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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

20
Jan17

Memórias ao dia 20

Maria das Palavras

Daqui a pouco tempo já terei vivido tantos anos com o meu avô quanto sem ele, o que me parece francamente inacreditável, tal é a importância que teve na minha vida. Fazíamos quadras os dois (ele também era "das palavras" mesmo com a 4ª classe), íamos buscar àgua à fonte, ele deixava-me alimentar os coelhos à boca e carregar os baldes (vazios) até à parte afastada do quintal onde corria água e cresciam as favas. Ao fim do dia, eu lia com a cabeça pousada na barriga dele enquanto dormia ou via televisão.  Mostrou-me mais do nosso país, os três no carro, a ficar em pensões numa altura em que o Booking era mesmo chegar e ver se havia lugar para nós, do que tenho visto ultimamente (e não é por falta de passeio). Fomos a Salamanca e quando ele pediu um café solo trouxeram-lhe um pêssego. Coisas pequenas que ocupam um espaço grande na minha memória. 

Hoje ele faria 83 anos, apesar de não ter chegado a celebrar os 70. Foi-se embora pouco antes dessa ocasião, na passagem de ano, e os anos nunca mais passaram para ele. A vida continua para quem fica, porque tem de continuar. E todos os anos que vivi ao lado dele foram prenchidos de tudo, pelo que não me podem entristecer, só deixar saudade. Só há uma coisa difícil de aceitar: que ele, um dos (três) homens da minha vida, não tenha conhecido o Moço, para saber que tenho quem tome bem conta de mim e me deixe ler em cima da barriga.

 

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12
Jan17

Kill me. Kill me now. - Parte II

Maria das Palavras

Sabem aquela história de não se terem filhos favoritos? Esqueçam.

Falava consternadamente com a minha irmã acerca do flagelo que se abateu sobre a nossa família (a ler aqui se não sabem) quando ela me diz que nem sequer aceita o pedido de amizade da minha mãe enquanto ela não mudar a foto de perfil. 

Maria: Aceitar o pedido? Mas a mãe não me pediu em amizade, eu é que vi a conta nas sugestões do Facebook...

Irmã: Ahahah! A mãe não te pediu em amizade!?

Fui rejeitada pelo que rejeitava. Estou no fundo da cadeia social. E no último lugar pela luta do amor da minha mãe. 

 

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12
Jan17

Kill me. Kill me now.

Maria das Palavras

Aquele dia em que, do nada, a tua mãe aparece nos amigos sugeridos no Facebook. A minha mãe no Facebook?! Quem é que deixou que isto acontecesse? Quem é que no mundo achou que a minha sogra não era o suficiente para nos embaraçar?

De apontar que o primeiro comentário é da minha tia e versa assim: "toda boa!".

 

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24
Dez16

É quase meia-noite.

Maria das Palavras

As tradições (as nossas, como as do mundo) servem para nos emprestar um sentimento de conforto. Com tanta instabilidade, mudança, evolução e marcha-atrás da vida, faz-nos falta saber que há coisas que não mudam. Ou que não mudam enquanto isso depender de nós. 


Há muitos anos - e está gravado numa cassete VHS - eu, a minha irmã e as minhas "primas do Natal" gritávamos aos saltinhos é quase meia-noite, é quase-meia noite com a aproximação pintada de adrenalina da hora décima segunda, qundo o galo canta a missa e nós abrimos as prendas. Tenho trinta anos e já não podemos, porque as coisas mudam, lá está, passar o Natal com as primas. Mas continuamos a esperar pela meia-noite, como se crianças houvesse, para abrir as prendas. E cantamos baixinho, cada uma só para si, mas em coro se virmos bem: é quase meia-noite, é quase meia-noite.

 

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27
Nov16

Vou processar a minha mãe.

Maria das Palavras

A minha mãe não fez um curso para o parto (convenhamos, se fosse para ter formação teria de ser antes uma de planeamento familiar, visto que eu fui feita na noite de núpcias). Não me teve num hospital privado onde o meu pai pudesse ficar (desconfio que ele não queria), nem sequer visitou antes a ala da maternidade, foi assim ao Deus-dará, feita maluca. Ferveu os biberões no tacho (e hoje em dia nem os esterilizadores de microondas servem, têm de ser elétricos). Passava-me a sopa com varinha mágica, a bestinha (aposto que ficava cheia de grumos). Nunca me pôs em cima de um muda-fraldas, o que torna para mim um mistério saber se andava sempre toda borrada - será que nem fraldas tinha? Ou melhor, é possível não ter muda-fraldas e as crianças fazerem cocó na mesma? Fiquei escandalizada quando me disse que nunca me comprou uma forra de ovo que supostamente apoia a cabeça e protege mais do frio. Ainda nem estava preparada para a bomba: filha, nunca tiveste isso do ovo. O meu carrinho não era trio, era só normal, não tinha manhas de transformer. Aqui culpo o meu pai, pelo triste veículo. Secretamente, também o odeio por não ter trocado de carro dele porque teve uma filha. Era mesmo a 4L e pronto, nada de carrinhas com 9 lugares. E sabem quem me tirava as fotografias? O MEU PAI. Foram incapazes de contratar alguém para me registar momentos num ambiente normal para uma criança (como um ninho de palha ou um ovo da páscoa). 

