a não ter o direito de decidir sobre a minha vida ou perguntar coisas íntimas. Também quererão saber sobre o meu ciclo menstrual, já que estamos no tema? 

 

Há algumas formas de responder a isto. 

Dar troco. Quando tu tiveres o segundo/terceiro/décimo.

Com bom humor. Ahah, isso agora!...

De forma evasiva. Um dia.

Mudando o assunto. Aquilo é um pássaro ou um avião?

De quem está farto. Não tem muito a ver com isso, pois não?

Já experimentei todas. Nenhuma desarma a pessoa ao ponto de não voltar a perguntar noutra ocasião qualquer (a mim ou a outra pessoa). 

 

You're next

 

Eu adoro crianças. Conheço como tia e como "tia" o sentimento indescritível de ligação a uma criança, que como mãe será certamente multiplicado por um milhão. Eventualmente, quero ter alguma para mim.

 

Tenho um problema muito grande no entanto. Continuo a ver-me como mãe "daqui a dez anos" como me via quando tinha vinte. Um plano distante. E sabem porque digo que é um problema? Além do facto da mãe natureza não perdoar, claro, e me dar um tempo limitado para ligar o relógio biológico. Digo que é um problema porque toda a gente à minha volta me faz sentir isto como um problema. 

 

Imaginem que podem estar a cometer uma grande gaffe quando perguntam a um casal por filhos e nem sonham que estes até estão a tentar ou já tentaram mas têm problemas de fertilidade ou passaram por uma situação de aborto espontâneo. Imaginem também - sem querer comparar a intensidade incomparável da questão - o que sente alguém que não tem problemas de fertilidade (ou tem, mas ainda não sabe disso, pelo menos) e é constantemente "repreendido" por não estar a tentar ter um filho a todo o custo. Imaginem como fazem uma pessoa sentir-se avariada. 

 

A idade complica. Ter uma relação estável complica. Ter um emprego estável complica. Tenho de ter certamente um aneurisma a formar-se para ter condições para ter uma criança e ainda não querer isso para mim, quando toda a gente acha que é o momento certo. Toda a gente, menos eu. "Nunca se está preparado" e "nunca é o momento ideal" não significa que o meu "agora não" não tenha legitimidade.

 

Portanto, repitam comigo: um casal (ou alguém) tem filhos quando quiser e decidir. Não quando está na idade certa, com condições financeiras e alguns anos de convivência feliz. Quando quiser e decidir. Não quando ouve esse conselho repetido de conhecidos, amigos ou família, que por melhor intenção que tenham (e o carinho é apreciado) têm absolutamente zero por cento a ver com essa decisão. Quando quiser e decidir. E isso não é um problema. É antes......Eu até dizia o que é. Mas adivinhem? Ninguém tem nada a ver com isso. 

 

Toda a gente tem tão pouco a ver com isto, que este texto não deveria sequer ser escrito ou publicado. Mas faço-o eu com a certeza de falar por muita gente (com a devida permissão do Moço, cuja opinião é um assunto separado que não trouxe para aqui, porque lá está, não pertence ao domínio público). Não hesitem em partilhá-lo, se é o que sentem e deixem que as minha palavras falem por vós.  

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23
Jan19

O Instagram vota à direita

Maria das Palavras

Porque claramente não esta alinhado com aquela ideia de sermos todos iguais e termos direito ao mesmo, partilhando as riquezas entre todos. A pessoa que não tenha dez mil seguidores não pode deixar links nos stories

 

 

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Ou seja, se eu quiser recomendar algo a alguém tenho de lhe explicar como chegar lá ao invés de ter a capacidade mágica e misteriosa de a fazer chegar lá com um toquezito no ecrã. Ah, se ao menos tivessemos ao dispor tecnologia suficiente, instrução superior e todas riquezas necessárias para CRIAR UM LINK. Eu sei que não é um direito básico da humanidade, mas tirem-me antes a água, porra, que eu já bebo pouca mesmo (brincadeirinha, 'tá Deus?). O "link na bio" não satisfaz, só pode ser um, não interessa qual é o post, e obriga ao labirinto de Hatfield House para lá chegar, numa época em que as pessoas até usam Google Maps para os caminhos que conhecem, só para terem a certeza que seguem o melhor atalho.

 

A outra dizia "Salvem os velhinhos", eu digo "Salvem os pobrezinhos do Instagram". 


Links para todos é o que eu quero. Sobretudo para mim (não minto, que se o egoísmo é feio, a desonestidade é mais). Portanto, se ainda não seguem a minha página de Instagram, façam-me esse grande favor, a ver se eu chego ao objetivo, que não é conseguir números para ter uma parceria com a Prozis, mas conseguir expressar-me de uma forma direta neste canal. Digam também a amigos, colegas, familiares, vizinhos, à pessoa que vos corta o cabelo e a estranhos com quem se cruzem na rua para me seguirem, por favor.

