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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

30
Out15

Os livros, como as cerejas

Maria das Palavras

Cerejas (Imagem Pixabay) - Maria das Palavras

Às vezes acontece. Não estou na época certa. Largo um livro que não me entusiasmou e não pego noutro a seguir. Quando dou por mim passaram semanas. Meses.

O tempo passa e até penso que estou satisfeita. Só me lembro que não estava quando volto à leitura e vejo a falta que me estava a fazer. Sôfrega, leio um atrás de outro.  Quanto mais leio, mais quero ler. 

Um dia esqueço outra vez por umas semanas. Depois redescubro as páginas e as histórias. Mato a gula. De livros, como de cerejas. Muitos de uma vez. E sabe sempre a Primavera.

 

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27
Out15

Sobre mulheres de cabelo curto

Maria das Palavras

Imagem Pixabay - Cabelo curto

 

A Pandora cortou o cabelo e toda a gente lhe diz que está fantástico. Pretende saber da veracidade destes elogios. Eu ajudo (sem nunca a ter visto) com dados retirados de alguns estudos pessoais e transmissíveis.
Há efetivamente 5% da população feminina que fica melhor de cabelo curto, mas atenção que não é mais do que isto. Tens de perceber a sinceridade no discurso dos emissores para saber se fazes parte dessa fatia de estatística. Ou identifcar bem quem está a fazer o elogio, para apurar a fiabilidade da fonte.

 

Eis o tipo de pessoas que vos dirá que o cabelo curto fica melhor mesmo que isso não seja verdade:

  • O Pai: tudo o que torne a filha menos gulosa aos olhos dos homens é ótimo.
  • A Avó: no tempos dela tinha de se cortar os cabelos às miúdas para evitar piolhos e gastar muito sabão por isso continuam com o velho hábito.
  • As amigas menos giras: finalmente têm uma vantagem competitiva sobre ti, abençoados sejam os deuses. Têm de te elogiar para manteres isso durante tanto tempo quanto possível. 
  • A cabeleireira: Cabelo curto exige cortes mais frequentes para manutenção de um penteado giro. Euros. Euros.
  • O namorado. Que ainda não saiu do armário.


Não é só nesta amostra episódica que se baseia o meu estudo, mas bem me lembro de cortar o cabelo à joãozinho e todos lá em casa me elogiarem. As minha amigas, também. E depois aquele meu amigo mais sincero disse-me: não está mal, mas...nunca mais faças isso. E eu obedeci, até porque já me tinha visto ao espelho. Ainda hoje o meu pai me diz que foi o melhor que fiz ao cabelo e tenta convencer a minha irmã a fazer o mesmo, enquanto eu, por trás, faço sinais mudos: nãaaaaaaaaaaao

Só para finalizar, Pandora:  disseste que te sentias bem com o corte. Isso, muito provavelmente, responde à tua pergunta. Estás nos 5% e os teus belíssimos caracóis ficam em forma com esse corte. Eu, de cabelo ralo e curto, sentia-me só assim:

Hairless Dog Breeds - https://featuredcreature.com/five-hairless-dog-breeds-mans-best-naked-friends/

 

 

 

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21
Out15

6 Factos Irrefutáveis sobre um Casamento Moderno

Maria das Palavras

6 Factos Irrefutáveis sobre um Casamento Moderno (imagem Pixabay) - Maria das Palavras

Terminada a época oficial de casamentos, façamos o balanço do tipo de evento em 2015:


1. 
As amigas vão afastar-se do bouquet atirado como o Diabo se afasta da cruz e este vai acabar por cair no chão aos pés de todas enquanto continuam a recuar de fininho. Inclusivamente aquelas que amavam que aquilo lhes tivesse calhado em sorte para chamar a atenção - podem fazer isso depois com danças tresloucadas ao som de músicas das Doce.

2. Ninguém vai usar o brinde dos noivos. Mesmo que seja incrivelmente útil, ninguém quer usar uma bolsa de telemóvel a dizer Joana&Horácio no meio de um coração.

3. Vai haver convidadas vestidas de igual porque não sabem que não devem ir à Zara de véspera comprar o outfit ou esse risco sobe exponencialmente.

4. Metade dos convidados não vai comer bolo porque está numa dieta sem hidratos e/ou açucares. Muitos dos que comem deixam o carro e voltam para casa a fazer running (ou como diziam há um par de anos: a correr).

5. O animador que passava Apita ao Comboio e fazia palhaçadas para entreter todos foi substituído por um DJ que passe uma mistura de sons cool e kizomba, com a parte de comédia a ser assegurada pelos amigos dos noivos mandatados através de um acordo silencioso mas palpável que os obriga a tudo desde foto-montagens a danças coordenadas.

