Dizem que ontem foi o dia do Riso. Foi? Se foi mesmo, este post onde reúno textos pseudo-engraçados ou bem-humorados vem mesmo a calhar, embora atrasado. Se não foi, que se lixe, tentem lá esboçar um sorrisito na mesma, com este cardume de textos (cardume é com licença criativa). Como às vezes é para rir de mim e não comigo, pode ser que consigam. Senão riam-se da minha mania de querer ser engraçada, sem ter pontinha por onde se lhe pegue. E há mais parvoíce no Instagram @mariadaspalavras.
Se a sociedade evolui, porque não deverá evoluir também esta grande bíblia do sexo? Esqueçam o Kamasutra antigo e o Canguru Perneta e experimentem as novas posições desta edição especial para casados...Satisfação (não) garantida. Mas também não aceitam devoluções.
Ir à feira de Maio de Leiria e ouvir, como todos os anos antes deste, a senhora que vende bilhetes para o Mega Dance* gritar: AGORA À VELOCIDADE DO SOL!
Velocidade.
Sol.
*(uma daquelas diversões com cadeiras rodopiantes, altamente inseguras, na qual desta vez obriguei o Moço a andar e ele quase desperdiçou o almoço por isso)
Os taxistas têm os seus pontos de razão: a Uber opera com benefícios fazendo uso de um vazio legal, mas...eles fazem todas as coisas erradas para lidar com isso, em vez de aproveitarem para mostrarem que podem ser melhores (nem que seja a nível da educação australopiteca - salvo honrosas exceções, que profissionais bons e maus há-os em todas as áreas). Mas este post nem é bem sobre isso. Sei que a altura de falar sobre a polémica já passou. É mais porque o Moço contava a um colega, pró-taxista, que temos sempre apanhado taxistas que ou falam mal para nós ou nem falam para dizer boa noite e ele respondeu que talvez fosse ele, o Moço, que falava mal para eles.
Isto é de merecer uma gargalhada sentida. Para já, quem conhece minimamente o Moço sabe que ele só é bruto se lhe calcarem bastante os dedos mindinhos. Então assumir que ele entra no táxi e debita logo brutalidade ao ponto de mudar o mood outrora harmonioso do motorista é de loucos. Se calhar, o colega do Moço, acha que "falar mal" é pedir ao taxista para ir até uma localização que não apeteça ao senhor (ou pedir fatura). Portanto - e notem que isto não é contra os taxistas, mas apenas uma resposta ao comentário do colega do Moço - eis a sugestão do que o Moço deveria fazer ao entrar no Taxi, para não estar a "falar mal" ou melhorar o nível de educação e simpatia com que normalmente o meu rapaz já fala para os senhores taxistas que nos transportam. Partilho, porque talvez também andem a ser uns animais e pode ser-vos útil o guia de conversação.
"Muito boa tarde! Peço permissão para falar.
[permissão dada]
Estou aqui no aeroporto, lamento desde já por lhe ter entrado no táxi, sendo português, e ainda por cima sem bagagem. Gostaria de o compensar colocando o meu molho de chaves na bagageira, para que possa cobrar-me a taxa de bagagem.
[sai do táxi e vai colocar as chaves na bagageira]
Vou ali para Telheiras, mas sinta-se à vontade para ir via Barreiro, para ser mais aceitável para si o exercício de locomoção. Ah! Trouxe-lhe uma pequena lembrança de Paris, onde estive.
[passa-lhe um CD]
Aqui está um álbum best of do Art Sullivan. Caso goste, sinta-se à vontade para o pôr a tocar, em qualquer volume, durante o percurso. Mas não quero que se sinta limitado, oiça o que bem entender, ou vá a falar ao telemóvel - até lhe empresto o meu, se quiser, que tenho daqueles tarifários que não se paga mais.
[motorista prepara-se para arrancar]
Espere, espere.
[Moço tira um maço do bolso]
Tome aqui um cigarrinho para ir relaxado. Obrigada pela honra que me dá em ser seu passageiro e prometo a partir de agora falar apenas se quiser comentar a última jornada."
Todos os dias vejo por aí novas versões das princesas da Disney em artigos interessantíssimos e de importância maior partilhados no Facebook. A saber, coisas como:
As princesas da Disney desenhadas pelo Tim Burton
As princesas da Disney com corpo de mulher real
As princesas da Disney em zombies
As princesas da Disney sem maquilhagem
As princesas da Disney como personagens do Game of Thrones
Como estou cheia de medo que lhes comecem a faltar ideias, a estes autores/filósofos, sugiro mais alguns temas pertinentes para nos mostrarem como ficam Ariel, Bela, Aurora, Yasmin e companhia:
1. As princesas da Disney se fossem ao MacDonalds todos os dias
Com excedente de massa gorda e borbulhas na cara. Um bocadinho de alface ainda pendurado no cabelo e uma Cola XL na mão a ser sorvida.
2. As princesas da Disney se fossem fashion bloggers
Iam todas adotar os pauzinhos que a Mulan tem no cabelo para ajudar à sua nova dieta: sushi e sumos verdes. Super saradas, com franjas, cores e padrões da moda, iPad em punho e "pau de selfie" a sair da carteira Prada. Ou com o novo conjuntinho rosa choque da Adidas, prontas para a corrida matinal.
