Se tens de o/a desculpar todos os dias, não é amor. Se tens de te desculpar todos os dias, não é amor. Se tens de aguentar, não é amor. Se tens de mentir por ele/a (os outros não compreendem), não é amor. Se te afasta de quem sempre esteve na tua vida, não é amor. Se te afasta dos teus sonhos, não é amor. Se és menos, para não provocar mais, não é amor. Se te provou que só ele/a gosta de ti, não é amor.
Se achas que não és vítima, que é só um caso de muito amor, não é amor.
(Não é amor, já é violência - e ainda não falei de insultos, nem de empurrões.)
Fogo de artifício: Mil selfies de beijinhos no Instagram. Casamentos caros com estátuas de gelo. Declarações públicas mensais no mural do Facebook. "Desliga tu. Não desliga tu". Nunca discutimos.
Sentimento: Torradas de manhã. "És linda" a meio de uma constipação. Uma mão a procurar a outra, pela calada. "Já te disse que pares de roer as unhas ou corto-te os dedos!".
[Não há maior cliché do que que publicar fotos de pôr do sol no verão. Por isso é que não vos martirizo com uma série de quatro que tirei ao fim da tarde na Costa, com intervalos de dez minutos e todas com cores diferentes a pintar o céu. Mas esta, caramba, aposto que aquele casal ia adorar ter esta. Amor de verão sem filtros.]
Rir. Daquele riso que vem e fica tanto tempo que nos esquecemos o que era afinal tão engraçado. O riso que transborda em lágrimas e faz doer muito a barriga. Que começa estridente, pega com espasmos e acaba numa careta contraída e silenciosa. Que nos põe no chão a rebolar, mas nenhum ROFTL consegue transmitir. Que fica ali suspenso ainda durante uns minutos depois da última gargalhada e nos faz largar outra vez a rir com uma simples troca de olhar com um cúmplice de riso. Que faz o meu pai olhar para mim, muito sério, com ar "já chega, não"?
Se são tão famosas as terras com nomes ordinários (como a boa e velha Picha) e se sexo e amor vêm de mãos dadas, salvo seja, porque não partilhamos também as terras com nomes mais ternurentos?
Lá perto da minha terra natal tenho duas jeitosas: os Parceiros e claro...Amor, onde eu ia encher garrafões de água à fonte com o meu avô.
E vocês? Conhecem alguma assim com nome supé-fofinho-sei-lá? Acho que não me ganham...
Ontem enviei-lhe as tais fotos em topless da Sara Sampaio. Ele gosta da moça e eu prefiro que ele cultive paixões impossíveis do que por uma vizinha do lado.
Ao fim do dia comentei as fotos com ele. E ele diz que ela tem um peito até pequenino, que é parecido com o meu. Ele acha que o meu peito é parecido com o da Sara Sampaio! Hahahaha. A minha copa A mal cheia parecida com a de uma Angel da Victoria's Secrets. O amor é cego, minha gente. E ainda bem.
[escusado será dizer que se acabam assim as inseguranças relativas a este post]
E dizem as amigas pseudo-videntes ou familiares hiper-intometidos, muitas vezes sem que se lhes pergunte nada:
O amor vai aparecer quando menos esperares.
Se já estiveram numa estação de comboios ou numa paragem de autocarro sabem que isto não é verdade. Como o comboio ainda não chegou, nós estamos sempre à espera que ele apareça. Não ficamos na plataforma distraídas a olhar para paredes e de repente chega o comboio e nós: "ó diabo, já não estava nada a contar com isto!".
A boa notícia é que ele chega mesmo. Invariavelmente. Às vezes atrasa-se, já tem gente a lotá-lo, faz greve. Às vezes temos de fazer o sacrifício de ir a pé nesse dia, ou apanhar outro transporte que não é bem aquele para o qual compramos o passe. Mas ele chega. Prometo. Só não é quando menos esperarem, porque enquanto ele não chegar, vamos estar sempre à espera. Isso eu também sei.
Não sou Maria-vai-com-as-outras. Sempre fui do contra, aliás. Sou Sportinguista numa família de benfiquistas, mesmo não tendo idade suficiente para ter visto o Sporting ganhar mais que um par de campeonatos. Portanto não tenho desculpa nenhuma para ser Sportinguista senão o facto de ser do contra.
Ser Maria, neste blog, é até contraditório - contra mim, desta vez. Mas é precisamente porque aqui sou uma de muitas.
Uma blogger num mar de bloggers. Uma mulher num mar de mulheres. Uma apaixonada pelas palavras, sobretudo, por entre tantos que se exprimem de uma forma deliciosa, usando apenas letras desenhadas num ecrã.
Sempre fui tão racional que esta minha paixão por palavras nunca conviveu bem com o resto da minha vida. Por isso, ao escrever uma carta sentida a alguém, ao revelar um poema, ao adaptar uma letra de música a pedido, quase sempre quem lia, se surpreendia. Quem é esta Maria das Palavras que vive dentro da moça ponderada, analítica, pés-na-terra que todos conhecem?
É a mesma que queria ser professora e escritora, ainda muito menina. Uma menina que ficou para trás e deu lugar a uma mulher responsável, bem sucedida, pragmática, sem tempo para hobbies sem valor.
Como se o único tipo de valor se traduzisse em dinheiro.
A Maria-pragmática apaixonou-se. Deu palavras a um homem que nunca tinha dado a ninguém. E recebeu-as de volta. E lembrou-se do valor que sempre soube que as palavras tinham. Lembrou-se que sempre fora uma Maria das Palavras. E que talvez fosse tempo de a re-descobrir.
[A Maria das palavras aparentemente deslizou para a terceira pessoa. Vou corrigir, sim? Não sou o Jardel, eu sei.]