As tradições (as nossas, como as do mundo) servem para nos emprestar um sentimento de conforto. Com tanta instabilidade, mudança, evolução e marcha-atrás da vida, faz-nos falta saber que há coisas que não mudam. Ou que não mudam enquanto isso depender de nós.
Há muitos anos - e está gravado numa cassete VHS - eu, a minha irmã e as minhas "primas do Natal" gritávamos aos saltinhos é quase meia-noite, é quase-meianoite com a aproximação pintada de adrenalina da hora décima segunda, qundo o galo canta a missa e nós abrimos as prendas. Tenho trinta anos e já não podemos, porque as coisas mudam, lá está, passar o Natal com as primas. Mas continuamos a esperar pela meia-noite, como se crianças houvesse, para abrir as prendas. E cantamos baixinho, cada uma só para si, mas em coro se virmos bem: é quase meia-noite, é quase meia-noite.
Abaixo a política de prendas só para as crianças. Só se tiverem em conta que todos temos uma criança dentro de nós.
Que coisa feia para se ensinar aos mais pequenos. Pois se o Pai Natal só dá prendas aos meninos que se portem bem e os pais não recebem nada, saibam que a vossa criança vai inferir logooo que vocês foram maus este ano.
Ensinem antes os valores da justiça: não há dinheiro, não há prendas para ninguém, que o importante é a paz e a saude e o amor e tal e coisa. Agora não me venham cá com a mariquice do Natal é dos mais pequenos.
Coisa mais feia! O adulto comum já é um coitado o ano todo, entre o trabalho e e as contas da casa e as compras e a filharada e a responsabilidade toda e um mar de preocupações. Chega ao Natal...chapéu! Prendas é para os pequenos. Brincar é para os mais pequenos. Natal é para os mais pequenos. Ser feliz é para os mais pequenos?
Que se lixe. Tenho pouco mais de um metro e sessenta. Eu diria que sou pequena.
Recebi centenas de emails e mensagens (algumas por pombo-correio também) a perguntarem-me que camisola era aquela que eu tinha vestida neste post.
É mentira, eu é que vos quero mostrar. Já me acompanha vai para cima de...um Natal! No ano passado foi a farpela oficial dos jantares todos, este ano é para a consoada, mas não me coíbo de a usar antes e até 6 de Janeiro.
As meias têm muito má fama no Natal. São tidas como aquele presente de vão de escada que ninguém quer e toda a gente recebe.
Eu não sei quantos à saúde dos vossos pezinhos, mas cá por casa (leiam com calma não sei se estão preparados para saber isto)...usam-se meias.
Verdade.
Mais: nesta altura usam-se meias numa base diária. E, muito embora, tentemos cortar as unhas pelo menos uma vez por ano, ou de dois em dois, com o serrote do meu tio: as meias também se rompem de gastas.
E eu que me assumo que já recebi muita prenda que não queria ao longo da vida, posso dizer que a desilusão nunca foram meias. Já recebi álbuns de fotos que não me servem para nada na era digital, CD's de bandas que me passam ao lado e roupinha feia, por exemplo.
Uma meia pelo menos é aquela peça segura. Quão feia pode ser uma meia? No máximo é a meioca branca ou tem um cartoon que não é da nossa preferência. Mas para arrumar debaixo das botas serve que é um mimo. É muito difícil errar.
Por isso eu digo: abaixo o desdém contra a meia. A meia é melhor que um naperon com cisnes. A meia é melhor que uma enciclopédia. A meia é melhor que os Mon Cherry que nunca gostei.
A meia é a prenda de quem mostra que te conhece: sabe que tens pés.
A Inominável nº5 está nas bancas virtuais. Sugiro que a leiam de ponta a ponta ou (em faltando tempo) saltem logo para as páginas 22/23 onde esta que vos fala com M.J. vos proporcionam bons momentos no Correio Sentimental. Ide ler. E opinai.
Eu bem sei que nem toda a gente é tão organizada como eu e chega a Outubro Dezembro com as prendas todas feitas ou compradas ou embrulhadas...mas mesmo assim, não estou a publicar isto como dicas de coisas que quero receber no Natal, caso alguém tenha deixado para o fim a minha prenda (por ser tão especial). É só uma lista aleatória de coisas bonitas que penso que combinam comigo que é um luxo. Não que as queira...Mas bem clicando até podem saber onde se compram ou quanto custam. Até 31 de Janeiro ainda aceito prendas de Natal, por isso não se apressem.