3. As princesas da Disney habitantes da Cova da Moura
A carteira deixa de ser Prada e passa a ser Frada. De lá saltita a arma favorita de cada uma: da adaga à soqueira. Os longos cabelos estão invariavelmente escondidos por capuzes.
4.As princesas da Disney com 37 anos e meio.
Já vi versões em novas, em velhas, com 42 anos, mas nunca esta simulação importantíssima em particular. Creio que é uma falha que está a inquietar gerações inteiras.
5. As princesas da Disney na fila do Pingo Doce com a promoção do 1 de Maio.
Como agem? Vão de fato de treino para a fila às cinco da manhã? Aposto que a Bela leva um livro para enfrentar a espera, a Yasmin vai de tapete para não apanhar trânsito e a Pocahontas é a primeira a puxar cabelos. A Cinderela talvez não vá, que tem de varrer a casa, mas não precisa porque é menina para guardar todos os talões de desconto - daquelas que recortam e têm bolsinhas para isso e depois vão ao supermercado consoante a semana de descontos, uma verdadeira fada do lar. Ou melhor, princesa do lar.
Jovem, já te deu a preguiça completa de fazer o jantar? A mim acontece-me numa base diária. Gosto muito de cozinhar e inventar, mas não é por obrigação. Claro que o que o jantar tem de se fazer na mesma. E pedir não é tão divertido como usar uma destas técnicas:
1. O Masterchef. Vamos fazer um jogo. Tens os ingredientes x e y. Tens de os usar no jantar e tens meia-hora. Surpreende-me.
2. A falta de apetite. Ai...só de pensar em comida acho que enjoo, estou mesmo sem fome. Acho que não janto, faz tu para ti. (sobra sempre)
3. O elogio. Quando fazes o jantar fica sempre tão bom! Até me babo só de pensar. És a/o melhor cozinheira/o de sempre...
4. A saudade. Amor, tenho tantas saudades daquela tua massa com atum. Hummm....Suponho que não terias paciência de a fazer agora?
5. A lesma. Demora tanto tempo (estou só acabar de arrumar umas coisas! sim, sim, sei que já estão a bater as 22h...) que alguém decide começar.
6. A carteira. Pagar para ir ao restaurante ou chamar a Telepizza é infalível. Fazem-nos sempre o jantar sem refilar.
7. A mãe. Quando tudo menos a preguiça nos falhar (inclusivamente a carteira), há sempre quem nos safe.
O Moço anuncia que ouviu uma música na rádio que descreve perfeitamente a nossa relação. Pus-me logo a pensar que balada romântica seria. Talvez uma versão moderna do clássico "She" ou uma música melosa do Bryan Adams. Qualquer coisa digna do Moulin Rouge. Ou uma música portuguesa de voz doce e poesia afinada - Rui Veloso?
Queria agradecer aos meus pais, ao meu agente (eu), e aos verduscos mais fofos cá do bairro que me atribuiram um Óscar do LOL pela minha obra relativamente ao síndrome do óculo ordinário. Deixo ainda uma palavra aos restantes vencedores - todos eles merecedores de puras gargalhadas, com textos sublimes a serem lidos. Tenho bastante certeza que não há Nobel da escrita que alguma vez possa ganhar que ultrapasse esta honra, quando ainda sou apenas uma desconhecida cidadã do mundo - muito embora tenham posto logo de lado a entregas de estatuetas, o que acaba por ser de mau gosto. Continuarei na luta pelo movimento #progargalhada e é bom ver assim reconhecidos os meus esforços.
E juro que, hoje em particular, estou vestida a rigor para a passadeira vermelha - as orelhinhas não me deixam mentir. Talvez não seja a fatiota mais apropriada para uma blogger premiada...mas quem manda escolher a menos in?...
Tanta alarido, manifestação, eventos de facebook, em prol dos bisontes roxos ou linces de pinta triangular (ou outros animais em vias de extinção) e ninguém vem em defesa do riso? Mais, da gargalhada!
Daquela que vem e fica tanto tempo que nos esquecemos o que era afinal tão engraçado. O riso que transborda em lágrimas de cascata e faz doer muito a barriga. Que começa estridente, pega com espasmos e acaba numa careta contraída e silenciosa. Que nos põe no chão a rebolar, mas nenhum ROFTL consegue transmitir. Que fica ali suspenso ainda durante uns minutos depois da última gargalhada e nos faz largar outra vez a rir com uma simples troca de olhar com um cúmplice de riso. Que faz o meu pai olhar para mim, muito sério, com ar "já chega, não"?
Avencemos com soluções, mobilizemos a população. Vamos abrir os sorrisos tímidos, converter as lábios caídos em curvas positivas, às vezes fingir alegria na esperança de nos contagiarmos - a nós e a outros. Vamos partilhar anedotas, imagens do (não) pescoço do Marco Horácio, o vídeo da queda aparatosa da tia Adelaide (que graças a Deus não se aleijou). Vamos rir por tudo e por nada em busca da gargalhada perfeita e profunda, prazer inexplicável, olhos brilhantes, caras feias, felicidade apesar de tudo, naquele momento puro e completo em que tudo mais se apaga.
Juntem-se a mim. Partilhai por esses blogs e facebooks afora a hashtag #progargalhada e provoquem-na. Proliferem-na. Empurre-na para a vida das pessoas. Não matem a gargalhada, ressuscitam-na, salvem-na. E aos bisontes roxos também, claro.