6. A despedida de solteira/o envolveu uma ida à praia (nalgum ponto ou na sua totalidade). No caso das mulheres, são obrigatórios a) outfits coordenados que incluam a cor rosa ou b) coroas de flores.

  

 

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18
Out15

OH NÃO

Maria das Palavras

Acho que o meu sobrinho vai mesmo ser do FCP (clube do pai e do tio).
A comida favorita dele já é a fruta...


[Adenda: eu sei que por obra de Bruno, o Justiceiro, o Benfica é que anda agora nas bocas do mundo por dar papinha aos árbitros, mas ainda não me desabituei de falar assim do Porto, peço desculpa.]

 

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25
Set15

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Maria das Palavras

As praxes podem ser (são em 90% dos casos) estúpidas. Mas se um aluno espirrar enquanto está em praxe, não foi necessariamente o veterano que o infetou com o vírus da gripe.


No meu tempo (não acredito que estou a usar esta expressão), vesti sacos do lixo e cantei, tive crianças a pintarem-ma a cara e a darem-me papa e fui vendida em leilão. Nunca me senti ofendida, não fiz nada que não quisesse - pelo menos aceitasse (a coisa mais horrível para mim foi mesmo a papa, mas tive colegas que se deliciaram), e caso me quisessem obrigar a algo podia sempre recorrer àquela coisa chamada personalidade para dizer "não". Por exemplo, não bebo alcóol. 

Bem sei que há lugares que levam estes rituais mais a sério (ou menos a sério, porque no meu caso foi mais uma integração que uma humilhação, que devia ser o real propósito da coisa), mas não acredito que não haja a opção de negar, à partida ou em determinado momento. Aliás, o que acredito é que nos casos em que não há hipótese de negar isso já não tem nada a ver com praxe. Tem a ver com seres humanos desprezíveis, inseridos num contexto que pensam que lhes dá poder - mas no fundo só lhes dá o poder que aquela centena de caloiros por cada 10 veteranos deixar. E isso é crime, e podia acontecer no campus universitário, como no café da esquina. 

Digo isto pensando racionalmente e não querendo defender uma tradição da qual nunca achei que fosse fazer parte, porque no geral e da forma como é levada a cabo em muitas universidades, não me identifico com ela. 

 

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15
Set15

Comparti(mentalizar)

Maria das Palavras

Compartimentalizar | Maria das Palavras (imagem Pixabay)

Consigo dividir a vida em frações. Sabem aquele vídeo em que um tipo descreve as diferenças entre homens e mulheres? Os homens têm cada assunto em caixas separadas, bem arrumadas, que se vão buscar quando são necessárias, as mulheres têm um novelo sem fim, com tudo interligado. Eu sempre fui mais como os homens. Tenho secções bem definidas em áreas arrumadas, como na melhor página do catálogo do IKEA.


Por exemplo, quando o meu avô  morreu, e a fim de um tempo, pu-lo numa caixa. Dito assim parece cruel, ou que estou a fazer uma piada mórbida. Não é isso. Arrumei a minha dor numa caixa enorme que ocupou uma divisão inteira na minha cabeça. Empurrei-a para os fundos. Só vou buscá-la quando não consigo mesmo evitar esse corredor. Deixei as boas recordações (e são tantas) numa caixa mais acessível, numa prateleira daquelas que uso muitas vezes. Está na estante da família, ponto geográfico: Leiria. As coordenadas sei de cor.

Há quem diga que por fazer isto sou fria, que estou a evitar sofrer e a acumular dores por não extravasar. Não é verdade. É a minha forma de lidar com as coisas e não há nenhum espaço a apodrecer nesta minha mansão. 
Faço isso com tudo, não só o que é mau: também organizo o que é bom (amigos aqui, ambições pr'ali). Não é um processo logístico complicado, não preciso de contratar um (ar)Mário a recibos verdes para dar conta do recado, é-me natural. Umas têm material frágil, outras inflamável, é só ler a indicação. Depois, às vezes, em vez de chorar, escrevo. 

 

Isto para dizer que é assim que eu reconheço um problema sério: as prateleiras das caixas caem em dominó. E porque a vida não é (para grande desilusão geral) um catálogo do IKEA não posso fazer logo compartimentar e tenho de me mentalizar para isso. Obrigam-me a trocar caixas de uns lugares para os outros e algumas enchem e ficam a transbordar, tocando a próxima. Ou não me deixam fechar a caixa delicadamente, embora seja óbvio para mim que já não é necessária. Ou tenho de passar tanto tempo a arrumar uma caixa que me esqueço das outras. E não faz mal. Porque no fim hei-de pegar nisso tudo que correu mal e arrumar nos fundos. Deixo cá à frente as lições, as boas recordações, e o futuro todo, embrulhados num cartão que diz "este lado virado para cima". 