 

Ainda por cima estou tão perto! Mais oito mil e tal e PUMBAS!

 

 

Riso nervoso

 

#linksparatodos

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06
Dez18

Os perigos do Amigo Secreto

Maria das Palavras

É cada vez mais usual no Natal, para poupar nas prendas em grupos grandes, e parece uma coisa bem simples: faz-se um sorteio, determina-se um valor, compra-se a prenda para a pessoa que nos calhou e troca-se na data combinada. Certo? Errado. Há sempre alguns perigos, sob a forma de homens pessoas. 

 

O fura-prendas.

 

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Esqueceu-se da data, não teve tempo de comprar a prenda e não tem nenhum problema de consciência em receber uma boa prenda e dar nada em troca. Não é um defeito, é um modo de vida e no fundo a pessoa que sabe que lhe calhou este Augusto já sabe que fica a chupar no dedo (é como a fava do bolo-rei). 
Como atuar? Prevenindo! Ofereçam-se para fazer o sorteio e (imaginando que usam o SorteioAmigoSecreto.com, que recomendo) e em vez de juntarem toda a gente no mesmo sorteio façam dois grupos, certificando-se que ficam num diferente do fura-prendas. 

 

O conta-com-a-esposa.

 

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É uma variação do primeiro, com a diferença que não faz mal que ele nos calhe, porque a sua conjuge já sabe o que a casa gasta e tratará de assegurar o presente para o destinatário. Não raras vezes é mesmo ela que vê quem lhe calha e tudo (ele descobre no próprio dia enquanto descobre ao mesmo tempo que todos os outros o que ofereceu).
Como atuar? O bem está assegurado, por isso não precisam tomar qualquer ação, senão treinar a piscadela de olho para ela, enquanto lhe agradecem ironicamente a ele.

 

 

O distraído. 

 

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Aquele que leu "Mariana fez o sorteio para o Amigo Secreto 2018" e automaticamente comprou uma prenda para a Mariana. Não leu a parte do "Clique aqui para saber quem é o seu Amigo Secreto". Portanto, seguindo esta lógica, a Mariana, que organizou o sorteio, recebia todas as prendas. Gente, isto são perigos baseados em factos reais - esta já aconteceu este ano. A Mariana ficou feliz. 
Como atuar? Faz sempre tu o sorteio. 

 


O que nem quer saber. 


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Calhou-lhe a Teresa, mas bem podia ter calhado o Cavaco Silva ou o Mickael Carreira. A prenda seria a mesma. Vinho ou chocolates, assumindo-se que dá para toda a gente. E foi assim que assisti o intolerante a lactose a receber chocolates de leite e a abstémia a receber aquele vinho do porto. Os que têm mais trejeitos de maldade, ainda se riem com estes acasos. 
Como atuar? Não se previne, mas tem remédio: guardem a prenda para quem a aprecie. Não tem maldade dar o que é bom para outros e para nós não. 

 


O prático

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Sim, trouxe uma prenda para ti e é....o que lhe deste no ano passado. É prático, deu o que tinha lá em casa ainda por estrear. É também esquecido, porque entre várias trocas de prendas nem se lembrou que tinhas sido tu a oferecer-lhe aquelas meias com renas. 
Como atuar? Guardem a prenda. No próximo ano pode ser que ele vos calhe e volta à procedência. 

 

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20
Fev18

Podem não crer, mas vivo em terror.

Maria das Palavras

Deixei de comentar fotos em grupos de mensagens entre amigos, porque me causa tremores. Vivo em puro estado de terror dia e noite sempre as notificações disparam. E não é aquilo que podem pensar imediatamente: não é uma queixa de quantidade de fotos de garotada. É que desde que temos mais amigos-casais-com-filhos eles vão publicando fotos dos miúdos nesses grupos onde estão vários (o que agradeço porque gosto de ver os catraios a crescer e fazer malandrices - sobretudo isto). Mas publicam uns a seguir aos outros, outras vezes espaçadamente, e eu tenho um medo aceso de às vezes dizer uns "tão lindo" a uns e a outros não e os pais estarem a medir e a levar a mal porque sou a safadona que elogiou só o filho da outra, ou que também elogiou o dela, só que com menos entusiasmo. Pode ser só o meu micro-OCD que procura equilíbrio e quero elogiar exatamente o mesmo número de vezes todos e portanto prefiro não dizer nada a nenhum. Mas às vezes distraio-me, porque estou com mais minutos livres ou a foto provoca mesmo um acesso de carinho, e comento um qualquer "que amor" e...tá tudo f****. Agora vou ter de ir lá atrás, ver quantos mais publicaram fotos, se reagi ou não ao cicraninho e à fulaninha. Tudo isto a tremer, muito nervosa e voltando a lembrar-me que nunca mais comento uma foto num grupo de amigos que contenha crianças.