 

Transporte de bebé - Imagem Pixabay

 

 

Ter um filho não exige a disponibilidade monetária ou a preparação exímia que hoje em dia todos nos vendem como certa. Não precisamos comprar tudo o que está na Chicco (e as outras mães têm) e, sobretudo, não precisamos ser perfeitas ou saber e sentir o que está pré-definido por terceiros. O que mudou não foi a necessidade do bebé. Foi - em muitos casos - a pressão da sociedade. Ninguém pode ter um bebé sem um quartinho montado em cores pastel.  Ninguém pode ter um bebé sem sentir que nasceu para ser mãe. Mentira.

Estou mais que ciente que vou comprar e fazer muita mariquice desnecessária um dia que vá ter filhos (sobretudo as mariquices que poupam tempo e dores, que nos dão segurança real ou imaginária), mas quis escrever este texto para servir de lembrete: Maria, não é preciso. Também a "lei" manda ter cortinas em casa e eu nunca as tive, nem fui menos feliz por isso. 

A minha mãe não teve metade das coisas que hoje são "essenciais" e sabe-se lá como, eu sobrevivi. Pensando bem, não a vou processar. Vou-lhe agradecer.

 

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23
Nov16

Querem primeiro as boas ou as más notícias?

Maria das Palavras

As boas?
Finalmente o livro do Afonso Cruz apareceu
Estava de facto em casa dos meus pais, depois de a minha irmã o ter levado emprestado há meses.

 

As más? 
Foi encontrado assim.

 

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[Ou pelo menos foi esta a foto que recebi da minha irmã, juntamente com a mensagem "O livro do Afonso Cruz não queria ser encontrado. Lamento mas cheguei a casa e encontrei-o assim...Devias ter deixado o assunto em paz. Ele não queria voltar para Lisboa..."]

 

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08
Nov16

A visita de um filho emancipado a casa dos pais.

Maria das Palavras

Ir a casa dos pais, na idade adulta, é uma experiência bipolar das mais capazes. É maravilhoso e penoso, tudo ao mesmo tempo. Ali estão as duas pessoas (na generalidade) que nos criaram e a quem tão bem queremos (quem nos dera fossem eternos). As que melhor nos amam e...melhor nos irritam (mas isso é em qualquer fase). Qualquer pessoa em idade adulta reconhecerá o relato das principais fases de uma visita normal a casa dos pais.

 

A chegada
Aliás a visita começa sempre com aquele telefonema do "nunca nos vens visitar". E sim, estiveram lá ontem. Quando aparecem na ombreira da porta identificam logo aquela expressão acompanhada por um sobrolho franzido, que varia entre o "engordaste!" ou o "filha, estás mais magra". Se eu estivesse mais magras de todas as vezes que visitei os meus e mo disseram pesava neste momento 100 gramas bem contados. Nem precisava esperar pelo Expresso para Leiria só pela próxima rajada de vento no sentido Norte.
As mães ainda podem acrescentar "o que é que fizeste ao cabelo" ou "não tinhas isso!" apontado para a peça de roupa que temos há cinco anos.

 

 

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A refeição

Claro que a fatia dos pais que acusa os filhos de terem engordado não deixa de lado o contraditório ritual "enche-bucho". O ritual começa quando te enchem o prato à maluca porque "lá na cidade não tens disto", passa pela repetição que tentamos veementemente negar porque estamos mais do que cheios mas eles querem que continuemos a comer. E quando já repetimos dez vezes e nos esforçamos por mastigar só mais um bocadinho porque até fizeram (fazem sempre) o nosso prato favorito e não queremos parecer ingratos ouvimos um "estás a comer que nem uma esfomeada, logo vi que tu por Lisboa não andavas a comer bem". FOSTE TU QUE ME ENCHESTE O PRATO DEZ VEZES!

 

 

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A partida

Podem ter lá passado lá uma semana, mas eles despedem-se chorosos porque nunca passam lá tempo nenhum. Atafulham-vos os braços com 30 alfaces arrancadas do quintal e 7 frangos do campo, além dos 23 tupperwares com restos dos almoço (que nunca regressarão à terra). Vocês dizem que sozinhos não conseguem comer tudo. Dizem que congelem. Vocês dizem que o congelador não tem espaço para 30 alfaces e 7 frangos do campo, mais os tupperwares. Eles já não dizem nada, mas vocês levam tudo na mesma. Depois despedem-se com aquele "até para o ano" irónico como quem diz que nunca aparecem - só porque anunciaram logo que no fim de semana seguinte iam estar fora e não podiam lá jantar.



É assim uma visita a casa dos pais: todo um trauma. Mas que abençoado trauma. 

 

 

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26
Out16

O jeitinho (inexistente) que eu tinha para as quadras

Maria das Palavras

Encontrei no baú este conjunto de quadras com muuuuitos anos que prova duas coisas: sisters will be sisters e eu já começava a pensar no Natal com bastante antecipação (nem me controlava para dar "a prenda" - embora a qualidade da mesma possa ser duvidosa).

 

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25
Out16

Dois dedos de conversa #58

Maria das Palavras

Conversa entre a minha avó, que trazia um fio com um crucufixo ao pescoço, e uma das suas netas (cuja identidade permanecerá anónima):


Neta: Olha, tens aí Jesus ao pescoço.

Avó: Não é Jesus que se diz. É o senhor!

Neta: Ó 'vó, os senhores andam de fato e gravata, esse está nu...

Avó: Vá, respeitinho.

Neta: Deixa lá 'vó, eu não acredito nessas coisas.

Avó (a levar as mãos ao peito): Ai, a minha neta é jeová!

 

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