 

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15
Jul15

A ordem das coisas

Maria das Palavras

Não vás para um paraíso tropical na primeira semana de férias e para a Ericeira na segunda.

A Ericeria pós-trabalho pode ser um camarão tigre grelhado com molho de manteiga de alho para as torradas, mas depois de águas turquesa sabe a tremoços velhos. Sem sal.

 

Experimenta ao contrário e sê imensamente feliz.

 

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14
Jul15

Será que os livros morrem nas estantes?

Maria das Palavras

 

Pixabay free images: Bookshelf | Estante de livros

  

Imagine-se uma pessoa que não é amada. Que experimentou um beijo entusiasmado e depois foi fechada numa cela vazia e quieta, sem saber se é para sempre, só com a recordação desse beijo. Por quanto tempo se sentirá viva sem propósito algum?

Não é isso que fazemos aos livros que colecionamos? Lemos todas as páginas, mais sofregamente, ou devagar, a saboreá-las. Depois fechamos a capa, encostamo-los ao peito, felizes pela leitura, tristes porque terminou. Gostámos tanto. Jamais nos poderíamos desfazer dele. Guardamo-lo na prateleira. Não o damos porque já está usado, não o vendemos porque o queremos conosco, não o emprestamos porque sabe Deus que podemos não o ter de volta, não o relemos porque já sabemos a história e gostamos de ser surpreendidos. E ele fica ali arrumado, qual peça decorativa, a ser tocado pelo espanador, volta a abrir-se se alguma vez no meio da limpeza tem a sorte de cair ao chão.

 

E não me digam que sou ridícula (apesar de ser verdade) e que os livros não têm vida. Quando muito, têm várias. 
Então fica a questão: os livros morrem por não serem lidos?

 

Se assim for, nem toda a gente mata os livros (há quem se desfaça delas, quem os empreste com leveza, quem os releia incontáveis vezes), mas eu mato. E mais assassinos haverá por aí. Penso se serei capaz de deixar de ser egoísta e fazer o melhor pelo espécime em papel. Fazer até uns trocos ou fazer outra pessoa feliz. Mas sobretudo isto: ressuscitar o livro. Ou deixá-lo viver. Ser lido. É a mesma coisa. Está bem, eu vou dormir...

 

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01
Jul15

O casamento é outra coisa

Maria das Palavras

Pixabay Public Domain Photo: Wedding

 

Nunca tive o sonho de casar. Sim, ser casada esteve sempre no meu imaginário de um futuro "bem sucedido", mas isso não tinha nada a ver com papéis ou festas, apenas com ter alguém disposto a prometer-se a ti por toda uma vida e vice-versa - qualquer coisa que começasse com um beijo tímido e acabasse com dois velhotes companheiros à frente da lareira com gatos ao colo. Mas aqui não falo do casamento-relação, falo do casamento-evento. Os ingleses distinguem com duas palavras (wedding ou marriage) e Deus-os-abençoe por isso.

Quando me questionavam sobre o assunto, dizia só que queria ser pedida em casamento, casar era irrelevante. Ou então que preferia saltar logo da despedida de solteira para a lua-de-mel - torrar o dinheiro que custa a cerimónia numa bela viagem era algo para me dar muito mais prazer.


E não é que eu tenha mudado de ideias, mas de repente tive uma epifania sobre o que de facto interessa no casamento [que é a festa e não o estado conjugal]. Não interessa tanto o dia em si, como o facto de ele ser um culminar de um processo a dois. Não interessa tanto que esteja lá a tia-avó que já não viam há dez anos como o facto dos noivos terem tomado essa decisão em conjunto. Não interessa tanto que estejam dez convidados sentados na mesa "Malibu", como terem-se sentado meses antes, copo de vinho na mão, a acertar o tema do casamento. Não interessa que as damas de horror vistam amarelo canário, a dar com a decoração da igreja, ou que os guardanapos tenham forma de cisne, que o bolo seja de chocolate, que a música de entrada da noiva fosse o She entoada por um cantor lírico ou os brindes que ninguém usa sejam charutos cubanos, alfinetes de peito com a foto dos noivos e saquinhos de gomas para os petizes. Nada disso interessa tanto como o processo que fez com que nesse dia de celebração tudo acontecesse exatamente dessa maneira. As decisões difíceis, as horas de planeamento, as discussões por cima dos lírios frescos que ocupam a banheira na véspera...O dia do casamento é o dia mais importante da vida dos noivos porque é o concretizar do seu primeiro grande projeto a dois., com tudo o que isso envolve.


O casamento é outra coisa. São todos os dias antes do dia.


E se esse dia for um sucesso...então porque não será o casamento, enquanto relação? (pensará a cabecinha apaixonada dos noivos)
É por isso que é tão importante. 
....
É por isso que é tão importante?

 

 

 

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