 

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Isto já sem falar dos episódios de pais em sequência. Que são aqueles casos em que vendo uma foto da criança de outrem, os pais não resistem a por logo de enfiada uma da cria deles. Tipo "olha a minha filha a andar!". Não! "Olha a MINHA filha a andar!". Só reacendendo a minha certeza que é tudo uma competição infidável e onde quem ganha é quem está caladinho (ou tem capacidade de pôr emoticon com coraçõezinhos em todos sem exceção 3 segundos depois da partilha de cada foto). Só reforçando a minha insegurança que sim, estão a olhar para o que faço a cada segundo, qual Big Brother a ver se apareceu "Maria está a escrever..." no topo da conversa quando a foto é do filho da outra e não do seu. 

 

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Isto serve só para expressara minha fraqueza e a minha confusão. Não são só os pais que vivem com o medo e a culpa de falhar - as pessoas que querem que os pais saibam que gostamos muito dos seus filhos (aka pseudo-tios) também vivem com esta pressão terrível de quererem mostrar o seu encanto por todos. 

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22
Ago17

O flagelo das Pituchas.

Maria das Palavras

Clips de vídeo que consistem em pessoas a sorrir para a câmara com bigodinhos e orelhas de gato (ou cão), enquanto balouçam a cabeça para a esquerda e para a direita. Vamos falar sobre isto?

 

Ariana Grande on Snapchat

Eu sei que falo porque sou uma invejosa: não tenho o tipo de beleza que me permite ostentar bigode. Isso está reservado para as mais fortes: aquelas que até a fazer caretas são bonitas. Agora, em podendo, em sendo dessas que ficasse sexy com orelhas a despontar do cabelo, ou estrelinhas a cintilar nas bochechas, ou (literalmente já vi isto) um chifrinho de unicórnio colorido a enfeitar-me a testa, continuo sem ver o propósito.

 

Parece a regressão evolução da selfie. "Agora estou farta de ser bonitinha numa foto vou ser bonita e balouçar ligeiramente o tronco e o pescoço enquanto pespego troços de cartoon em cima de mim."

 

Não consigo deixar de imaginar a conversa entre quem se lembrou disto e quem aprovou a ideia, possivelmente o pessoal do Snapshat, agora migrado para o Instagram Stories:

 

Inventor: Então chefe, agora a ideia era máscaras flutuantes para as pessoas parecerem gatinhos ou outros animais. Com olhos gigantes! Ou terem tipo setinhas de cupido a atingir-lhes a cara e corações a sair da boca em jeito de arroto…

Chefe: Humm…isso é só parvo. Que mais tens?

Inventor: Há aquela ideia antiga de as pessoas terem de resolver um problema matemático para verem cada post, para incentivar o raciocínio...

Chefe: Ó Costa*, isso não nos convém. Que mais?

Inventor: Temos a hipótese de integrar aquela funcionalidade que mostra como fica o mesmo prato de comida publicado ao fim de três meses para combater o excesso de publicações do género alimentício. Ou um filtro para vegans que sobrepõe alternativas vegetais às imagens de postas mirandesas**. Ou podemos repetir a ação de curar uma doença nefasta por cada like.

Chefe: Diz lá qual era a primeira outra vez?...

Inventor: Cenas na cara…

Chefe: Epá, parece-me brilhante. Põe isso. Pelo menos as crianças vão gostar. E se não pegar dizemos que foi uma daquelas ações de charme em que a empresa põe os filhos dos funcionários a ter ideias. A imprensa vai adorar. A NiT já partilhou e tudo.

Inventor: Ok, chefe. Mais alguma coisa?

Chefe: Olhos gigantes. Faz isso aumentar os olhos das pessoas. A minha mulher tem os olhos encafuadinhos na cara, pequeninos e malinos e faz-me espécie. Cada vez que olho para as pessoas de olhos pequenos parece que a oiço refilar comigo. Tratas disso?

Inventor: Vou caprichar!***



*O original em inglês é Coste.

**O original é hambúrgueres do Mac.

***O original é Gonna caprichate!

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21
Fev17

O drama das Ó-Lindas

Maria das Palavras

A única forma que concebo de chamar alguém usando a expressão "ó linda" é mesmo que o nome de batismo da pessoa seja...adivinharam: Olinda. 


De resto não consigo imaginar-me a tratar por "linda" alguém com quem não tenha um mínimo de confiança construída. Para falar verdade, não trato assim ninguém, mas isso também tem a ver com o facto de eu ser tão carinhosa como um novelo de ráfia. 

 

Portanto quando alguém acaba de me conhecer e passado cinco minutos já me trata por "ó linda" tenho sempre de conter o torcer de nariz e, não raras vezes, reprimir o comentário: o nome é Maria, mesmo. Sobretudo em dias em que as olheiras estão particularmente inspiradas, os poros abriram as janelas de par em par ou o cabelo faleceu de humidade e a expressão "ó linda" que tende a ter intenção fofa - bem sei, - me soa a uma irónica ofensa.

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